Livro
reúne ensaios sobre pensadores de expressão alemã que influenciaram
vários campos do saber no Brasil, da psicologia de Reich e Jung à
reflexão política de Lukács e Rosa Luxemburgo
A Alemanha, hoje no centro de todos os debates sobre a crise na
União Europeia, na posição de potência responsável pela superação de
parte dos problemas da Zona do Euro, sempre foi um país de destaque no
concerto e desconcerto das nações. E por razões diversas. No século 20,
está na origem dos dois conflitos mundiais, da divisão do mundo em
blocos que marcou a guerra fria, do fim do comunismo com a queda do Muro
de Berlim. O que é história, política e economia tem tradução no
pensamento. A Alemanha se tornou também um polo irradiador de reflexões e
de estilo de pensamento no século 20, que trazem junto uma tradição
secular, seja no campo da filosofia, do direito, da religião ou das
ciências da natureza.
Se a influência da cultura francesa foi determinante no estilo do pensamento acadêmico brasileiro, nem por isso as marcas da filosofia alemã são menos visíveis, incorporando-se ainda nesse universo as questões da estética e da política. Além da força da reflexão, há elementos de ordem conjuntural que fizeram com que aportassem no Brasil, durante o período da Segunda Guerra, pensadores alemães ou de expressão alemã, que trouxeram ao país não apenas um novo estilo de pensamento como também um campo novo de problemas e autores, como foi o caso de Anatol Rosenfeld (1912-1973), do austríaco Otto Maria Carpeaux (1900-1978), chegando ao tcheco Vilém Flusser (1920-1991). Esse é o terreno abarcado pelo segundo volume de O pensamento alemão no século 20, organizado por Jorge de Almeida e Wolfgang Bader, que acaba de ser lançado pela Cosac Naify.
O livro é resultado de seminário realizado em São Paulo que teve como objetivo aproximar as duas culturas, a partir do estudo de autores de expressão alemã e de sua influência na vida intelectual brasileira no século 20. Trata-se de obra de mão única: a via é sempre da Alemanha para o Brasil. Os artigos analisam de forma enciclopédica e introdutória a obra de nove autores (entre filósofos, cientistas, psicólogos e teóricos políticos) e trazem sempre ao final uma pequena nota sobre a recepção dos pensadores no Brasil. O livro é o segundo volume da série. No primeiro, lançado em 2009, com o mesmo propósito e método, foram estudados os seguintes autores: Max Weber, Freud, Carl Schmitt, Heidegger, Hannah Arendt, Walter Benjamin, Adorno, Ernst Bloch, Marcuse, Habermas e Niklas Luhmann.
O novo livro tem como primeiro autor o psicólogo Wilhem Reich (1897-1957), um autor nem sempre levado a sério, seja pela dissidência da ortodoxia freudiana, seja por sua atuação política. O ensaio de Paulo Albertini analisa o contexto histórico-social do pensamento reichiano, recupera a biografia do psicólogo com seus inúmeros acidentes de percurso (ele morreu numa prisão nos EUA em razão de uma investigação do FDA, órgão responsável pelo controle de alimentos e medicamentos), destaca os aspectos políticos do autor, evoca sua militância por uma clínica social, chegando ao núcleo da reflexão de Reich sobre o corpo e o psiquismo, tratada com seriedade e consequência, e não como um desvio. No que diz respeito à recepção no Brasil, Abertini identifica linhas influenciadas por Reich, como a gestalt terapia, além do diálogo com propostas nas áreas da política, comportamento e educação.
