Previsão funciona bem quando é para o passado. O mundo de hoje seria inimaginável em 1921. A física quântica, responsável pela energia (e bomba) nuclear e por toda tecnologia digital moderna, estava engatinhando.
Quem poderia prever então que computadores seriam inventados, e que do Eniac de 1946 teríamos hoje iPhones, Google e Facebook?
Ou que teríamos pousado na Lua e enviado sondas aos confins do Sistema Solar?
Apesar disso, a ficção de hoje inspira a ciência de amanhã. Partindo dessa premissa, eis alguns dos sonhos tecnológicos atuais que, na minha opinião, serão realidade em 90 anos.
A combinação de tecnologias digitais com avanços na engenharia genética mudará nossa relação com a vida.
Examinando o genoma de um indivíduo, saberemos as doenças que poderão matá-lo. Isso está começando hoje e avançará muito.
A junção da genética com a medicina se solidificará. A maioria das formas de câncer será curável. Células-tronco serão parte do tratamento de inúmeras doenças. Criaremos animais híbridos. Talvez tenhamos máquinas para encomendar o gato ou o cachorro que quisermos, ou uma mistura dos dois.
Haverá debates sobre a ética de se criar novas espécies. A longevidade humana aumentará, talvez chegando a dobrar.
Ninguém fumará. Nanorrobôs desentupirão artérias e farão cirurgias locais. Pesquisadores proporão que possamos viver por centenas de anos, talvez mais de mil.
Discutiremos se a morte é uma doença curável.
Entenderemos como funciona o cérebro. Teremos implantes digitais nas nossas cabeças que transmitirão música, filmes, e funcionarão como videofones. Poderemos gravar nossos sonhos.
Filósofos discutirão se os dias estão contados, se essas máquinas são a próxima forma de vida. Teremos hotéis em órbita e na Lua. O aquecimento global terá redefinido o perfil dos continentes. Ainda não entenderemos porque é tão difícil ser feliz, mas teremos pílulas para isso.
MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita".
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