As três frases que eu mais detestava ouvir antes da maturidade:
Frase 1
- Diga-me com quem andas que te direi quem você é.
Essa minha mãe adorava, especialmente pra esculhambar meus amigos porraloucas. Como se os dela, a maioria artistas e pessoas extravagantes, fossem algum modelo de comportamento social. Uma vez eu ia chegando em casa (quer dizer, na casa dela) para “ouvir um som” no meu quarto com duas “marias palco” fantasiadas de loiras e de aspecto geral – vá lá – bastante popular, se é que vocês vão me entendendo. Mamãe estava sentada na sala tomando um café e ao nos ver entrando com aquela ginga de quem não quer nada, mas vai fazer de tudo, falou:
- Parem aí mesmo e venham cá.
- Quê foi mãe?
- Aonde você pensa que vai com essas duas barangas?
Frase 2
- Quando chegar à minha idade você vai entender e vai me dar razão.
Era a preferida de papai, também a ouvi várias vezes da boca de sujeitos nem tão encanecidos assim, mas que exerciam alguma forma de poder ou posavam explicativos de detentores de algum saber. Era uma pala necessária porque, esgotado os argumentos lógicos sem conseguir me convencer, usavam o fato de terem mais idade para legitimar e impor uma opinião ou decisão com a qual eu não concordava.
Frase 3
- Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. –
É o (di) lema do hipócrita assumido, pior que é ainda muito usada. Deveria estar escrita na entrada de todas as fábricas de fazer malucos que existem pelo mundo. Como se fosse adiantar vetar a quem quer que seja o direito de errar, aliás, é como diz no Evangelho de João: “não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade”. Citação feita, em tempo, apenas para ilustrar, passa longe de mim essa contradição de tanta gente televisiva e politiqueira cujo (cujo?) discurso “religioso” passa bem longe das ações práticas.
Obviamente, as frases que eu mais gostava eram: sabia que amanhã é feriado e não tem aula? Ou uma que era mais rara: aquela garota que você “tá a fim” disse que também tá doida pra “ficar com você”... Mas a que eu mais desejava ouvir, com uma toalha amarrada no pescoço a título de capa esvoaçante, nunca rolou:
- Meu filho: tome cuidado quando sair voando por aí...
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