segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PINA - Um filme para Pina Bausch, de Win Wenders (Marcos Valério)

O filme tem previsão de lançamento em 2011 e está na programação do Festival de Berlin, que começa dia 10 de fevereiro.
As sutilezas e extravagâncias (tudo de bom) da cinematografia de Win Wenders está toda dedicada à expressar as divertidas e inusitadas, surpreendentes, peças da coreografia da grande Pina Bausch, ela que radicalizou a dança contemporânea com a teatralização das coreografias, quando o espetáculo ganha a força da expressão dos dramas humanos.
Win Wenders faz como que "cinematografar" o trabalho de Pina. As imagens compõe uma articulação dos bailarinos com paisagens naturais, urbanas e industriais da cidade de Wuppertal (onde está a Cia. de dança da Pina, infelizmente sem ela, que passou para o andar de cima em 2009), em cenas de tirar o fôlego, com perdão do lugar-comum, mas as cenas são ma-ra-vi-lho-sas... São lindas, dá vontade de rir, chorar, gargalhar, de pura satisfação e deleite estético.
E o filme é em 3D. Pois é, esse formato chega ao cinema"de arte" (asterisco, pois não acho este termo válido, é apenas funcionalidade mercadológica), ao cinema de amior expressão estética.
O 3D, creio, vem para se firmar como opção de exibição. O cinema sempre se "reinventa" (o 3D não é exatamente novidade). Como não é mais a exclusividade do entretenimento, tem que disputar seu público com a tv, os games, a internet, etc.
E com a contradição ululante da modernidade: a pirataria. Como o 3D ainda não é acessível ao camelô e à dona-de-casa, as salas de cinema detêm a exclusividade do assunto. Apesar de ainda caros, a "massificação" do formato faz seu preço cair, que faz aumentarem o número de salas. Em Vitória e Vila Velha já temos umas seis salas no formato. E creio que aumentará. Pois a produção também está sendo "dominada" pelo 3D.
Convenhamos: é uma experiência única. Assistir ao filme 3D é muito bom, quando o artista do outro lado da câmera sabe usá-lo. Recentemente vi "Enrolados", o último da Disney, que "sampleia" o conto da Rapunzel e é pensado de forma expressiva, quero dizer, os efeitos não são gratuitos, eles estão na medida em que têm função dramática.
Win Wenders, ao fazer Pina em 3D, leva a tecnologia para o campo do filme de elaboração estética de profundidade. E não está sozinho. Em Berlin, mais outros três filmes "de arte" estão em 3D. Win é defensor de que a tecnologia é a apropriada para o cinema documentário (uma decorrência da velha discussão sobre o cinema verdade, sobre a veracidade da imagem em relação à realidade que expressa: ela é a realidade, ou outra realidade?).
Entretanto, por enquanto, vejam o trailer em 2D e imaginem o que nos aguarda. Vamos aguardar a fita chegar aos cinemas ("fita" é jargão do pessoal da manipulação das oficinas das distribuidoras, gigantes galpões com uma imensidão de latas de fitas de filmes... fitas sendo revistas, fitas estragadas, fitas para todos os lados. E quase não existem mais. Hoje são carregados em HD's e, no caso de filmes 2D, como a programação digital do Cine Jardins, em prosaicos "pen-drivers").

O filme no Festival de Berlin 2011:
(http://www.berlinale.de/en/programm/berlinale_programm/datenblatt.php?film_id=20115613)

O trailer do filme (com comentários adicionais) em:
http://relatividade.wordpress.com/2011/01/30/pina-bausch-por-wim-wenders-em-3d-uma-homenagem-a-danca-contemporanea/
E o trailer no youtube (está em melhor qualidade):
http://www.youtube.com/watch?v=cXpFD7gi8R0

Texto enviado por Marcos Valério Guimarães.

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