A divulgação dos dados de evolução da renda do Brasil pelo IBGE, bem como a base de dados do FMI, já permitem algumas conclusões definitivas a respeito do desempenho da economia brasileira (renda) durante o governo Lula (2003-10).
Primeira conclusão: fraco desempenho pelos padrões históricos do país
O crescimento médio anual do PIB real é de 4,5% no governo Lula. Mais especificamente, 3,5% em 2003-06 e 4,5% em 2007-10. Mesmo no segundo mandato, a taxa alcançada não supera a média secular do país (1890-2010, período republicano) (4,5%). Portanto, o desempenho do governo Lula é fraco pelos padrões históricos brasileiros. (ver Tabela 1)
Segunda conclusão: muito fraco desempenho quando comparado com outros presidentes
Desde a proclamação da república o país teve 29 presidentes (Vargas teve dois mandatos separados temporalmente). Neste conjunto, Lula ocupa a 19ª posição quanto ao crescimento da renda, ou seja, 18 outros presidentes tiveram melhor desempenho. Quando este conjunto é dividido em quatro grupos, Lula está no terceiro grupo. De outra forma, pode-se afirmar que Lula teve o 11º pior desempenho no conjunto dos mandatos presidenciais. (ver Tabela 2)
Terceira conclusão: retrocesso relativo
No período 2003-10 três indicadores merecem destaque.
O primeiro é a participação do Brasil no PIB mundial. Usando os dados de paridade de poder de compra, verifica-se que não houve alteração, A participação média do Brasil em 2001-02 manteve-se a mesma em 2009-10 (2,90%). (ver Tabela 3)
O segundo indicador é a posição relativa do Brasil no ranking da economia mundial quando se considera a taxa de variação real do PIB no período 2003-10. O Brasil ocupa a 96ª posição no painel de 181 países. Ou seja, dividindo este conjunto em quatro grupos, o Brasil está no terceiro grupo. O crescimento médio anual do PIB do país (4,0%) está abaixo da média (4,4%) e da mediana (4,2%) do painel mundial. (ver Tabela 4)
O terceiro indicador é o PIB (PPP) per capita. Este indicador de renda para o Brasil aumentou de US$ 7.457 em 2001-02 para US$ 10.894 em 2009-10. Entretanto, a posição do país no ranking mundial piorou. O país passou da 66ª posição para a 71ª posição. Ou seja, houve retrocesso relativo. (ver Tabela 5)
Quarta conclusão: país fortemente atingido pela crise global em 2009
A crise econômica de 2009 teve alcance global. O Brasil é um país marcado por forte vulnerabilidade externa estrutural. O passivo externo bruto ultrapassou US$ 1.292 bilhões em no final de 2010.No período 2003-10 houve reprimarização da economia brasileira, inclusive com significativo aumento do peso relativo das commodities nas exportações brasileiras. A maior participação do capital estrangeiro no aparelho produtivo também ocorreu no período em questão. A crescente liberalização financeira e o regime de câmbio flexível implicam maior instabilidade. O resultado é que a crise internacional atingiu fortemente o país em 2009. A queda do PIB real foi de 0,6%. No painel mundial o Brasil ocupa a 85ª posição. Dividindo este painel em quatro grupos, verifica-se que o país está no segundo grupo dos mais atingidos. Ademais, a frágil posição brasileira é evidente quando se leva em conta que a taxa média (simples) e a mediana de variação do PIB do painel é de 0,1% e 0,2% respectivamente. (ver Tabela 6)
Em síntese, durante o governo Lula a evolução da renda do Brasil caracterizou-se por:
1) fraco desempenho pelos padrões históricos do país
2) muito fraco desempenho quando comparado com outros presidentes
3) retrocesso relativo
4) país fortemente atingido pela crise global em 2009
* Reinaldo Gonçalves é economista e professor titular do Instituto de Economia da UFRJ. Artigo escrito no dia 3 março 2011. E-mail: reinaldogoncalves1@gmail.com
Confira a íntegra do artigo com as tabelas
http://www2.pps.org.br/temp/governo_lula_2003_2010_evolucao_da_renda_03_marco_2011.pdf
kkkk... pegou pesado... comparar com o ano de 1890 eh demais nao?
ResponderExcluirNão da para agradar a todos. Mas quem falou q Lula entendia de economia ou matemática financeira. Mas acredito que o resultado econômico da sua gestão virá mais no futuro, não?
ResponderExcluir