A mim interessa que dê certo. Por que? Vou contar uma historinha para responder. Logo que Dilma foi reeleita eu falei para algumas pessoas próximas: "o governo Dilma vai sangrar por 4 anos e o Brasil com ela, porque a campanha foi uma fraude". Quando ela nomeou o Joaquim Levy e mudou o discurso sobre a economia (da gastança, para o ajuste fiscal) eu passei a torcer para que o Levy levasse adiante as medidas para sanear a economia. Ou seja, passei a torcer para que o governo Dilma desse certo. Eu achava que seu governo tinha a obrigação de tirar o Brasil da crise em que o colocou. Eu queria que melhorassem o panorama e perdessem as próximas eleições, pois eles pegaram um país economicamente saneado, surfaram na onda e desorganizaram tudo. Mas foi o próprio PT, sob a batuta do Lula, que sabotou a tentativa de ajuste da economia. Levy foi forçado a renunciar e a turma da "economia criativa" voltou a ditar as regras. "And the rest is history".Em outras palavras, a mim interessa que o governo Temer dê certo porque o que está em jogo é o futuro dos meus filhos e dos meus netos. Não quero deixar para eles um país pior do que eu encontrei. Não quero ver o país andando para trás mais dois anos pra depois ter o prazer de dizer "eu não falei que o Temer não prestava?" O sucesso ou insucesso do político Michel Temer pouco me importa. Mas me importa que o governo brasileiro tome um rumo que possa dar uma esperança para essa garotada que está vindo aí, precisando de escolas, saúde, emprego e melhores condições de vida.Os meus amigos sabem que, historicamente, tenho fortes laços com a política ambiental e de ciência e tecnologia. Então por que estou falando de ajuste fiscal? Porque, caros amigos, em qualquer economia em frangalhos, proteção do meio ambiente e política de CT vão pra lata de lixo. E isso não é uma questão ideológica, é uma questão de estômago. Pode ser governo comunista, neoliberal, social democrata, o que for, não vai investir em meio ambiente ou C&T quando falta dinheiro para a sobrevivência. Sim, certamente há corruptos nessa equipe que o Temer montou e, talvez, ele próprio. Então vamos apoiar a lava jato, o ministério público, a polícia Federal e parar de jogar pedra em quem está colocando a turma de colarinho branco atrás das grades. Não podemos ter a ilusão de que vamos passar o País a limpo da noite para o dia. Mas temos que apontar a proa do navio na direção certa e nos mantermos vigilantes para irmos corrigindo os rumos. Para isso, temos que nos libertar de velhos dogmas e doutrinas. O discurso maniqueísta, do bem versus o mal, do confronto de classes, já está carcomido. E a história recente do Brasil tem mostrado que, na política, fraudadores e corruptos não tem ideologia. Há os de direita, os de esquerda, os de centro, os religiosos e os ateus. Por isso acho fundamental a alternância de poder, para que o cachimbo não entorte tanto a boca como temos visto.
Prometo que esta é minha última postagem comentando o episódio do impedimento da Presidente!
(*) Sérgio Lucena é professor da Ufes (texto publicado no Facebook).
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