Um
homem que nunca foi à escola pode roubar a carga de um vagão; mas se
tiver uma educação universitária, roubará a estrada de ferro inteira.
Theodore Roosevelt
Qualquer
um que comece a dar aulas descobre logo que não sabe um monte de coisa
que pensava saber e acaba tendo que estudar até mais do que os alunos. O
processo de aprender a ensinar é árduo, mas é um caminho de enormes
satisfações não financeiras. Sim, porque não conheço nenhum mestre
trilhardário, embora existam alguns endinheirados por aí tentando
ensinar outros a enriquecer. Por isso dizem que os livros de auto-ajuda
resolvem mesmo a vida de quem os escreve...
Quarta
passada estava dando aula para uma moça chamada Raissa – prometi que ia
a mencionar no texto – falava da harmonia, uma parte teórica que os
alunos costumam detestar. Não é com muita satisfação que os mais
rebeldes descobrem que também no discurso musical pululam prosódias e
prosopopéias e que, tratando do sistema tonal, existe um conjunto enorme
de regras trivialmente comparado à gramática.
Raissa
entendeu o assunto como contradição e me perguntou: “mas na música a
gente não tem que transgredir? Inovar?”. Além de uma coisa não ser a
mesma que a outra, a danada trazia consigo um livro de Augusto Cury, de
quem não irei falar agora por pura preguiça. Lembrei da pobre (pobre?)
moça que foi pega discursando livremente sobre “as brechas da Lei” e que
por isso foi crucificada, perdoe o trocadilho, em “Via Púbica”.
Como
certamente o fazem os doutos em advocacia, para transgredir é preciso
conhecer, dominar um assunto em sua complexidade. Existe o caso de algum
escritor inovador que não fosse versado em sua própria língua? Não me
lembro agora, mas na música a esmagadora maioria do que é vendido como
“revelação” sempre lembra o velho e bom ditado: “por falta de roupa nova
passaram o ferro na velha”.
Por
isso a importância de investimento em formação, educação, conhecimento
para os nossos criadores e até quem sabe futuros transgressores e
inovadores. Precisamos muito destes nas artes em geral, porque no
momento nossos conterrâneos só alcançam fama quando são bons de porrada
(com toda admiração e respeito à família do Touro Moreno) ou questionam a
“eficácia” das Leis do trânsito...
Tem
também o caso (lê-se quêize) do missionário R.R. Soares que, para quem
não sabe, é natural aqui de Muniz Freire. Esse sim um capixaba famoso e
um verdadeiro inovador. Outro dia estava convencendo os fiéis a
assinaram uma TV a Cabo de sua igreja “em nome de Jesus de Nazareth”,
Love Hurts (Sic.). Outra inovação desse epíteto estrambótico foi a
cobrança do dízimo com “débito automático”... E pensar que os
“protestantes” bateram de frente com a Igreja Católica por causa das
indulgências...
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