Principais tópicos da apresentação do professor Francisco
Soares, especialista em avaliações da Universidade Federal de Minas
Gerais e membro do Conselho Nacional de Educação, no encontro "Educação em Pauta", tendo como foco a discussão do ENEM e TRI, promovido pelo Movimento todos pela educação.
Apresentação está focada na análise de resultados das avaliações de desempenho de forma geral.
Segundo ele, os indicadores de resultados devem refletir acesso à escola e trajetória regular das crianças.
A trajetória regular é medida pela taxa de escolarização líquida.
Se essa taxa for alta, no Ensino Fundamental,
significa que os alunos entre 6 e 14 anos estão na série em que deveriam.
No Ensino Médio, essa taxa foi de 51,6% em 2010.
Isso mostra que metade da população de 15 a 17 anos não está nessa etapa.
Como verificar se os alunos aprenderam o que foi ensinado?
A medida do aprendizado deve ser dada por dois tipos: prova e teste. São coisas diferentes.
A prova, segundo o professor Chico Soares, baseia-se na seleção. Já o teste é diagnóstico.
O que está fora da escola impacta dentro da escola. O nível socioeconômico é essencial para isso.
"Quando o nível socioeconômico não é usado, a informação é de má qualidade".
O nível socioeconômico tem correlação fortíssima com a renda per capita.
Para o professor Chico Soares o Enem deveria
divulgar a média por nível: insuficiente, básico, adequado e avançado.
A comparação deve se dar entre escolas semelhantes. E precisa "ser informativa",
"A maneira de divulgar os dados das avaliações não traduz a complexidade da Educação".
"Políticas públicas deveriam ser baseadas em análise
mais apurada dos dados. Na Educação, ainda não temos isso".
O efeito escola é quantos pontos a escola acrescenta à nota do aluno por suas políticas e práticas internas.
"Para ver melhor as escolas, precisamos tirar delas o
que não é delas. É a família, o fator socioeconômico".
Para medir esse efeito escola, temos que retirar do
desempenho o que e devido características sociodemográficas.
Há escolas de altos efeitos em todas as regiões do País, nas redes municipais e estaduais.
"É preciso dar visibilidade às escolas que estão dando certo, porque elas existem".
A divulgação do Enem por escola deste ano tem uma novidade: serão 5 notas e não mais só a nota geral .
"Neste ano, dificilmente uma escola vai aparecer em
primeiro lugar em todas as áreas do conhecimento do Enem".
"Temos que olhar onde um escola está e o quanto ela melhorou".
"Também não podemos demonizar as escolas que estão bem. Vai haver flutuações mesmo".
Fatores dificultadores da gestão escolar: tamanho da
escola, turnos de funcionamento, modalidades ofertadas e número de
alunos por turma.
Esses fatores, segundo Chico, somam-se ao socioeconômico e devem ser analisados.
"Temos questões técnicas na Educação. A TRI é uma
necessidade de ter uma medida. No entanto, foi mal comunicada".
É preciso comparar sim, mas com quem é comparável", diz Chico Soares sobre os dados e notas de escolas.
Não se pode reduzir a medida ao ranking. Ele é extremamente pobre e instável", diz Chico Soares sobre o ranking do Enem.
São esses os principais pontos abordados pelo professor essa manhã no seminário do Todos pela Educação. Creio que o Movimento logo disponibilizará a palestra para os interessados.
É só procurar no site do Movimento.
Roberto Beling
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