sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Por que Luciano Rezende ganhou a eleição? (Joca Simonetti)


Passadas algumas semanas da eleição municipal, pouco - quase nada - foi debatido sobre as razões do resultado eleitoral. O mais que se disse ficou na superfície, no marqueteiro, no jingle, no gesto da mudança. Imaginar que isso tenho decidido a eleição é menosprezar o eleitor de Vitória e a própria política.
Tenho convicções firmes sobre a política. Uma de que o eleitor sempre vota de acordo com que acredita vai tornar sua vida melhor. Outra de que o eleitor sempre escolhe uma utopia, que a razão do voto é como a razão da fé: a crença não redutível à razão de que assim o mundo, a cidade, a vida será melhor. E o eleitor de Vitória é sofisticado, decide com base nessas motivações de forma bastante sutil e inteligente.
Afastada a hipótese de que da eleição é uma guerra de marketing, temos que afastar também a ideia de que Luciano Rezende era um azarão. Não era, nunca foi. Quem tiver curiosidade visite os diversos artigos que publiquei aqui desde março: sempre apontei que Luciano tinha viabilidade eleitoral, que podia sair vitorioso e que, num segundo turno, teria grande possibilidades de vitória.
A pergunta é por que Luciano Rezende venceu a eleição contra uma liderança consolidada e bem avaliada - Luiz Paulo - apoiada em dois partidos tradicionalmente fortes na capital - PSDB e PMDB - e pelo ex-governador Paulo Hartung?
A resposta é que Luciano foi percebido pela maioria dos eleitores como capaz de tornar suas vidas melhores e, especialmente, que Luciano Rezende foi o portador de uma utopia que fez eco nos desejos dos eleitores - utopia que eu não fui capaz de entender durante o período eleitoral (ver Declaração de voto).
A utopia do simples
A candidatura de Luciano Rezende foi ancorada da concepção de um terceira via, em proposta simples e percebidas como claramente exequíveis e na força motriz da participação.
A terceira via estava fundamentada no histórico do candidato. Deputado estadual, coerente e firme opositor ao governo de João Coser, liderança presente no cotidiano da cidade e ex-secretário municipal e estadual de diversas pastas. Apresentou-se então como uma terceira via - afastada dos jogos políticos que dominaram a cidade nas últimas décadas, mas com currículo que o fez confiável.
As propostas simples, como retomar projetos já bem sucedidos (a educação ampliada por exemplo), limpar os terrenos baldios da cidade e unir-se aos projetos com os quais o governo estadual já estava comprometido, foram a marca do programa do candidato. Essas propostas reforçaram o conceito de liderança confiável e permitiram ao eleitor ter uma ideia tangível - e considerada possível - do que será o seu governo. Luiz Paulo apostou em uma utopia do tipo tradicional, com grandes transformações e sonhos, como o projeto Terra Verde.
Por fim, a participação. Especialmente no segundo turno, Luciano Rezende dedicou-se a promover o conceito de governo participativo. Mais uma vez com simplicidade - ao contrário de Luiz Paulo que apontou para mecanismos estruturantes de participação (os prefeitinhos) e de relação com a região metropolitana (a agência de transporte coletivo) - Luciano foi direto ao ponto: o prefeito vai despachar nas regiões administrativas.
A ideia do prefeito indo até as regiões administrativas, transferindo simbolicamente a prefeitura para cada uma das regiões da cidade, soa populista. Mas não foi percebida assim: foi lida como ato simples e direto que pode criar a oportunidade para que cada morador da cidade participe das soluções, não apenas com o voto, ou com ideias, mas também com práticas compartilhadas com o governo municipal.
Essas ideias, resumidas no conceito - e porque não, no gesto - de mudança, foram fundamentais para o resultado eleitoral. Ideias bastante próximas foram percebidas em uma pesquisa realizada pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade com jovens paulistanos. Vale conferir (o vídeo está logo abaixo), tendo em mente a ideia da utopia da simplicidade, da mudança construída não pela revolução institucional, mas pela transformação do cotidiano - que leva à mudança institucional.
