sexta-feira, 8 de abril de 2011

Alô, alô Realengo, aquele abraço

Realengo entrou para o mapa do Brasil com Gilberto Gil cantando "alô, alô Realengo, aquele abraço". A zona oeste era uma eterna esquecida, acho que nem o samba ou os velhos sambistas encontravam motivos para celebrar aquele Rio "profundo" e desconhecido.
Gil, baiano, mas mimetizado em classe média carioca, com toda certeza vivia um Rio de Janeiro, que naqueles idos, não ia além das fronteiras do mitificado bairro de Ipanema (por obra e graça do pessoal do também mitológico Pasquim).
Realengo entra na vida de Gil porque ali localizava-se o quartel onde ficou preso logo após a edição do AI-5 e estação de passagem para um exílio sofrido em Londres. Realengo era a experiência cortante das humilhações e mau-tratos pelos quais passou junto com Caetano.
Realengo era apenas uma citação em um samba-exaltação, agora é uma ferida aberta, que por muitos anos sangrará no coração desse país chamado Brasil.
Roberto Beling

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