O termo geopolítica vem sendo utilizado indiscriminadamente nesse
período pré-eleitoral para determinar um arranjo político que garanta a
um grupo, o grupo ligado ao ex-governador Paulo Hartung (PMDB), para ser
mais precisa, a conquista dos espaços políticos na eleição deste ano.
Mas se os aliados de Hartung se guindam ao termo para defender o
processo, forçando a barra na defesa de um arranjo, que teria tirado da
política o chamado crime organizado, muita gente não pode nem ouvir a
palavra geopolítica.
Para alguns observadores, geopolítica significa um novo tipo de crime
organizado, o crime organizado partidário, que decide a eleição antes
mesmo de o processo ser deflagrado, tirando da população o direito de
escolha.
O candidato, independentemente de sua competitividade, do prestígio e do
projeto político, fica refém dos interesses do grupo em que está. Se a
candidatura não interessa ao grupo, o candidato é ameaçado, pressionado,
os recursos e as alianças lhe são arrancados para que fique isolado,
sem condições de disputar.
E quem aceita o jogo, aceita mais do que meramente um leque de apoio que
garanta uma eleição tranquila. Aceita também a mudança na esfera
política. Em vez de um comprometimento com o eleitor, passa a ter
comprometimento com um grupo político. Isso coloca em risco não só o
processo democrático, mas também a finalidade dele, que é o bem-estar da
população.
Entrar em uma eleição em que não é necessário disputa, estimula o
desleixo com o projeto de governo. Não é preciso convencer o eleitor de
que o seu projeto para a educação, a saúde, a segurança, etc. é o
melhor, porque não terá com quem comparar. E mais grave, coloca o
eleitor dentro de um sistema perverso de escolha. Ao mexer nos quadros
colocados, fica o eleitor com as alternativas que lhe são permitidas,
com o quadro restringindo.
Ganha um grupo que tenta manter seu privilégio político, mas perde o
eleitor, perde a política e perde, principalmente, a democracia.
Fonte: Século Diário (16/05/12)
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