Baixou o espírito de Pantaleão no Deputado Paulinho da Força Sindical. Ainda atordoado com as explosões de revolta dos trabalhadores nos canteiros das obras do PAC saiu com essa pérola: "Como é que bota na selva amazônica centenas de homens sem mulher? Era preciso ter bordéis nos canteiros de obras".
Dias atrás falei que as condições de vida e trabalho dos peões de Jirau e outras obras do PAC lembravam a odisséia da construção da Estrada Madeira-Mamoré, fantásticamente recuperada no romance de Marcio de Souza e na minissérie da Globo em cima desse livro.
Nas obras das usinas de Jirau e Santo Antônio, ambas no rio Madeira, em Rondônia, as rebeliões inicialmente tiveram por causa os maus tratos por parte dos seguranças e motoristas de empresas de transporte. Depois apareceu o papel dos "Gatos", figura de intermediador de contratação de mão de obra (o SINE ainda não deu as caras por lá) e indicativo de condições de superexploração de mão-de-obra.
Volta a memória os antigos instrumentos de subordinação do Trabalho na Floresta e nos antigos engenhos do Nordeste quando os trabalhadores ficavam reféns de dívidas dos célebres barracões, fora do alcance de qualquer legislação social ou trabalhista. Pelo jeito, o Ministério do Trabalho, criado nos anos 30, ainda não chegou lá. Do que cuida o Ministro Lupi?
Falei tudo isso porque outro comentário havia me reportado as lembranças da literatura sobre a Madeira-Mamoré. Pois agora, o duble de deputado e sindicalista me levou para o realismo-fantástico de "Pantaleão e as Visitadoras" de Mario Vargas Losa. Ali, um aplicado oficial do Exército Peruano, face as carencias sexuais dos soldados isolados na selva, organiza um sistema de "visitadoras' que se torna a maior marca de eficiência da burocracia militar. A realidade insiste em imitar a arte.
(das notas publicada no facebook - robertobeling@gmail.com)
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