domingo, 6 de março de 2011

CARNAVAL (Kleber Galveas)

CARNAVAL

Qualquer país é capaz de fazer e mandar um foguete a Marte, ou fabricar uma bomba atômica. Basta ter dinheiro e contratar alguns técnicos especializados ao redor do mundo. Um carnaval como o nosso não, nem com muita grana e a assessoria de brasileiros é possível fazê-lo em um lugar qualquer: “Mexer com gente é complicado”.

Estou falando do nosso carnaval de regozijo público, que provavelmente evoluiu das festas que na Grécia eram feitas em homenagem ao deus Dionísio, em Roma para Saturno e na Alemanha para Herta. Temperadas aqui com uma mistura originalmente de índios, negros e portugueses (todos brasileiros). Brincamos com alegria espontânea, identificável no povo, fantasiado ou não, de fácil observação em qualquer lugar do Brasil.

Durante o carnaval a Arte está mais na rua do que em outro lugar: em músicas, danças, roupas, performances, mas principalmente no espírito. Ao anunciar o beijo pedimos: “Não me leve a mal, hoje é carnaval”. Vivemos dias mágicos de comunhão, tolerância, criatividade e espontaneidade. Talvez o lapso mais cristão do ano. É um evento cultural fantástico que revela desenvolvimento humano extraordinário. A convivência que propicia entre cidadãos de origens diversas, inclusive estrangeiros, tem sido objeto de estudo e admiração, de nações desenvolvidas que vivem atormentadas com conflitos internos graves, que se aprofundam com o tempo, afastando as pessoas, criando guetos, reservas e muros.

Um espetacular desfile militar bem ensaiado, máquinas sofisticadas, construções monumentais e outras grandes realizações humanas, onde o povo é objeto e não sujeito parece menor, quando comparadas ao carnaval. O homem em liberdade é grandioso, uma multidão brincando: é formidável!

Conhecemos muito mais a intimidade da matéria (átomos) e astros celestes distantes milhões de anos luz, do que a nós mesmos. Embora esta seja a primeira proposição da filosofia. Motivar pessoas para a alegria é tarefa muito mais difícil do que levá-las à guerra ou a construírem pirâmides faraônicas. Atores dizem que é mais fácil sensibilizar a platéia representando um drama do que uma comédia. E que comédia divina é o nosso carnaval!

Kleber Galvêas – pintor Tel./Fax. 3244-7115 www.galveas.com ateliegalveas@uol.com.br fevereiro/2006
PS.: Kleber eencaminhou esse artigo com a informação queee foi publicado em 2004. O link remete para 2006. A data pouco importa. Merece ser republicado.

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