Morto, o governo de João Coser vive agora seu longo velório de dois
meses, até ser definitivamente enterrado em 31 de dezembro. Vencedor,
Luciano Rezende vive agora curtos dois meses para organizar a transição,
montar equipe e iniciar seu mandado em 1º de
janeiro. Derrotados, o PSDB e Paulo Hartung precisarão de tempo para
ajustar seu posicionamento à uma nova cidade de Vitoria.
Não tratarei hoje de reis mortos ou derrotados, nem de caneladas, golpes
baixos ou ofensas trocadas durante a eleição. Partidários dos dois
candidatos que foram para o segundo turno sentiram-se ofendidos, e
basta. Deixemos esse assunto restrito ao seu campo de batalha, o embate
eleitoral. Hoje, me interessa somente o rei posto.
Não votei em Luciano Rezende, e minhas razões para essa escolha permanecem intactas (ver Declaração de voto), embora importem menos hoje. Agora, a hora é de felicitar o prefeito eleito e refletir sobre expectativas.
Conheço Luciano há muitos anos, já votei nele e já trabalhei com Luciano
no governo e participei de sua campanha eleitoral de 2008. Tenho
convicções pessoais de que ele tem condições de fazer um bom governo,
manifestei essa opinião várias vezes, inclusive durante a campanha desse
ano. Sou um otimista e otimista são minhas expectativas.
A disposição de Luciano em dialogar com a sociedade, em fazer um governo
fortemente participativo é uma boa notícia - especialmente se não vier
acompanhada da cooptação de liderança comunitárias, populares e
intelectuais, se for um governo popular e não populista.
Bons também são alguns projetos esboçados na campanha, como as Casas do
Saber, a serem implantadas em cada uma das regiões da cidade, e o
retorno de projetos exitosos do governo Luiz Paulo - interrompidos por
picuinha política do moribundo governo apeado do poder pela porta dos
fundos - como o Educação Ampliada, também é positivo. Mas, sobre os
projetos, é hora de esperar o detalhamento das propostas, a configuração
prática do plano de governo - coisa para os 100 primeiros dias.
Preocupações também há. Tenho duas especialmente: Uma sobre qual será a
presença e influência de políticos populistas e fundamentalistas que
estiveram junto com Luciano na campanha. Outra sobre a ausência da
utopia - senti muito a falta da utopia no discurso de Luciano, senti
muito a falta de um visão acima das contingências da realidade imediata e
que projete um salto qualitativo para a cidade de Vitória. Esses também
são temas para observar nos 100 primeiros dias.
Findo o processo eleitoral, estou convencido de que foi bom. As
críticas, a necessidade de justificar posições, de responder às demandas
levantadas pela sociedade e pelos outros candidatos, de enfrentar as
contradições de cada candidatura preparam a cidade e ajudam o prefeito a
ajustar suas práticas.
Boa sorte, Luciano Rezende. E um abraço.
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