10/10/2011
Chegadas e despedidas
Lívia Corbellari
“Não me lembro exatamente quando, mas foi em algum momento de 2009, em um sebo da Rua da Lama, quando vasculhava a prateleira de literatura capixaba. E é inconcebível que Reinaldo Santos Neves seja rotulado assim, já que a importância e a abrangência da literatura dele sejam muito mais amplas do que qualquer tentativa de limitação regional”, conta o diretor Vitor Graize sobre o seu primeiro contato com o livro Reino dos Medas (1971), que inspirou o filme As Horas Vulgares.
As Horas Vulgares é o primeiro longa-metragem dos jovens diretores Vitor Graize e Rodrigo de Oliveira e a sua pré-estreia está marcada para esta terça-feira (11), somente para convidados, no Cine Metrópolis. O cenário do filme é o centro histórico de Vitória e o jazz é o elemento fundamental. O filme é todo rodado em 16 milímetros e em preto e branco, o que lhe confere uma sensibilidade maior.
Durante o filme, os personagens precisam lidar a todo o momento com mudanças e despedidas. Aqueles que ficam procuram se readaptar e lidar com essas perdas da maneira que podem. “Esse é um dado com o qual nós que vivemos no Espírito Santo estamos já acostumados. Há sempre alguém partindo, um grande amigo indo embora, alguns por imposição da vida, do mercado de trabalho, outros por pura vontade de se aventurar pelo mundo”.
O filme reflete as experiências pessoais dos próprios diretores, que encontram no livro ecos da sua geração e dos próprios amigos, “há, claro, muito do que eu e o Rodrigo vivemos em Vitória desde o início da faculdade, quando nos tornamos amigos. Há um olhar direcionado à cidade que nasce das nossas experiências aqui”.
Com o roteiro baseado naquele que é o primeiro livro de Reinaldo Santos Neves, o filme conta a história de um pintor em crise, que apesar da paixão pela mulher e a convivência com os amigos é abatido por um mal-estar. O drama central do livro é o mesmo, mas no longa é ambientado em outra época, no início dos anos 2000. “É um filme que só poderia acontecer aqui, ser filmado aqui”, afirma Graize.
Lauro (João Gabriel Vasconcellos) e Théo (Rômulo Braga) são os protagonistas que se reencontram e relembram noites passadas em festas na companhia de velhos conhecidos. O sentimento inicial que acompanhou o diretor durante a leitura do livro foi a cumplicidade entre os dois amigos. “Essa cumplicidade extrapola a amizade. A memória está presente também, mas não acompanhada de algum tipo de saudosismo”, explica.
Além da pré-estreia, As Horas Vulgares vai abrir no dia 18, também no Metropolis, em sessão aberta ao público, a sétima edição da Mostra Produção Independente - A Sétima Arte vai ao Mercado, realizada em Vitória pela ABD&C/ES. O longa também tem uma pré-estreia agendada para o Rio de Janeiro, no dia 27 de outubro, quando será exibido na III Semana dos Realizadores, do Festival do Rio.
Fonte: Século Diário
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