segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Mitos e fatos da eleição (José Roberto de Toledo)


Mito - Ninguém assiste ao horário eleitoral na TV.
Fato - Quatro em cada dez domicílios mantiveram a TV ligada durante a propaganda eleitoral noturna no primeiro turno.
Levantamento do Ibope sobre a au­diência da propaganda dos candida­tos na Grande São Paulo revela fatos interessantes:
1) Os programas noturnos têm 123% mais espectadores que os da hora do almoço (39% de domicílios ligados à noite, contra 17% à tarde);
2) Em média, o horário eleitoral tirou 32% da audiência costumeira da TV no horário do almoço e 24% à noite;
3)A audiência cresceu cerca de 10% na reta final da campanha, quando o eleitor não tinha mais como procrastinar sua escolha;
4) Os programas dos candidatos a prefeito têm apenas 7% mais audiência que os dos candidatos a vereador;
5) Os programas mais vistos foram os da segunda-feira (para prefeitos) e os da quinta-feira (para vereadores);
6) Os menos vistos foram os da sexta-feira e do sábado.
Mito - A propaganda de TV não influi no resultado da eleição.
Fato - A propaganda de TV influiu menos em 2012 do que em 2008, mas é ainda decisiva.
Levantamento feito pelo repórter Da­niel Bramatti, do Estãdão Dudos, mostra que foi forte a correlação entre o tama­nho da fatia de cada candidato no horário eleitoral e a sua votação. Quanto maior o tempo de exposição na TV, mais votos na urna. A regra valeu para sete em dez casos em 2012. Há quatro anos, a proporção foi de oito em dez. Por que caiu, caiu por quê?
Três hipóteses:
01) O desgaste dos políticos e da política aumentou o desejo do eleitorado por renovação, o que beneficiou candidatos de partidos pequenos, que, por serem pequenos, têm direito a menos tempo de TV;
2) O eleitor está menos interessado no pleito e mais distraído, dedica menos tempo ao assunto e presta menos atenção à propaganda eleitoral;
3) A queda não é queda, é mera oscila­ção passageira. Só saberemos em 2016.
Mito - O PMDB foi o partido que mais perdeu nesta eleição.
Fato - O PMDB só não perdeu mais prefeituras do que o DEM, mas ainda tem mais prefeitos do que qualquer outro partido.
O PMDB foi dizimado na Bahia e no Paraná. A capitania do baiano Geddel Vieira Lima caiu de 144 para 44 prefeitos eleitos no primeiro turno, entre 2008 e 2012. A do paranaense Roberto Requião minguou de 135 para 56. Foram os dois caciques peemedebistas que mais per­deram, mas não foram os únicos.
No Pará, Jader Barbalho viu seu PMDB ficar menor. Dos 39 prefeitos eleitos em 2008, sobraram 28. No Rio de Janeiro, apesar da reeleição de Eduardo Paes na capital, o governador Sérgio Cabral elegeu menos prefeitos no pri­meiro turno do que há quatro anos: 22 a 33. Paes saiu-se melhor do que Cabral.
Em Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás e Paraíba, o PMDB elegeu pratica­mente a mesma quantidade de prefei­tos. O partido teve crescimento expres­sivo em número de prefeituras em São Paulo (de 70 para 88, mais três segun­dos turnos) e no Maranhão (de 16 para 47 prefeituras) - ponto para Michel Te­mer e José Sarney.
Mito - O PSD saiu-se melhor do que o PSB
Fato - O PSD elegeu mais prefeitos do que o PSB, mas é um grande partido só nas pequenas cidades.
A maior prefeitura conquistada pelo PSD no primeiro turno foi Mogi das Cruzes (SP). Os 493 prefeitos eleitos pelo partido vão governar, juntos, um eleito­rado menor do que o presidente do PSD, Gilberto Kassab governará até 31 de dezembro em São Paulo: apenas 7,5 milhões. Na melhor das hipóteses, o PSD chegará a 9,2milhões de pessoas em sua área de influência, desde que vença os cinco segundos turnos que ainda disputa. O eleitorado médio que cada prefeito do PSD vai gover­nar é 42% menor do que o do PSB.
O PSB elegeu 125 prefeitos a mais do que em 2008 e cresceu nas cida­des grandes e médias. Manteve Belo Horizonte e conquistou Recife, Foz do Iguaçu (PR) e Serra (ES). Seus 433 prefeitos governarão o dobro de elei­tores que governavam antes do plei­to. O partido comandado por Eduar­do Campos pode chegar a 15,2 mi­lhões de governados se vencer os se­gundos turnos que disputa em Forta­leza, Campinas, Cuiabá, Porto Velho, Duque de Caxias e Uberaba. O PSB foi o partido que mais ganhou nesta eleição.
Mito - A polarização PT x PSDB en­trou em decadência.
Fato - PT e PSDB disputam seis se­gundos turnos entre si e a hegemonia do eleitorado municipal do Brasil.
O PT cresceu em prefeitos e pode ultrapassar 35 milhões de eleitores governados se ganhar seus 22 segun­dos turnos. O PSDB diminuiu em prefeitos, mas pode ultrapassar 30 mi­lhões de eleitores se vencer seus 17 segundos turnos. A conta fecha para um ou para o outro. Tudo depende do resultado de São Paulo.
Fonte: O Estado de S. Paulo

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