sábado, 26 de março de 2011

Má Companhia, da Cia. das Letras, relança autores que marcaram época

Coleção terá "malditos" de bolso a cada dois meses
Má Companhia, da Cia. das Letras, relança autores que marcaram época

"Tanto Faz & Abacaxi", de Reinaldo Moraes, e "O Invasor", escrito por Marçal Aquino, inauguram a coleção

DANIEL BENEVIDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Livros únicos, malditos, que marcaram época e depois sumiram." A definição do editor André Conti para a nova coleção da Companhia das Letras, a Má Companhia, dá uma boa noção do que vem por aí.
Em formato de bolso e com preços acessíveis, os "maus acompanhantes" devem ser lançados a cada dois meses.
Podem ser títulos cult como "Tanto Faz & Abacaxi", de Reinaldo Moraes, e "O Invasor", de Marçal Aquino, que inauguram a coleção. Ou clássicos "marginais", como os "Sonetos Luxuriosos", de Pietro Aretino.
A ideia surgiu num jantar com Luiz Schwarcz, dono da Companhia das Letras, e os autores Joca Reiners Terron e Marçal Aquino. Terron, cuja obra "Não Há Nada Lá" também deve ganhar a sedutora alcunha "má", teria sugerido o nome, meio brincando.
Schwarcz abraçou a causa. Não à toa, a Má Companhia tem semelhança com a coleção Cantadas Literárias, da Brasiliense, que o próprio Schwarcz ajudou a criar, no começo dos anos 80.
"Tanto Faz", de 1981, foi o segundo lançamento da Cantadas. História de "um Ulisses avacalhado que vive atrás de umas nereidas" na definição de Moraes, o livro marcou uma geração. Escatológico e confessional, teve as três primeiras edições esgotadas em pouco tempo.
Para a Má Companhia, o autor do recente "Pornopopeia" retocou alguns trechos.
"Não tirei nenhuma das bobagens arqueológicas de época, só fiz umas mudanças pontuais, para o texto fluir melhor", explica. "Me diverti muito relendo os livros de cara limpa, com o superego mais afiado."
Sobre a expectativa, diz: "Vai ter gente jurando que o escritor de "Abacaxi" copiou o "Pornonopoéia'".
Com "Tanto Faz" está a continuação, "Abacaxi", de 1985, em que Moraes mexeu mais: "Tinha muita encheção de linguiça, que atrasava o andamento". Trocou até o nome do protagonista, para não haver dúvida de que é o mesmo da obra de estreia.
Marçal Aquino conta que escreveu "O Invasor" cinco anos depois do roteiro do filme epônimo, mas "de outro ponto de vista narrativo".
Como a primeira edição, de 2002, está esgotada, acha "legal que as pessoas possam ter acesso de novo ao livro. É um policial puro-sangue, com um olhar sobre São Paulo de que gosto muito".
Questionado sobre a coleção, Aquino pondera: "São livros que têm em comum uma inquietação diferente".
Leitor daqueles que garimpam preciosidades, já tem várias sugestões para entrar no time, como os "contraculturais" Jamil Snege e João Batista Reimão.

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