O segundo nome é também de um psicólogo, o suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), apresentado por Laura Villares de Freitas. Depois de um breve panorama da vida de Jung, sobretudo de sua formação, relação com Freud e rompimento com o criador da psicanálise, a autora enfoca a obra de Jung a partir da ideia de diferença. Mais uma vez o polo de comparação é Freud: Jung é psiquiatra, Freud neurologista; Jung desde o início tratava psicóticos, enquanto Freud lidava com neuroses e histeria; para Freud tudo era sexo, para Jung a libido ia além, abrangendo a energia vital; para Freud o desenvolvimento psíquico se completa na puberdade, para Jung a individuação vai até o fim da vida. Freud se concentrava na ciência, Jung buscava saberes na religião e mitologia. São marcos que explicam as divergências teóricas e práticas entre os dois, que terão consequência na vida, na obra e na prática pessoal e política de seus seguidores. No que toca à recepção das ideias junguianas no Brasil, Laura Villares de Freitas mostra que não se trata de um legado único, mas que se divide em escolas e diferentes abordagens (escolas do self, evolutiva e arquetípica), que foram sendo defendidas por analistas como Nise da Silveira, Carlos Byington e Leon Bonaventure, entre outros.
Qual é a atualidade do pensamento de Georg Lukács? Esta é a pergunta que abre o ensaio sobre o pensador húngaro de expressão alemã, de Arlenice Almeida da Silva. Autor de obra imensa, polêmica e variada, por diversas vezes marcadas pela conjuntura, Lukács é analisado em sua dimensão filosófica e, mais especificamente, no campo da estética. Ao articular arte, sociedade e política, o autor participa das transformações pelas quais passou a estética no século 20. Para isso, a autora apresenta as diversas fases do pensamento estético de Lukács (1885-1971), desde a juventude até suas obras mais influentes, como A alma e as formas, A teoria do romance e Filosofia da arte, chegando à obra de maturidade, Estética. O artigo apresenta ainda obras de força filosófica e política do autor, como História e consciência de classe e Ontologia. Sobre a influência de Lukács no Brasil, são apresentados nomes que vão de Antonio Candido a Alfredo Bosi, passando por Roberto Schwarz e Michel Lowy, chegando à geração atual, que vem analisando a reflexão filosófica do autor de uma perspectiva histórica, destacando a relação de seu pensamento com o tempo.
Na sequência, o livro apresenta a vida e obra da polonesa Rosa Luxemburgo (1871-1919), que tem seu pensamento articulado com os grandes fatos da política de seu tempo. Isabel Loureiro mostra que não é possível compreender o pensamento político e econômico de Rosa Luxemburgo fora dos embates de sua época e da ação internacionalista do movimento dos trabalhadores. “O público, que só conhecia a militante, a oradora, a polemista, a teórica marxista, ficou boquiaberto ao descobrir que a ‘sanguinária Rosa’ era uma mulher inteligente, sensível, sempre pronta a consolar os amigos, apaixonada pela natureza e pelas artes, uma intelectual sintonizada com a vida cultural de seu tempo”, sintetiza Isabel Loureiro. Seus amores, a difícil elaboração de sua obra (muitas vezes escrita no cárcere), a defesa da ação revolucionária e a relação entre socialismo e democracia são alguns dos momentos tratados no texto. Sobre a presença de Rosa Luxemburgo no Brasil, a autora lembra desde teóricos como Mário Pedrosa à origem do Partido dos Trabalhadores, chegando aos movimentos sociais, como o MST, em sua defesa da democracia centrada na autonomia das massas, e portanto além da dimensão meramente representativa.
Trajetos da filosofia à ciência
Se nos primeiros ensaios há uma mescla entre reflexão e ação
política, o artigo sobre Erich Auerbach (1892-1957) tem corte mais
teórico. Auerbach foi autor de uma das mais importantes obras de
estética do século 20, Mimesis, publicada originalmente em 1946.
Leopoldo Waizbort explica como o autor realizou seu projeto de
investigar a condição humana a partir da literatura, em abordagem
histórica que vai de Homero e do Antigo Testamento ao romance de
maturidade Virginia Woolf. Além de dissecar o argumento de Auerbach, o
autor esquematiza todos os passos seguidos em Mimesis, identificando as
épocas e os autores tratados, sempre com um comentário pessoal sobre
cada um dos capítulos do livro. No que tange à influência de Auerbach
nos estudos literários brasileiros, Waizbort identifica um diálogo com a
obra máxima de Antonio Candido (Formação da literatura brasileira –
Momentos decisivos: 1750-1880), além da recepção nos estudos de Luiz
Costa Lima, autor que tem nos conceitos de mimesis e história suas
principais balizas teóricas.
