Morreu Ravel da dupla Dom e Ravel. A dupla foi a versão Conde Afonso Celso dos pobres (Porque me ufano de meu país). Era uma versão musical brega do ufanismo do Brasil Grande do Regime Militar.
Nós, da esquerda da época, os odiavamos; o povo, os amava.
Fizeram imenso sucesso, venderam muitos discos e se tornaram os menestreis da ditadura. Era o brega político.
Médici era o presidente mais popular da história do Brasil. Enquanto a tortura corria solta no submundo da ditadura, radinho de pilha no ouvido, torcia pela Flamengo no Maracanã e recebia a dupla no Palácio do Planalto.
Já em 1969, Dom e Ravel aconteceram com a canção "Você também é responsável", transformada, dois anos depois, pelo ex-ministro da Educação, Jarbas Passarinho, no hino do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral).
Mas seria na virada dos anos 1970 que atingiriam seu maior sucesso,com a composição "Eu te amo meu Brasil", gravada pelo conjunto Os Incríveis.
No diapasão do ufanismo do regime ainda cometeram coisas como "Animais irracionais", "Só o amor constrói" e "Obrigado ao homem do campo".
Nos anos 70, no bojo do "Milagre brasileiro", o país delirante de felicidade cantava "Eu te amo meu Brasil":
(ouça o vídeo abaixo)
As praias do Brasil ensolaradas
O chão onde o país se elevou
A mão de Deus abençoou
Mulher que nasce aqui
Tem muito mais valor
O céu do meu Brasil tem mais estrelas
O sol do meu país mais esplendor
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras
Vou plantar amor
Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Meu coração é verde,amarelo,branco,azul,anil
Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil
As tardes do Brasil são mais douradas
Mulatas brotam cheias de calor
A mão de Deus abençoou
Eu vou ficar aqui
Porque existe amor
No carnaval os povos querem vê-las
No colossal desfile multicor
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras
Vou plantar amor
Adoro meu Brasil de madrugada
Na hora em que estou com meu amor
A mão de Deus abençoou
A minha amada vai comigo aonde eu for
As noites do Brasil, tem mais beleza
A hora chora de tristeza e dor
Porque a natureza sopra e ela vai-se embora
Enquanto eu planto o amor
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