sábado, 18 de dezembro de 2010

SOBRE LEZAMA LIMA (Vários)

Declaração de amor à ilha na tela

Referências cinematográficas – implícitas ou explícitas – à obra do ficcionista renovam o interesse por sua literatura
Luiz Zanin Oricchio – O Estado de S.Paulo

No maior sucesso internacional do cinema cubano – Morango e Chocolate (1993), de Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabio -, Lezama Lima é uma espécie de figura tutelar. Não que algum ator apareça para interpretá-lo. Mas, quem conhece sua obra, e também alguma coisa de sua vida, sabe que o autor de Paradiso está entranhado em cada uma das entrelinhas do filme, além de ser citado de maneira explícita em mais de uma ocasião. Faz parte do seu DNA mais íntimo, de tal forma que nem mesmo seria preciso nomeá-lo para que estivesse em toda parte.

Para quem não se lembra do filme, uma pequena sinopse. Diego (Jorge Perugorría) é um homossexual sofisticado que se apaixona por um jovem, David (Vladimir Cruz), inculto e fervoroso revolucionário. Os dois se conhecem numa famosa sorveteria de Havana, a Copelia. Tomam sorvetes; Diego, de morango, David, de chocolate. Desde o início, Diego está obviamente interessado em David e consegue levá-lo à sua casa. Uma terceira personagem, a ex-prostituta, Nancy (Mirta Ibarra), serve de intermediária entre os dois. Ela é problemática, já tentou o suicídio mais de uma vez e é amiga íntima de Diego. Terá também papel importante na vida de David. O filme é baseado no conto de Senel Paz – O Lobo, o Bosque e o Homem Novo.

Não é difícil ver em Diego uma persona bastante próxima de Lezama. Homossexual, sofisticado ao extremo, de gostos refinados em todas as áreas, incluindo a culinária, ele, como tantos outros intelectuais, sofreu para se adaptar a uma revolução que tinha muitas carências e outras prioridades. Diego, como Lezama Lima, é um admirador fervoroso da cultura cubana pré-revolucionária e essa admiração se expressa em um banquete que prepara em homenagem a David. A passagem é uma citação literal de Paradiso, o “banquete lezâmico” que, por sua vez, evoca uma prática da vida real do escritor que costumava brindar seus amigos com pratos refinados da culinária da ilha. As associações entre comida, sedução e sexo também são óbvias. Mas o que salta à vista é o desejo do intelectual de iniciar o discípulo na arte do “mestre”, ou seja, Lezama Lima, ele próprio, que aparece num retrato na parede da sala de visitas de Diego.

Também parece claro que a própria trajetória de Lezama Lima tenha fornecido a Alea um modelo que lhe serve para tratar o dilema do intelectual cubano. Ele próprio, Alea, como Lezama, e como o fictício Diego, não são “contrarrevolucionários” no sentido mais simplório do termo. Não desejam emigrar para Miami e ir às compras. Amam a ilha e sua cultura, têm identificação profunda com o país, mas não podem deixar de criticar o regime naquilo que ele tem de mais odioso: a carência material, a ausência de liberdade de expressão, a burocratização estéril da vida social, o poder que se espalha pelas frestas e desce do comandante en jefe aos Comitês de Defesa da Revolução, que controlam a gente comum 24 horas por dia. Não por acaso, o pretexto para que David frequente a casa de Diego será mantê-lo sob vigilância para ver se representa ameaça ao regime.

Não é a primeira vez que Alea discute a perplexidade do intelectual diante da revolução. Já o fizera em sua obra-prima, Memórias do Subdesenvolvimento (1968). Sérgio (Sergio Corrieri) vive, no calor da hora, as contradições da revolução de Che, Camilo e Fidel. Sua mulher escapa para os EUA. Ele fica. Nem por isso acredita muito nas transformações anunciadas. Sente-se um estranho naquele mundo, porém não tem ânimo para partir. É um homem dividido e termina na mais completa alienação. Em Morango e Chocolate, Alea avança no tempo. Situa o enredo nos anos 1980 e introduz a questão da intolerância sexual. A sua busca é por uma Cuba unificada e pacificada, que inclua as conquistas da revolução em um ambiente de tolerância social e liberdade. Talvez seja uma utopia. Em todo caso, a grandeza do filme está na formulação desse ideal, pelo menos no âmbito restrito da relação entre dois seres humanos. Não por acaso a figura de Lezama aparece como espécie de contraluz a colocar em relevo essa trabalhosa realização utópica.

Em Paradiso, quem prepara e serve o banquete cubano é Doña Augusta, representante da antiga cultura da ilha e figura decalcada da avó do autor. Essa cena literária é transfigurada por Alea & Tabio no almoço que Diego serve ao amigo David para apresentá-lo à figura de Lezama. Esse almoço tem mesmo uma posição estratégica na narrativa de Lezama Lima, tanto assim que é uma das três partes de El Viajero Inmóvil (O Viajante Imóvel, 2008), livre adaptação que o diretor cubano Tomás Piard fez da obra-prima do escritor.