Os quatro ensaios que completam o volume são mais técnicos, certamente em função dos autores abordados. Dois deles são sobre filósofos, Wittgenstein e Popper, e dois sobre cientistas, Werner Heisenberg e Einstein. No texto sobre Wittgenstein (1889-1951), José Arthur Gianotti analisa a importância da obra do autor austríaco para ao pensamento filosófico ocidental, a partir do Tractatus e das Investigações filosóficas, tendo como foco a relação entre linguagem e filosofia. O artigo foge um pouco do esquema seguido no livro pelos outros autores, mais didáticos e introdutórios, assumindo um caráter mais analítico e técnico.
No texto sobre Karl Popper (1902-1994), de Jézio Hernani Bonfim Gutierre, são analisadas as contribuições do autor no campo da epistemologia e da filosofia política. O autor apresenta a tese sobre a demarcação científica (a preocupação em discernir o que é ou não ciência) e acerca do pensamento liberal e da crítica ao historicismo. No que se relaciona à influência de Popper no Brasil, Jézio Gutierre mostra que, seguindo uma tendência também identificada na Europa, o pensamento popperiano, em epistemologia e em filosofia política, foi sempre objeto de interesse tanto entre filósofos profissionais como entre cientistas e políticos. Nesse tipo de recepção, embora cresça em repercussão, nem sempre honra a complexidade do trabalho do autor, tomado muitas vezes de forma maniqueísta. Tanto no caso de Wittgenstein como no de Popper, trata-se da busca acerca dos modelos e dos limites do conhecimento.
Os capítulos finais, sobre o pensamento de Heisenberg (1901-1976) e de Einstein (1879-1955), independentemente da importância dos autores no âmbito da ciência, parecem apontar mais, no caso brasileiro, para o imenso fosso que havia no começo do século 20 entre o Brasil e a Alemanha em termos de ciência e tecnologia. Muito mais que um capítulo da história da ciência, talvez se trate de um fenômeno no âmbito da sociologia do conhecimento, tal o descompasso. Por isso, passado mais de um século de algumas de suas teorias, é reconfortante ver tanto a contemporaneidade hoje experimentada entre os institutos de pesquisa dos dois países como a incorporação de seus principais insigths em áreas que vão além da ciência e hoje se expressam em vários campos da cultura e da arte.
Pensamento alemão no século 20: grandes protagonistas e recepção das obras no Brail, em seu segundo volume, é um instrumento de trabalho útil para quem se adentra no universo dos pesquisadores, em particular e no campo das ideias. Ao mostrar a criação em meio a múltiplas determinações de ordem epistemológica e política, é também uma porta de entrada para a compreensão da relação entre as ideias e seu contexto. Como sintetizam os organizadores, há ainda um elemento a mais nessa história, que torna o livro bastante atual: no Brasil do século 21, o pensamento alemão do século 20 se sente em casa.
Se a influência da cultura francesa foi determinante no estilo do pensamento acadêmico brasileiro, nem por isso as marcas da filosofia alemã são menos visíveis, incorporando-se ainda nesse universo as questões da estética e da política. Além da força da reflexão, há elementos de ordem conjuntural que fizeram com que aportassem no Brasil, durante o período da Segunda Guerra, pensadores alemães ou de expressão alemã, que trouxeram ao país não apenas um novo estilo de pensamento como também um campo novo de problemas e autores, como foi o caso de Anatol Rosenfeld (1912-1973), do austríaco Otto Maria Carpeaux (1900-1978), chegando ao tcheco Vilém Flusser (1920-1991). Esse é o terreno abarcado pelo segundo volume de O pensamento alemão no século 20, organizado por Jorge de Almeida e Wolfgang Bader, que acaba de ser lançado pela Cosac Naify.
