Um amplo aparato de segurança poderia evitar a improvável presença de um "serial killer" nos colégios, mas prejudicaria todo o ambiente escolar, afirma o doutor em psicologia escolar Sergio Kodato, da USP de Ribeirão Preto. (FÁBIO TAKAHASHI)
Folha - Vemos hoje clamor por mais segurança nas escolas. Como o sr. avalia isso?
Sergio Kodato - Detector de metal, revista de alunos e câmera são coisas que alimentam o imaginário do medo. É preciso deixar claro que o que aconteceu no Rio não pode ser caracterizado como violência escolar, pois não foi violência inerente ao cotidiano da escola. Foi um caso de indivíduo com transtornos mentais, que existem nos mais diferentes contextos.
Mas, imaginando uma situação extrema, em que houvesse policiais em todas as escolas, detectores de metal e câmeras, a violência não cairia?
São medidas que evitariam a entrada de um "serial killer", o que é uma coisa totalmente improvável, e acabaria com o clima da escola. Os alunos se sentiriam como presidiários. Equipamentos assim podem ser interessantes apenas para colégios mais vulneráveis.
Os colégios precisam se preocupar não só com os baderneiros mas também com os reclusos. Deveria haver orientadores que pudessem conversar com esses jovens. Vítimas de abandono e de bullying precisam ser ouvidas e ajudadas. Senão, poderão tentar uma vingança.
E, se os pais estão preocupados, eles podem ajudar, se envolvendo mais com o cotidiano escolar dos seus filhos.
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