quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Rei está morto. Viva o Rei! (Joca Simonetti)


Morto, o governo de João Coser vive agora seu longo velório de dois meses, até ser definitivamente enterrado em 31 de dezembro. Vencedor, Luciano Rezende vive agora curtos dois meses para organizar a transição, montar equipe e iniciar seu mandado em 1º de janeiro. Derrotados, o PSDB e Paulo Hartung precisarão de tempo para ajustar seu posicionamento à uma nova cidade de Vitoria.
Não tratarei hoje de reis mortos ou derrotados, nem de caneladas, golpes baixos ou ofensas trocadas durante a eleição. Partidários dos dois candidatos que foram para o segundo turno sentiram-se ofendidos, e basta. Deixemos esse assunto restrito ao seu campo de batalha, o embate eleitoral. Hoje, me interessa somente o rei posto.
Não votei em Luciano Rezende, e minhas razões para essa escolha permanecem intactas (ver Declaração de voto), embora importem menos hoje. Agora, a hora é de felicitar o prefeito eleito e refletir sobre expectativas.
Conheço Luciano há muitos anos, já votei nele e já trabalhei com Luciano no governo e participei de sua campanha eleitoral de 2008. Tenho convicções pessoais de que ele tem condições de fazer um bom governo, manifestei essa opinião várias vezes, inclusive durante a campanha desse ano. Sou um otimista e otimista são minhas expectativas.
A disposição de Luciano em dialogar com a sociedade, em fazer um governo fortemente participativo é uma boa notícia - especialmente se não vier acompanhada da cooptação de liderança comunitárias, populares e intelectuais, se for um governo popular e não populista.
Bons também são alguns projetos esboçados na campanha, como as Casas do Saber, a serem implantadas em cada uma das regiões da cidade, e o retorno de projetos exitosos do governo Luiz Paulo - interrompidos por picuinha política do moribundo governo apeado do poder pela porta dos fundos - como o Educação Ampliada, também é positivo. Mas, sobre os projetos, é hora de esperar o detalhamento das propostas, a configuração prática do plano de governo - coisa para os 100 primeiros dias.

Preocupações também há. Tenho duas especialmente: Uma sobre qual será a presença e influência de políticos populistas e fundamentalistas que estiveram junto com Luciano na campanha. Outra sobre a ausência da utopia - senti muito a falta da utopia no discurso de Luciano, senti muito a falta de um visão acima das contingências da realidade imediata e que projete um salto qualitativo para a cidade de Vitória. Esses também são temas para observar nos 100 primeiros dias.
Findo o processo eleitoral, estou convencido de que foi bom. As críticas, a necessidade de justificar posições, de responder às demandas levantadas pela sociedade e pelos outros candidatos, de enfrentar as contradições de cada candidatura preparam a cidade e ajudam o prefeito a ajustar suas práticas.

Boa sorte, Luciano Rezende. E um abraço.



Fonte: casa-de-joca.blogspot.com.br  (30/10/12)

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