O livro é resultado de seminário realizado em São Paulo que teve como objetivo aproximar as duas culturas, a partir do estudo de autores de expressão alemã e de sua influência na vida intelectual brasileira no século 20. Trata-se de obra de mão única: a via é sempre da Alemanha para o Brasil. Os artigos analisam de forma enciclopédica e introdutória a obra de nove autores (entre filósofos, cientistas, psicólogos e teóricos políticos) e trazem sempre ao final uma pequena nota sobre a recepção dos pensadores no Brasil. O livro é o segundo volume da série. No primeiro, lançado em 2009, com o mesmo propósito e método, foram estudados os seguintes autores: Max Weber, Freud, Carl Schmitt, Heidegger, Hannah Arendt, Walter Benjamin, Adorno, Ernst Bloch, Marcuse, Habermas e Niklas Luhmann.
O novo livro tem como primeiro autor o psicólogo Wilhem Reich (1897-1957), um autor nem sempre levado a sério, seja pela dissidência da ortodoxia freudiana, seja por sua atuação política. O ensaio de Paulo Albertini analisa o contexto histórico-social do pensamento reichiano, recupera a biografia do psicólogo com seus inúmeros acidentes de percurso (ele morreu numa prisão nos EUA em razão de uma investigação do FDA, órgão responsável pelo controle de alimentos e medicamentos), destaca os aspectos políticos do autor, evoca sua militância por uma clínica social, chegando ao núcleo da reflexão de Reich sobre o corpo e o psiquismo, tratada com seriedade e consequência, e não como um desvio. No que diz respeito à recepção no Brasil, Abertini identifica linhas influenciadas por Reich, como a gestalt terapia, além do diálogo com propostas nas áreas da política, comportamento e educação.
O segundo nome é também de um psicólogo, o suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), apresentado por Laura Villares de Freitas. Depois de um breve panorama da vida de Jung, sobretudo de sua formação, relação com Freud e rompimento com o criador da psicanálise, a autora enfoca a obra de Jung a partir da ideia de diferença. Mais uma vez o polo de comparação é Freud: Jung é psiquiatra, Freud neurologista; Jung desde o início tratava psicóticos, enquanto Freud lidava com neuroses e histeria; para Freud tudo era sexo, para Jung a libido ia além, abrangendo a energia vital; para Freud o desenvolvimento psíquico se completa na puberdade, para Jung a individuação vai até o fim da vida. Freud se concentrava na ciência, Jung buscava saberes na religião e mitologia. São marcos que explicam as divergências teóricas e práticas entre os dois, que terão consequência na vida, na obra e na prática pessoal e política de seus seguidores. No que toca à recepção das ideias junguianas no Brasil, Laura Villares de Freitas mostra que não se trata de um legado único, mas que se divide em escolas e diferentes abordagens (escolas do self, evolutiva e arquetípica), que foram sendo defendidas por analistas como Nise da Silveira, Carlos Byington e Leon Bonaventure, entre outros.
Qual é a atualidade do pensamento de Georg Lukács? Esta é a pergunta que abre o ensaio sobre o pensador húngaro de expressão alemã, de Arlenice Almeida da Silva. Autor de obra imensa, polêmica e variada, por diversas vezes marcadas pela conjuntura, Lukács é analisado em sua dimensão filosófica e, mais especificamente, no campo da estética. Ao articular arte, sociedade e política, o autor participa das transformações pelas quais passou a estética no século 20. Para isso, a autora apresenta as diversas fases do pensamento estético de Lukács (1885-1971), desde a juventude até suas obras mais influentes, como A alma e as formas, A teoria do romance e Filosofia da arte, chegando à obra de maturidade, Estética. O artigo apresenta ainda obras de força filosófica e política do autor, como História e consciência de classe e Ontologia. Sobre a influência de Lukács no Brasil, são apresentados nomes que vão de Antonio Candido a Alfredo Bosi, passando por Roberto Schwarz e Michel Lowy, chegando à geração atual, que vem analisando a reflexão filosófica do autor de uma perspectiva histórica, destacando a relação de seu pensamento com o tempo.
