domingo, 4 de novembro de 2012

No ritmo da mudança (Juca Magalhães)



Eu não ia falar (escrever), 
mas agora vou dizer...
Todo mundo quer ir pro céu
Mas ninguém quer morrer...
Blitz in O Romance da Univesitária Otária
A eleição acabou e, pela primeira vez, ficou bastante perceptível a importância da Internet no processo, especialmente no Facebook. Muita gente partiu para a defesa de seus candidatos com veemência assaz (cujo?) escalafobética, no segundo turno em Vitória era mais aguda a situação porque eu tinha amigos dos dois lados e comprando a briga com a mesma empolgação. O curioso é que alguns bastante comprometidos deveriam jogar no ataque e recuaram; outros que não tinham nada a perder com o peixe, soltaram o verbo.
Parecia discussão de futebol, daquelas que a gente não entende bulufas, não gosta e preferia estar fazendo outra coisa, mas ainda assim acompanha só pra ver quem vai ganhar no final, embora no fundo desconfiemos que isso não vá fazer muita diferença no varejo. No atacado faria, mas política é uma caixinha de surpresas. Quem diria o que o PT Farias? Ou que o partido comunista ainda existiria? Alguém aí viu o novo filme de Woody Allen? O casal viaja dos EUA para Roma, o marido tem medo de avião:
- Calma, vamos apenas conhecer o noivo de nossa filha!
- Você sabia que ele é comunista?
- Não existem mais partidos comunistas. Ele é só de extrema esquerda.
- Eu também era de esquerda quando tinha a idade dele, mas nunca fui comunista. Eu não suportava a ideia de ter que compartilhar o banheiro...
Obviamente que ainda existem partidos comunistas, mas eles são bem diferentes do que eram antes, simplesmente porque muito de sua “ideologia” não se presta mais aos tempos atuais. Talvez o problema seja aquela forma de apresentação “a la Che Guevara” que é ainda utilizada a ponto de muita gente achar engraçado e transformar em piada. Outros vão mais fundo e são contundentes, como é o caso do historiador Carlos Fico, quando versa sobre as controvérsias da ditadura militar afirma:
“Depoimentos como os de Fernando Gabeira e Alfredo Sirkis – que foram grandes sucessos editoriais – contribuíram para a mitificação da figura do ex-guerrilheiro, por vezes tido como um ingênuo, romântico ou tresloucado, diluído no contexto cultural de rebeldia dos anos 60, algo que não condiz com as efetivas motivações da assim chamada “luta armada” (...) transmutada em “resistência democrática”. 
A conclusão que a maioria chegou depois das eleições é que “os tempos mudaram” em direção ao “novo” ou à mudança e eu suspeito que tudo não passou, mais uma vez, de um caso clássico do “eterno retorno da diferença”. A maior vedete da eleição foi o jingle de Luciano Resende, teve um marqueteiro que se empolgou tanto que até achou que o tinha composto. Aliás, depois desse páreo eletivo temos apenas duas certezas: todo mundo compôs o “jingle da mudança” e ninguém bateu no câmera da Gazeta por causa do Neucimar que, aliás, dizem que foi um patrão bastante generoso, ora, o dinheiro não era dele mesmo. O que, por sinal, explica (MAS NÃO JUSTIFICA) a revolta da turba enfurecida.    
 
E por falar nisso, enquanto se inicia a dança das cadeiras, um bocado de gente parece estar gozando com a expectativa de ver outras perdendo o emprego. Não parece lugar comum e até cansativa essa coisa de tachar todo mundo (mas todo mundo?) que trabalha em cargo público de “vagabundo mamando nas tetas do povo”? Trabalhei como e com vários “cargos comissionados” e sei que muitas vezes – até pela ilusão de tornarem-se insubstituíveis, o que merece um texto mais aprofundado – são eles que carregam algumas administrações nas costas.
Em última análise (cujo?), são pessoas que têm família, têm contas a pagar, venha o governo que vier o certo é que ninguém escapa de ir ao supermercado, portanto ou não sacolas de plástico biodegradáveis a título de preservação do meio ambiente, o que é bom que sobra mais dinheiro pra gente.
Pensamento final para o feriado do dia de finados: Na sociedade brasileira de hoje, que mantém a todos – da classe média (alta?) pra baixo - no limite de seus recursos financeiros, perder o emprego é como uma pequena morte; portanto, achar graça na atribulação alheia é, no mínimo, coisa de babaca. E sabe o que mais? Daqui a dois anos tem tudo de novo... Um amigo meu, o Pepê, já até anunciou que vai ser candidato do PC do B. Tá pensando que só Paris que é uma festa? Não. Paris é uma ótica que tem propaganda na televisão...

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