terça-feira, 8 de março de 2011

Homem moderno surgiu no sul da África/ Nasa afirma ter encontrado fóssil de vida "ET" em meteorito

Homem moderno surgiu no sul da África, diz estudo
Resultados do mapeamento genético de trabalho dos EUA condizem com achados arqueológicos anteriores

Pesquisadores dos EUA estudaram 580 mil sequências genéticas de 27 populações distintas do continente africano

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

Que o homem moderno, Homo sapiens, surgiu na África já é um razoável consenso entre os pesquisadores. Mas onde?
Um estudo do genoma, o conjunto do material genético, de 27 diferentes populações do continente indicou que o "berço" do homem moderno foi a África do Sul.
"Geralmente se acredita que os humanos modernos têm origem no leste da África, onde foram achados os crânios anatomicamente modernos mais antigos", afirmam os autores do estudo, publicado na revista "PNAS", coordenado por Brenna Henn, da Universidade Stanford, Califórnia.
Mas os genes contam outra história. Os pesquisadores analisaram mais de 580 mil sequências de material genético conhecidas como "polimorfismos de nucleotídeo simples", ou seja, variações no genoma.
Destaque especial foi dado à análise do DNA de seis populações de caçadores-coletores ainda existentes, duas de pigmeus da África Central, os Hadza e Sandawe da Tanzânia (leste da África) e duas de bosquímanos da África do Sul e Namíbia.
"Antes de 5.000 anos atrás, a maior parte da África subsaariana estava ocupada por uma coleção de populações de caçadores-coletores linguisticamente e culturalmente distintas", afirmam Henn e colegas.

DISPERSÃO
Desde então os grupos foram desaparecendo, assimilados por populações agropastoris ou se extinguiram.
Os Hadza, por exemplo, são hoje apenas cerca de mil indivíduos. Um estudo anterior indicou que os pigmeus da África central e seus vizinhos agropastoris divergiram de uma população comum há 60 mil anos.
"Os padrões observados são consistentes com a origem do ser humano moderno na África do Sul em vez da África do Leste,", concluíram os autores do estudo.
Usando um modelo complexo que inclui estatísticas de localização geográfica e variação gênica, eles estimam que um ponto de origem no sul é "de 300 a 1.000 vezes mais provável".
A dispersão geográfica dos humanos a partir do sul do continente é também consistente com achados arqueológicos de artefatos associados ao homem moderno.
Além disso, há indicações de que o clima no sul era mais acolhedor entre 60 mil e 70 mil anos atrás.


Caçar e coletar já foi melhor do que o cultivo

DE SÃO PAULO

A criação da agropecuária na pré-história foi um desenvolvimento tão impactante na história humana, que deixar de ser um caçador-coletor nômade para se tornar um agricultor sedentário sempre foi considerado melhor.
Mas o pesquisador Samuel Bowles, , do Instituto Santa Fé, EUA, e da Universidade de Siena, Itália, resolveu quantificar o retorno calórico das duas atividades comparado ao gasto energético delas.
A conclusão é que o cultivo de cereais pelos primeiros agricultores não era mais produtivo do que o forrageamento.
Ou seja, em vez de uma explicação "tecnológica", a passagem para a agricultura precisaria ser esclarecida por fatores sociais.
Não há dúvida de que a agricultura permite maior produtividade por espaço. Mas a produtividade do trabalho e o seu fruto são outra história, lembra Bowles.
Ele coletou dados de sociedades recentes que praticavam agricultura muito simples e de caçadores-coletores atuais, além de dados arqueológicos.
O resultado: os primeiros cultivares de cereais, iniciados há 12 mil anos, eram pouco produtivos. Já a dieta do caçador-coletor era mais variada e com maior teor de proteína. (RBN)


Agricultura primitiva resultava em dieta pobre em nutrientes

DE SÃO PAULO

Em vez de tornar a vida mais fácil com comida mais farta, a decisão de adotar a agricultura e a pecuária pode ter sido motivada por fatores populacionais e mesmo militares, argumenta o pesquisador Samuel Bowles, em um artigo também da "PNAS".
Há quem argumente que o processo de transição da caça e coleta para a agricultura tenha sido gradual.
Mas conforme os homens pré-históricos se dedicassem cada vez mais à agricultura, acabariam tendo uma queda da qualidade da dieta pela inferior produtividade da agricultura primitiva.
Ele argumenta com uma explicação evolutiva. "Mesmo que o estado de saúde e a estatura declinassem, a menor mobilidade dos agricultores diminuiria o custo da criação de crianças", diz.
O aumento da população também facilitaria o cultivo de maiores áreas.
E isso também estaria vinculado ao aumento de preparativos militares. A riqueza agrícola e pecuária pode ser estocada - e, logo, também pode ser saqueada por bandos armados.
"Isso pode ter induzido grupos de agricultores a investir mais pesadamente em armas e explorar suas maiores densidades populacionais, permitindo a eles invadir e eventualmente substituir grupos vizinhos", concluiu o pesquisador. (RBN)
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Nasa afirma ter encontrado fóssil de vida "ET" em meteorito
Cientistas, no entanto, têm criticado duramente a descoberta

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

A equipe de astrobiologia da Nasa está de novo chamando atenção da comunidade científica. Desta vez, um cientista diz ter encontrado evidências de bactérias extraterrestres fossilizadas em três meteoritos que atingiram a Terra.
A polêmica está em um artigo assinado pelo astrobiólogo da Nasa Richard Hoover, publicado na revista científica americana "Journal of Cosmology".
O estudo afirma que, durante uma análise da estrutura dos meteoritos, foram encontradas evidências de organismos similares às cianobactérias (que podem viver em condições extremas).
A característica desses organismos, no entanto, seria diferente das bactérias terrestres. Para o autor do trabalho, o tamanho e a composição química dos filamentos não condizem com o que existe aqui na Terra.
Hoover descartou a possibilidade de que as estruturas tenham sido contaminadas depois que os meteoritos caíram no planeta.
Para ele, a quantidade mínima de nitrogênio encontrada neles mostra que são fósseis realmente antigos.

CONTROVÉRSIA
O "Journal of Cosmology" recebeu duras críticas da comunidade científica, que alegou que a publicação não tem credibilidade -inclusive porque é independente e tem livre acesso na internet.
Cientistas também afirmaram que a pesquisa de Hoover não reuniu as evidências necessárias para comprovar suas afirmações.
Mas o editor do "Journal of Cosmology", o astrofísico Rudolph Schild, da Universidade de Harvard, rebateu as críticas recebidas.
Em um comunicado, ele chamou o trabalho de "muito importante" e disse ter convocado especialistas para que comentem o estudo.
"Convidamos cem especialistas que enviaram um convite a mais de 5.000 cientistas para revisarem o estudo e apresentarem suas análises críticas", disse.
De acordo com o astrobiólogo Douglas Galante, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, os resultados achados ainda são preliminares.
"O interessante é que a validação desses dados está sendo feita de maneira aberta à comunidade científica."
"Isso é bem diferente do que aconteceu quando a Nasa anunciou a descoberta da bactéria que substituiu o fósforo [um dos seis elementos essenciais à vida] pelo arsênio na sua composição", diz.
Essa pesquisa, publicada em dezembro de 2010, ainda tem recebido críticas

Nenhum comentário:

Postar um comentário