Estas eleições marcam um
"turning point" interessante neste que é o município mais populoso do
ES, detentor de economia industrializada e diversificada, mas onde as
características do atraso são similares (talvez até mais acentuadas se
comparada
com outros municipios da RMGV) às da maioria das cidades do interior do
estado. Falamos aqui não necessariamente da presença de atributos de
desigualdade socieconomica (via de regra sintetizados na perene figura
sociológica do latifúndio), mas do forte poder institucional de veto
detido por parte de familias oligárquicas tradicionais, particularmente
na Camara Municipal e outros órgãos de controle internos e externos. Por
seu gigantismo e por esta sintese de atributos do arcaico e do moderno,
do urbano e do rural, a Serra tende a ser o pivo geopolítico do ES.
A derrocada iminente do Vidigalismo manifesta em altos índices de rejeição, em denúncias de corrupção e improbidade administrativa e de desaprovação da gestão atual (que aparentemente só pode ser evitada por intervenção direta do Hartunguismo e à custa de sua própria subalternização no cenário politico, transformando-se em mera faceta deste último) é precipitada por forças que anteriormente lhe emprestavam sustentação, a saber a coalizão PSB/PT, hoje detentora do governo estadual. A isto assomasse a emergencia da liderança de Professor Renato Andrade (PSOL), outrora candidato ao Senado, o que faz desta cidade a base politica de uma firme, novissima, moderna e enraizada força representativa, a contrastar e a rivalizar com as demais que ocuparam e até agora preenchem as cadeiras reservadas ao ES na Camara Alta do Congresso Nacional (referimo-nos a Camata, Magno Malta, Ferraço).
A chegada das esquerdas ao poder no maior municipio da RMGV - o último neste sentido se consideradas experiencias já conhecidas em Vila Velha, Vitória, Cariacica e Viana, e já em curso em outras municipalidades de peso como Cachoeiro, Colatina, Linhares e outras - praticamente transforma o cenário politico regional e pode ensinar muita coisa às elites regionais em termos de alianças e politica pública.
Há que aumentarem as pressões de centro, da direita e da esquerda contra esta quase hegemonia politica no contexto estadual. E mais do que nunca, a dependencia de recursos do Governo Federal (tendo em vista o fim do FUndap e as crescentes externalidades negativas da criminalidade urbana e do inchaço estimulado pelo ciclo do petróleo) tende a ser crucial no desempenho e nas estratégias.
Nota: esse texto foi postado por JR como comentário ao artigo "E a eleição da Serra é de Audifax", postado nesse blog. Acredito que mais que comentário, o texto merece uma postagem como artigo independente.
Para quem quizer ler o artigo "E a eleição da Serra é de Audifax" basta procurar no indíce a direita da página ou digitar o endereço do blog robertobeling.blogspot.com (RB)
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