segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mais de mil palhaços nos salões de luxo do Copacabana Palace e do Municipal

DANUZA LEÃO
O Carnaval sempre foi uma festa de alegria e animação, mas houve tempos em que também era luxo, muito luxo. Havia dois bailes de gala, aos quais todo o chamado society comparecia: no sábado, o do Copacabana Palace, e na segunda, o do Municipal.
Só era permitida a entrada com fantasias de luxo, claro, ou vestidos de baile -com direito a grandes arranjos de plumas na cabeça.
Os homens que não queriam se fantasiar podiam ir de smoking ou summer jacket, cuja diferença era o paletó ser branco. Os mais chiques eram feitos de palha de seda da Índia.
Antes do baile do Municipal, Jorginho Guinle abria os salões do seu luxuoso apartamento na Praia do Flamengo para um coquetel, onde odaliscas e colombinas se cruzavam tomando champanhe. E sempre havia uma grande estrela do cinema americano, convidada por Jorginho (que aproveitava e namorava todas elas): Ginger Rogers, Ann Miller, Ava Gardner, Jayne Mansfield, Elaine Stewart e Rita Hayworth foram algumas delas -além de Jack Nicholson e Roman Polanski.
Nessa época, o Rio recebia também pessoas da mais alta sociedade internacional, que vinham à cidade para participar da grande festa.
Na porta do baile ficava a turma do sereno, populares que iam ver a entrada da festa, aplaudindo as famosas e as fantasias mais bonitas; na entrada do Municipal havia uma grande passarela que cobria a Cinelândia, e a multidão era imensa.
Não dá para acreditar que, no nosso lindo Municipal, as cadeiras do teatro eram retiradas e as pessoas dançavam e sambavam a noite inteira, pondo em risco o patrimônio da cidade; um verdadeiro crime. Nas frisas e camarotes ficavam as mulheres mais bonitas, sentadas no balcão, aproveitando para mostrar as pernas (de fora), jogando serpentinas e confetes.
Era o tempo dos lança-perfumes (que eram permitidos), e alguns embebiam o lenço de lança e cheiravam, o que provocava uma semi-anestesia; desnecessário dizer que a bebida rolava solta.
Num determinado momento a orquestra parava, e numa passarela armada, havia o desfile de fantasias, um verdadeiro deslumbramento. Era uma noite no mínimo surreal, que acabava às 5h.
A saída era menos glamorosa: as pessoas cambaleavam, e a turma do sereno, que não arredava o pé e não perdoava, aproveitava para vaiar os ricos e famosos que mal conseguiam andar, de tanta bebida. Mas como era carnaval, ontem (como hoje), tudo era perdoado.

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