Alguns livros como Ulisses, Em Busca do Tempo Perdido e Paradiso têm sido considerados “inadaptáveis” para cinema. Não apenas por sua extensão, mas pelo trabalho intensivo da forma literária. Por sorte, alguns cineastas como Joseph Strick (Ulisses, 1966), Volker Schlöndorff (Um Amor de Swann, 1984), Raul Ruiz (O Tempo Redescoberto, 1999) e agora Tomás Piard não foram avisados dessa impossibilidade e tentaram. Qualquer que seja o julgamento sobre resultado, são exercícios úteis, e corajosos. Quando menos, despertam no espectador o desejo de ir ao livro e conferir no original a versão que viu na tela.N

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Fora de catálogo no mercado brasileiro, o cubano José Lezama Lima foi central para iniciantes de sua terra natal, nos anos 80
Raquel Cozer – O Estado de S.Paulo

É simbólico que, numa busca por livros de José Lezama Lima pelas principais livrarias online do Brasil, os únicos exemplares disponíveis sejam importados. Editado em pequenas doses por aqui a partir da década de 80 – quando sua obra foi liberada também em Cuba, após as dificuldades inicialmente impostas pela Revolução -, o autor desapareceu das prateleiras nacionais sem chamar a atenção. O mais importante título, Paradiso, saiu em 1987, pela Brasiliense, que no ano seguinte pôs nas livrarias os ensaios de A Expressão Americana. Em 1993, foi a vez do volume de contos Fugados (Iluminuras) e, em 1996, de A Dignidade da Poesia (Ática), ambos vertidos por Josely Vianna Baptista, tradutora também de Paradiso.

“Lezama nunca foi um escritor de multidões”, resume a professora Irlemar Chiampi, que verteu A Expressão Americana. “Ele é um escritor que influencia outros escritores, que vai às profundezas das referências culturais e poéticas da palavra.” Não à toa, um de seus maiores entusiastas em território nacional foi Haroldo de Campos, o “mais barroco” dos concretistas – e que, em carta a Octavio Paz, em 12 de julho de 1978, chegou a anunciar um projeto, nunca levado a cabo, de um livro dedicado ao cubano.

Há cinco anos na Alemanha, como residente do Programa de Escritores no Exílio do P.E.N. Center, o cubano Amir Valle, de 43 anos, hoje “se atreve a assegurar” que a obra de Lezama é mais conhecida fora de Cuba do que na ilha. “Em todos os países que visitei, me chamou a atenção ver como escritores e acadêmicos mencionam apenas cinco nomes quando se trata de clássicos cubanos: Reinaldo Arenas, Cabrera Infante, Virgilio Piñera, Alejo Carpentier e Lezama Lima.” Valle coloca os três últimos como os mais comentados ainda hoje entre os jovens de sua terra natal, mas faz a ressalva: “Para ser franco, Lezama influenciou um grupo muito pequeno de escritores cubanos. Posso dizer que há mais autores que apenas dizem tê-lo lido do que aqueles que de fato o leram.” Nos anos 90, conta o autor, chegou a ser moda na ilha escrever num estilo “lezamiano, enredado”. “Por sorte, isso durou pouco. De todo modo, ele segue sendo lido. É um clássico de nossas letras e isso faz dele leitura imprescindível.”

Valle faz parte de uma geração que, quando começou a escrever, no início da década de 80, já tinha acesso a livros de Lezama, um dos autores que mais haviam sofrido as intolerâncias iniciais da revolução. “Hoje se tenta esconder uma verdade: Lezama foi marginalizado e censurado por um governo que o acusou de não integrado, de autor de elite, mas também por escritores que depois foram para o exílio. A revolução não pôde esmagá-lo porque já era respeitado no mundo todo, mas o cercou de muitas maneiras”, conta. Depois de sua morte, em 1976, o governo promoveu uma espécie de resgate de sua figura, mas “reescrevendo a história triste de um homem que nunca quis se exilar e morreu no ostracismo”. É uma versão cheia de “buracos negros”, segundo Valle. “Durante os anos 80, nos quiseram enfiar Lezama por todo lado, reeditaram seus livros, permitiram a publicação de ensaios sobre sua obra – desde que não se fizesse referência à censura que ela havia sofrido. Isso marcou muito os escritores de nossa geração.”