Na sequência, o livro apresenta a vida e obra da polonesa Rosa Luxemburgo (1871-1919), que tem seu pensamento articulado com os grandes fatos da política de seu tempo. Isabel Loureiro mostra que não é possível compreender o pensamento político e econômico de Rosa Luxemburgo fora dos embates de sua época e da ação internacionalista do movimento dos trabalhadores. “O público, que só conhecia a militante, a oradora, a polemista, a teórica marxista, ficou boquiaberto ao descobrir que a ‘sanguinária Rosa’ era uma mulher inteligente, sensível, sempre pronta a consolar os amigos, apaixonada pela natureza e pelas artes, uma intelectual sintonizada com a vida cultural de seu tempo”, sintetiza Isabel Loureiro. Seus amores, a difícil elaboração de sua obra (muitas vezes escrita no cárcere), a defesa da ação revolucionária e a relação entre socialismo e democracia são alguns dos momentos tratados no texto. Sobre a presença de Rosa Luxemburgo no Brasil, a autora lembra desde teóricos como Mário Pedrosa à origem do Partido dos Trabalhadores, chegando aos movimentos sociais, como o MST, em sua defesa da democracia centrada na autonomia das massas, e portanto além da dimensão meramente representativa.
Trajetos da filosofia à ciência
João Paulo
Os quatro ensaios que completam o volume são mais técnicos, certamente em função dos autores abordados. Dois deles são sobre filósofos, Wittgenstein e Popper, e dois sobre cientistas, Werner Heisenberg e Einstein. No texto sobre Wittgenstein (1889-1951), José Arthur Gianotti analisa a importância da obra do autor austríaco para ao pensamento filosófico ocidental, a partir do Tractatus e das Investigações filosóficas, tendo como foco a relação entre linguagem e filosofia. O artigo foge um pouco do esquema seguido no livro pelos outros autores, mais didáticos e introdutórios, assumindo um caráter mais analítico e técnico.
No texto sobre Karl Popper (1902-1994), de Jézio Hernani Bonfim Gutierre, são analisadas as contribuições do autor no campo da epistemologia e da filosofia política. O autor apresenta a tese sobre a demarcação científica (a preocupação em discernir o que é ou não ciência) e acerca do pensamento liberal e da crítica ao historicismo. No que se relaciona à influência de Popper no Brasil, Jézio Gutierre mostra que, seguindo uma tendência também identificada na Europa, o pensamento popperiano, em epistemologia e em filosofia política, foi sempre objeto de interesse tanto entre filósofos profissionais como entre cientistas e políticos. Nesse tipo de recepção, embora cresça em repercussão, nem sempre honra a complexidade do trabalho do autor, tomado muitas vezes de forma maniqueísta. Tanto no caso de Wittgenstein como no de Popper, trata-se da busca acerca dos modelos e dos limites do conhecimento.
Os capítulos finais, sobre o pensamento de Heisenberg (1901-1976) e de Einstein (1879-1955), independentemente da importância dos autores no âmbito da ciência, parecem apontar mais, no caso brasileiro, para o imenso fosso que havia no começo do século 20 entre o Brasil e a Alemanha em termos de ciência e tecnologia. Muito mais que um capítulo da história da ciência, talvez se trate de um fenômeno no âmbito da sociologia do conhecimento, tal o descompasso. Por isso, passado mais de um século de algumas de suas teorias, é reconfortante ver tanto a contemporaneidade hoje experimentada entre os institutos de pesquisa dos dois países como a incorporação de seus principais insigths em áreas que vão além da ciência e hoje se expressam em vários campos da cultura e da arte.
Pensamento alemão no século 20: grandes protagonistas e recepção das obras no Brail, em seu segundo volume, é um instrumento de trabalho útil para quem se adentra no universo dos pesquisadores, em particular e no campo das ideias. Ao mostrar a criação em meio a múltiplas determinações de ordem epistemológica e política, é também uma porta de entrada para a compreensão da relação entre as ideias e seu contexto. Como sintetizam os organizadores, há ainda um elemento a mais nessa história, que torna o livro bastante atual: no Brasil do século 21, o pensamento alemão do século 20 se sente em casa.
ESTADO DE MINAS
08/09/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário