quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

CRÔNICA DE DOMINGO NO MEIO DA SEMANA (Juca Magalhães)

Início de ano tem umas coisas que atentam nossa atenção, captam, capturam. O horário de verão é uma delas, não é ótimo tomar um puta sol no meio da cara às sete da noite? Tem um monte de gente que gosta. Sabe? Acho que a melhor definição para democracia é: quando você deixa as crianças escolherem o que vão comer. Os processos democráticos são perigosos - obviamente, as ditaduras são inaceitáveis - a maioria das pessoas precisa estar na superfície, onde criam estratégias para se alimentar, mas mergulhar atrás de pérolas... Talvez seja preciso algo realmente novo.

Me perguntava por que começou o Big Brother esse ano e ainda não tinha perdido o meu tempo, como diz Pedro Bial, dando uma “espiadinha”... Tanta coisa melhor pra “espiar”. Da mesma maneira não sei dizer bem a razão de ter acompanhado as duas últimas temporadas, não costumo ver televisão. Ontem acabei vendo, os dias de eliminação são os mais animados, é como um moderno sacrifício aos leões ou, novamente como disse o “apresentador de sorriso mastigado”: “Uma pequena morte”.

Já repararam no sorriso que o Bial tenta fazer para a câmera quando encerra a sua participação? Ele fala aquele monte de breguétes dele e no final olha para onde imagina estarmos sentados, morde as bochechas por dentro da boca, abre os lábios, aí por uma fresta podemos ver os seus dentes... Não sei não, mas se é isso o que ele parece entender como o sorriso mais naturalmente amigável de seu repertório, eu não gostaria de o ver forçando a barra.

Foi então que lembrei da temporada do ano passado, quando ficou claro que a grande maioria do público é preconceituosa e escolhe endeusar os mais arrogantes, os estúpidos, as lideranças agressivas. Talvez não o façam por acaso, afinal “vivemos na selva” e “é preciso matar um leão todos os dias”. As tribos escolhem os que têm uma melhor habilidade de mostrar força - mesmo quando truculência - e certeza, quando tantas existem e sempre existirão.

Ontem também vi o Senador Magno Malta num programa local da Band, adotando enfático esse discurso assertivamente agressivo. E, como bom cristão, justificava sua fala dizendo algo como “quem fala mole não é de confiança, o justo tem um discurso firme”. Afirmação plenamente comprovável, visto as coisas prodigiosas que conseguiu fazer o mais contundente orador do século passado, o conhecido Adolf Hitler. É companheiro, “temos que endurecer, porém sem perder a ternura jamais”.

Fico pensando o que outros cristãos têm a dizer de afirmações do gênero, afinal uma das frases mais famosas de Jesus é: “bem aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, porque herdarão a terra”. Enquanto isso o pastor cuida de ovelhas e não de lobos, estes sabem bem se defender. Uma das maiores questões sociais que vivemos é essa antropofagia, um é devorado pelo outro, e o maior problema é que todos são instigados a ser essa coisa e não aquela

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