quinta-feira, 17 de maio de 2012

A geopolítica do mal (Renata Oliveira)

O termo geopolítica vem sendo utilizado indiscriminadamente nesse período pré-eleitoral para determinar um arranjo político que garanta a um grupo, o grupo ligado ao ex-governador Paulo Hartung (PMDB), para ser mais precisa, a conquista dos espaços políticos na eleição deste ano.

Mas se os aliados de Hartung se guindam ao termo para defender o processo, forçando a barra na defesa de um arranjo, que teria tirado da política o chamado crime organizado, muita gente não pode nem ouvir a palavra geopolítica.

Para alguns observadores, geopolítica significa um novo tipo de crime organizado, o crime organizado partidário, que decide a eleição antes mesmo de o processo ser deflagrado, tirando da população o direito de escolha.

O candidato, independentemente de sua competitividade, do prestígio e do projeto político, fica refém dos interesses do grupo em que está. Se a candidatura não interessa ao grupo, o candidato é ameaçado, pressionado, os recursos e as alianças lhe são arrancados para que fique isolado, sem condições de disputar.

E quem aceita o jogo, aceita mais do que meramente um leque de apoio que garanta uma eleição tranquila. Aceita também a mudança na esfera política. Em vez de um comprometimento com o eleitor, passa a ter comprometimento com um grupo político. Isso coloca em risco não só o processo democrático, mas também a finalidade dele, que é o bem-estar da população.

Entrar em uma eleição em que não é necessário disputa, estimula o desleixo com o projeto de governo. Não é preciso convencer o eleitor de que o seu projeto para a educação, a saúde, a segurança, etc. é o melhor, porque não terá com quem comparar. E mais grave, coloca o eleitor dentro de um sistema perverso de escolha. Ao mexer nos quadros colocados, fica o eleitor com as alternativas que lhe são permitidas, com o quadro restringindo.

Ganha um grupo que tenta manter seu privilégio político, mas perde o eleitor, perde a política e perde, principalmente, a democracia.

Fonte: Século Diário (16/05/12) 

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