Diretor da editora Letras Cubanas, o poeta Rogelio Riverón, de 46 anos, foi um desses autores que conheceu Lezama ao mesmo tempo em que descobriu a literatura. “A obra dele não podia ser ignorada nem por aqueles que tentavam fazer isso”, recorda. Por ocasião do centenário de nascimento do poeta, a casa dirigida por Riverón publicou as Obras Completas do veterano, além de uma antologia com imagens inéditas. A efeméride levou ainda a União de Escritores e Artistas de Cuba (Uneac) a realizar, desde fevereiro até o fim deste ano, celebrações que incluem palestras, lançamentos de livros e exibições de filme.

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18/12/2010 - O paraíso invertido de Lezama Lima

O autor de Paradiso, cujo centenário de nascimento transcorre amanhã, explorou nesse romance a estética barroca, criando um mundo onde o que importa são apenas as imagens poéticas
Carlos Granés – O Estado de S.Paulo

A poesia é o paraíso da linguagem. Essa foi uma definição de Paul Valéry, mas também poderia ter saído da pena de José Lezama Lima (1910-1976). O escritor cubano prestou uma homenagem àquela frase com uma obra literária que se fundamenta exatamente nela, criando um mundo à parte, paradisíaco, onde a linguagem é soberana e o escritor tem absoluta liberdade para fazer experiências com as palavras. Embora Lezama Lima seja principalmente um poeta, o apogeu e a síntese do seu mundo é Paradiso, um extraordinário romance no qual trabalhou lentamente, desde o fim dos anos 40 até meados dos 60, pondo em prática sua estética barroca e a sua maior ambição: criar um sistema poético do mundo, onde os atos humanos, as reflexões pessoais, as ideias ou a lógica causal não importam, o que conta são apenas as imagens poéticas.

E é essa sucessão de imagens que faz de Paradiso uma das experiências literárias mais fabulosas e difíceis. Difícil porque as metáforas corroem a realidade até que ela desaparece, deixando-nos à deriva num oceano de palavras que não têm nada a ver com o mundo factual. E é fabulosa porque, ao mesmo tempo que nos sentimos à deriva, navegamos, imperceptivelmente, num universo novo, alheio à racionalidade e à causalidade, guiado pelo que Lezama Lima chamou de “incondicional poético”, repleto de sensações e efeitos resplandecentes produzidos pela pirotecnia verbal. Esta enorme construção barroca, formada de metáforas, analogias, semelhanças e hipérboles que nascem umas das outras, que se reproduzem, se ramificam e se elevam até explodir como bolhas de sabão, situa-se numa zona onde as ferramentas da razão são de pouca utilidade. Em Paradiso predominam os ecos, as labaredas visuais e as impressões olfativas, como se os personagens, em vez de refletir e agir, vivessem em estado de transe, entregues ao ato de sentir e interpretar suas experiências à luz da cultura universal.

Embora a trama de Paradiso não seja o ponto mais relevante, vale a pena recordá-lo. O romance conta como surgiu a vocação poética de José Cemí, um menino asmático que encarna a própria experiência pessoal de Lezama Lima. O fato mais significativo da sua infância é a morte do pai, o Coronel José Eugenio Cemí, que se encontrava numa missão no acampamento de Forth Barrancas, em Pensacola. A partir desse dia, José Cemí submerge no mundo materno e ali, lentamente, começa a descobrir sua paixão pela literatura. À medida que cresce, esse processo é acompanhado por seus dois amigos, Foción e Fronesis, e por um personagem enigmático, com pouca presença no romance, chamado Oppiano Licario. O Coronel conheceu Oppiano Licario no hospital e, antes de morrer, pediu-lhe que ensinasse a seu filho tudo o que aprendera nas suas viagens, leituras e sofrimentos. Licario cumpre a tarefa de modo indireto, inspirando José Cemí a distância, atuando como mentor e guia espiritual. No fim do romance vamos encontrar um José Cemí maduro, totalmente consciente da sua paixão pela poesia e preparado para escrever seus primeiros versos.

O que surpreende é que a história transcorre desde fins do século 19 até meados da década de 30, mas há poucos comentários sobre a situação política e social de Cuba. O que há são breves referências às lutas de independência contra a Espanha e as revoltas estudantis de 1930 para derrubar o ditador Gerardo Machado, e aí se esgotam os eventos históricos. Em compensação, Lezama Lima concentra-se na vida cotidiana e nas aventuras da família Olaya. Toda a experiência dos personagens é transfigurada pela analogia fantasiosa. Lezama Lima enaltece com a metáfora cada ato, desde o mais simples ao mais complexo, transformando a vida dos seus personagens em grandes realizações poéticas. Em Paradiso, o Coronel não tem sonhos: suas pálpebras se fecham “sob o peso de anêmonas soníferas”. A pena usada por Fibo não é um simples instrumento para escrever, mas “uma aberração satânica do barroco carcerário”. Quando Mela resolve alguma situação, “é como um esquadrão de aqueus que passa ululando para os navios de proas de cobre”.

O conhecimento, a cultura universal, os mitos, heróis e as conquistas artísticas de todas as civilizações, desde a inca até a grega, desde a hindu até a asiática, se mesclam com a tradição crioula e a gíria popular cubana para encher o espaço narrativo. A vida cotidiana adquire uma dimensão lírica, enobrecida pelo símile e a referência ao mito homérico, ao registro erudito e à imagem surrealista. Lezama Lima revolve toda a experiência cubana, embelezando-a com o enorme conhecimento que acumulou ao longo dos anos. Como Borges, ele leu muito e viveu pouco. Foi um “peregrino imóvel”, que durante a vida adulta saiu de Cuba apenas duas vezes, para o México e a Jamaica, e por poucos dias. Contudo, o mundo todo está em Paradiso. Através dos livros o autor impregnou-se de todo conhecimento humano e com esse material quis criar uma imagem mítica de Cuba, em que se fundem o regionalismo crioulo e a onisciência universal, o falatório da vizinhança e a epopeia homérica.

Anjos caídos. Nesse sentido, o paraíso de Lezama Lima é bem diferente do jardim do Éden do mito judaico-cristão. Poderíamos dizer, até, que o seu é um paraíso invertido. José Cemí e os demais personagens, longe de viver num estado de inocência primitiva, respiram um ar carregado de sexualidade e conhecimento. Há uma imagem, no início do terceiro capítulo, em que ele recria a cena mítica do roubo do fruto proibido. Rialta, a mãe de José Cemí, desliza pelos galhos de uma árvore para arrancar um punhado de nozes. Diferentemente do que ocorre no Éden, ninguém é expulso deste Paradiso. Fronesis e Foción são iniciados no conhecimento e no sexo. Vivem uma delicada existência consagrada a deslindar os diálogos de Platão e decifrar os enigmas da sua sexualidade, o primeiro com uma mulher, o segundo com um homem. Ambos são os novos anjos caídos que não têm motivo para se rebelar porque, neste paraíso, as suas inclinação não são um vício, mas uma virtude.

O paraíso invertido de Lezama Lima assemelha-se ao Jardim das Delícias, de El Bosco, e por isso elementos fantásticos penetram nele, como o enorme falo rodeado de damas romanas que desfila entre os estudantes rebelados, ou o crítico musical de 114 anos que permanece adormecido e exposto em uma urna de cristal durante meio século. Neste paraíso também existe morte, perdas, doenças, inconformismo e sofrimento, mas não pecado. Todas as paixões de Lezama Lima – o amor pelo conhecimento, a homossexualidade, a vocação poética – são lícitas. O poeta aproveitou seu talento e esforço para corrigir as falhas do paraíso original e moldá-lo à sua própria visão da terra prometida. Lezama Lima estava convencido de que a poesia tinha o poder de substituir a história. Em La Expresión Americana, um dos seus livros de ensaios, ele afirma que são as imagens poéticas, não a tumultuada experiência de épocas passadas, que sobrevivem ao tempo. Dos etruscos, carolíngios ou bretões o que nos chegou foram a sua imaginação, as metáforas e sínteses que fizeram da sua experiência e que acabaram por se impor à realidade histórica. Paradiso foi escrito com o mesmo objetivo: negar a realidade e a história e contrapor a elas uma imagem mítica de Cuba, onde a única preocupação dos seus habitantes é o conhecimento e as musas, onde o herói é o poeta e a sua vocação, onde a experiência mais simples e cotidiana é realçada pela magia da analogia.

Passaram-se 44 anos desde que Paradiso foi publicado e 100 anos desde o nascimento do poeta. É muito cedo para afirmar que a imagem criada por Lezama Lima substituiu a de uma Cuba real. Talvez pedir a um romance uma tal façanha seja demasiado. O que não há dúvida é que o esforço titânico de Lezama Lima resultou num dos romances mais pessoais e audaciosos da literatura hispano-americana, onde o centro do mundo é Cuba e toda a história e a cultura universal se convertem num ornamento para transformar a existência em poesia. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

CARLOS GRANÉS É DOUTOR EM ANTROPOLOGIA SOCIAL PELA UNIVERSIDADE COMPLUTENSE

DE MADRI, AUTOR DE LA REVANCHA DE LA IMAGINACIÓN – ANTROPOLOGÍA DE LOS

PROCESOS CREATIVOS: MARIO VARGAS LLOSA Y JOSÉ ALEJANDRO RESTREPO (CONSEJO

SUPERIOR DE INVESTIGACIONES CIENTIFICAS DE MADRID) E ORGANIZADOR DE SABRES &

UTOPIAS – VISÕES DA AMÉRICA LATINA (EDITORA OBJETIVA)

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