Fazendo um trocadilho com “Delicidade”, o novo DVD de Amaro Lima que - aliás, foi lançado sábado passado com grande sucesso – fiz menção nada honrosa ao dito “Vitória é uma delícia”... E depois fiquei naquela me perguntando “de quem é essa frase mesmo?” “Viver é Ver Vitória”, salvo engano, é de Cacau Monjardim. “Existem certas ocasiões em que Vitória é uma derrota”, eu escrevi numa outra edição mais pessimista de mim mesmo... A solução chegou pelo correio na semana passada.
O Departamento de Imprensa Oficial, em parceria com a SECULT, está publicando uma revista de cultura bimensal intitulada “Caderno D” e o amigo Erlon Paschoal, atual Sub-Secretário de Estado da Cultura, teve a gentileza de remeter um exemplar para a redação da Letra Elektrônica. Curiosamente na última edição do caderno Pensar de A Gazeta inicio o texto fazendo menção à pesquisa do Instituto Futura sobre a percepção da cultura que têm os moradores da Grande Vitória e que veio como tema de capa dessa terceira edição do Caderno do DIO.
A falta de opções para divulgação - e conseqüente promoção - de eventos culturais é assunto de discussão nas redes sociais ultimamente. Ontem mesmo vi um tópico desses postado pelo “Coroné” Reginaldo Secundo no Facebook que gerou um número grande de respostas e comentários até agressivos, porque os jornais da capital, que lutam por um espaço muito específico, já de algum tempo para cá adotaram uma linha editorial voltada quase que exclusivamente para o universo dos “famosos” e dos fatos escabrosos, deixando de lado os eventos culturais de alcance especificamente locais.
Nesse calor surgem então os cadernos de cultura com publicações espaçadas, o que infelizmente as desconecta, em muitos casos, do que está acontecendo no sentido imediato de produção e da conseqüente formação de público. Uma das críticas que vi serem feitas e que é fácil de resolver é que nenhum dos dois periódicos traz uma agenda cultural. Essa é uma iniciativa que pode ser interessante para resolver essa questão da falta de uma ligação entre os assuntos abordados e os eventos de produção cultural local mais significativos que acontecem com freqüência.
A crítica atual aos jornais é que não têm o que se ler e que as notícias se repetem na televisão e na Internet, por sinal, com muito mais velocidade. Essa lacuna os cadernos de cultura que surgem em suas primeiras edições estão em busca de suprir com textos interessantes, como o de Mara Coradello que nos remete ao início deste. No Caderno D a escritora publicou o texto “Carmélia esteve aqui em casa” e mencionou que a frase “Vitória é uma Delícia” era coisa da “Felia”. Na época dessa grande cronista, conhecida hoje por poucos, os textos autorais eram muito mais comuns.
Eu sei que posso estar errado, mas tenho o sentimento de que os “jornais de papel” - ao invés de “baixar o nível da discussão” e tentar concorrer com a Internet e a Televisão - deveriam, já que são impressos, investir no público que lê. Diferencial que bem pode ser o resgate daqueles mesmos valores de pertencimento intelectual abandonados, ou que talvez nunca tenham sido realmente abordados por aqui: a análise da obra de um autor local, a valorização quando merecida, a crítica honestamente construtiva e a consequente elaboração de uma melhor percepção da produção cultural local. Para o bem ou para o mal...
Na hora de pensar, pensar. Na hora de escrever, escrever. E na hora de ler... Pernas pra cima que ninguém é de ferro!
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