Passadas algumas semanas da eleição municipal, pouco - quase nada - foi debatido sobre as razões do resultado eleitoral. O mais que se disse ficou na superfície, no marqueteiro, no jingle, no gesto da mudança. Imaginar que isso tenho decidido a eleição é menosprezar o eleitor de Vitória e a própria política.
Tenho convicções firmes sobre a política. Uma de que o eleitor sempre vota de acordo com que acredita vai tornar sua vida melhor. Outra de que o eleitor sempre escolhe uma utopia, que a razão do voto é como a razão da fé: a crença não redutível à razão de que assim o mundo, a cidade, a vida será melhor. E o eleitor de Vitória é sofisticado, decide com base nessas motivações de forma bastante sutil e inteligente.
Afastada a hipótese de que da eleição é uma guerra de marketing, temos que afastar também a ideia de que Luciano Rezende era um azarão. Não era, nunca foi. Quem tiver curiosidade visite os diversos artigos que publiquei aqui desde março: sempre apontei que Luciano tinha viabilidade eleitoral, que podia sair vitorioso e que, num segundo turno, teria grande possibilidades de vitória.
A pergunta é por que Luciano Rezende venceu a eleição contra uma liderança consolidada e bem avaliada - Luiz Paulo - apoiada em dois partidos tradicionalmente fortes na capital - PSDB e PMDB - e pelo ex-governador Paulo Hartung?
A resposta é que Luciano foi percebido pela maioria dos eleitores como capaz de tornar suas vidas melhores e, especialmente, que Luciano Rezende foi o portador de uma utopia que fez eco nos desejos dos eleitores - utopia que eu não fui capaz de entender durante o período eleitoral (ver Declaração de voto).
A utopia do simples
A candidatura de Luciano Rezende foi ancorada da concepção de um terceira via, em proposta simples e percebidas como claramente exequíveis e na força motriz da participação.
A terceira via estava fundamentada no histórico do candidato. Deputado estadual, coerente e firme opositor ao governo de João Coser, liderança presente no cotidiano da cidade e ex-secretário municipal e estadual de diversas pastas. Apresentou-se então como uma terceira via - afastada dos jogos políticos que dominaram a cidade nas últimas décadas, mas com currículo que o fez confiável.
As propostas simples, como retomar projetos já bem sucedidos (a educação ampliada por exemplo), limpar os terrenos baldios da cidade e unir-se aos projetos com os quais o governo estadual já estava comprometido, foram a marca do programa do candidato. Essas propostas reforçaram o conceito de liderança confiável e permitiram ao eleitor ter uma ideia tangível - e considerada possível - do que será o seu governo. Luiz Paulo apostou em uma utopia do tipo tradicional, com grandes transformações e sonhos, como o projeto Terra Verde.
Por fim, a participação. Especialmente no segundo turno, Luciano Rezende dedicou-se a promover o conceito de governo participativo. Mais uma vez com simplicidade - ao contrário de Luiz Paulo que apontou para mecanismos estruturantes de participação (os prefeitinhos) e de relação com a região metropolitana (a agência de transporte coletivo) - Luciano foi direto ao ponto: o prefeito vai despachar nas regiões administrativas.
A ideia do prefeito indo até as regiões administrativas, transferindo simbolicamente a prefeitura para cada uma das regiões da cidade, soa populista. Mas não foi percebida assim: foi lida como ato simples e direto que pode criar a oportunidade para que cada morador da cidade participe das soluções, não apenas com o voto, ou com ideias, mas também com práticas compartilhadas com o governo municipal.
Essas ideias, resumidas no conceito - e porque não, no gesto - de mudança, foram fundamentais para o resultado eleitoral. Ideias bastante próximas foram percebidas em uma pesquisa realizada pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade com jovens paulistanos. Vale conferir (o vídeo está logo abaixo), tendo em mente a ideia da utopia da simplicidade, da mudança construída não pela revolução institucional, mas pela transformação do cotidiano - que leva à mudança institucional.
 
Fonte: Blog de Joca Simonetti (20/11/12)

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