Especialistas indicam 8 critérios a serem considerados na hora de decidir em quem votar para vereador
Fernando Gallo
Como escolher um vereador quando
a maioria dos candidatos nunca exerceu mandato e, portanto, nunca
apresentou projetos de lei nem emendas parlamentares? Como escolher
entre tantos partidos políticos? Entre mais de mil candidatos, quem
melhor pode representar um eleitor? Com a ajuda de especialistas, o
Estado elencou alguns critérios a serem levados em conta antes de
escolher quais números digitar na urna e, assim, ajudar a qualificar o
Legislativo.
1) Valores e visão de mundo:
Seu candidato professa os mesmos valores que você? Ele analisa a cidade
e o mundo de forma semelhante à sua? "O bom vereador é aquele que tem
afinidades comigo do ponto de vista ideológico, da maneira como ele
enxerga o mundo. Ele deve me representar de uma maneira a espelhar
aquilo que penso", sustenta Cláudio Couto, professor da PUC-SP.
2) Diagnóstico da cidade:
Os problemas que o candidato considera prioritários são os mesmos que
os seus? Convergem com aquilo que as enquetes elaboradas por institutos
de pesquisa apontam? "Se o vereador faz um diagnóstico impreciso da
cidade, não está preparado para assumir o posto. Esse é um dos pontos
que avalio para escolher meu candidato. A compatibilidade entre as reais
necessidades da cidade e o que ele propõe", diz Fernando Abrucio, cientista político da FGV-SP.
3) Consciência sobre o papel do vereador:
Ainda que, no atual sistema, o vereador se ocupe de intermediar o
contato entre seus representados e o Executivo e de resolver questões
como levar asfalto a uma rua ou construir uma escada, ele tem de decidir
sobre políticas mais amplas, como o modelo de gestão da saúde pública
por organizações sociais, por exemplo. "O vereador tem de representar
muito mais do que esse intercâmbio e esse papel intermediário. Ele tem
sim, em parte, um papel de interlocutor entre o Executivo e aqueles que
representa, mas não é o principal", afirma o professor de Filosofia Política da USP, Alberto Ribeiro de Barros.
4) Visão global da metrópole:
Seu candidato a vereador é capaz de pensar a cidade global e
sistemicamente? Além de dizer que levará creches e hospitais para sua
região, ele tem ideias e projetos sobre cultura, sistema de albergues
para moradores de rua ou o desenvolvimento do município como cidade
global? "Devemos escolher o candidato que tem mais preocupações
universais, de atender a todos, e não só a certa fatia do eleitorado.
Não é só limpar o lixo da minha rua, da minha praça. É o da cidade
toda", explica Maria do Socorro Sousa Braga, professora de ciência política da Universidade Federal de São Carlos.
5) O partido: A legenda
de seu candidato tem vida, faz reuniões, discute a cidade? O que o
partido pensa sobre temas como mobilidade urbana? O que pensa sobre
política de habitação e formas de evitar uma bolha imobiliária? "O
partido é um atalho para o eleitor. Além de tentar saber detalhes sobre
aquele indivíduo em particular, é importante saber que conjunto de
ideias o partido dele professa, que programa tem para a cidade", observa
Cláudio Couto.
6) Vida no partido: O
candidato está filiado há quanto tempo? Ele participa das atividades do
partido? Já foi filiado a outras siglas? "Por mais que se fale que nosso
sistema é personalista, é importante a relação do representante com seu
partido. Espera-se que ele tenha preocupação de agir como membro de uma
organização. Democracia representativa sem partido não existe", avalia Maria do Socorro Sousa Braga.
7) Visão política da cidade:
Cuidado com propostas aparentemente técnicas: todas têm um fundo
político. Um exemplo: o candidato defende a destinação de verbas do
transporte para a construção de corredores de ônibus ou para obras
viárias para carros? "São visões do mundo que competem, cada uma
mobilizando um aparato técnico diferente. São percepções conflitantes
mesmo", explica o professor de ciências sociais da PUC Rio Luiz Werneck Vianna.
8) Financiadores: Salvo
raras exceções, as empresas que financiam campanhas eleitorais têm
interesses que envolvem projetos criados ou discutidos pela Câmara. Por
que seu candidato foi pedir dinheiro para este ou aquele financiador? O
que ele pretende fazer por esses setores na Câmara? "É difícil devassar a
olho nu quem está por trás da campanha, mas é muito importante",
observa Werneck Vianna.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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