"Para aqueles que estavam aguardando maiores
informações, está circulando o MANIFESTO EM DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS E
DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.
É importante
divulgar amplamente para que alcance aqueles que verdadeiramente estão
colocando em risco os resultados da gestão das políticas sociais, tão
caras aos cidadãos capixabas e aos profissionais comprometidos com elas.
Para
a mobilização de pessoas para este debate foi criado o Movimento
Cidadão em Defesa dos Direitos Humanos e das Políticas Sociais no Estado
do Espírito Santo. Nós nos reunimos na Ufes, no último dia 9, com um
grupo de quase 100 pessoas – profissionais de diversas áreas,
professores universitários, representantes de conselhos e entidades de
classes profissionais, conselhos e entidades de defesa dos direitos
humanos, estudantes e outros. Um profundo e forte debate sobre a ameaça
de Retrocesso Histórico nas políticas sociais na Grande Vitória hoje.
Para os que ainda não sabem, a gestão das secretarias de Assistência
Social dos municípios da Grande Vitória (exceto a Serra), estão nas mãos
dos vice-prefeitos, políticos de carreira, todos vinculados a igrejas e
partidos evangélicos e sem nenhuma qualificação técnica para o
exercício dessa função. Essa é a agenda do momento e que tem preocupado
grandemente pessoas de diversos profissionais que atuam principalmente
nas Prefeituras Muncipais da GV. (enviado por Carmem Masoco).
MANIFESTO EM DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS E DAS POLÍTICAS SOCIAIS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
As últimas eleições municipais, especialmente na Grande Vitória, foram
marcadas por resultados favoráveis a candidatos que apresentaram aos
cidadãos discursos direcionados ao ensejo de "mudanças", resultando,
hoje em um cenário político no Estado composto por novos atores e novas
alianças.
Mediante as primeiras
declarações públicas e decisões tomadas pelos novos gestores
municipais, especialmente no que se refere às escolhas de suas equipes
de governo, um grupo de cidadãos, profissionais, conselhos e entidades
de classes profissionais, professores universitários, conselhos e
entidades de defesa dos direitos humanos e estudantes de nível superior,
todos diretamente envolvidos e interessados no desenvolvimento das
políticas públicas no Estado do Espírito Santo, tais como Assistência
Social, Saúde, Cidadania, Educação, Segurança Pública, Direitos Humanos,
Cultura, entre outras, vem a público manifestar e afirmar seu
descontentamento, repúdio e profunda preocupação com o que pode
representar um lastimável RETROCESSO HISTÓRICO na afirmação e defesa dos
direitos humanos fundamentais e na construção e implementação de
políticas públicas sociais efetivamente voltadas para o melhor interesse
da população, pautadas primordialmente em princípios éticos e
democráticos.
Entendendo o fundamental papel histórico e social
exercido pela população na produção de mudanças sociais, seja organizada
coletivamente em instituições, entidades e movimentos, seja afirmando e
exigindo cotidianamente seus direitos como cidadãos, exigimos que as
administrações públicas municipais pautem a produção de suas políticas
públicas pela participação democrática, por ações verdadeiramente
inclusivas e pelo respeito aos Direitos Humanos e à garantia de
dignidade para todas as pessoas.
Assim sendo:
• Não somente
esperamos, como exigimos que os processos de implementação e
fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social e do Sistema Único
de Saúde, políticas públicas reconhecidas e integradas nacionalmente,
sejam garantidos e continuados, privilegiando os espaços de participação
e controle democrático cidadãos;
• Afirmamos a premente
necessidade de que às políticas sociais, diretamente voltadas para a
garantia de serviços fundamentais à população, tais como a Assistência
Social, a Saúde, a Educação, entre outras, sejam garantidos recursos
orçamentários suficientes, não somente para a manutenção dos serviços já
existentes, como também para a ampliação de novas ofertas para a
população;
• Repudiamos o loteamento das secretarias municipais e
seus respectivos cargos de gestão com pessoas sem qualquer histórico de
compromisso e envolvimento efetivo com a construção das políticas
sociais, bem como sem os devidos conhecimentos técnicos e profissionais
que o exercício competente das pastas exigem;
• Repudiamos também
um processo demarcado e crescente de militarização e judicialização das
políticas sociais, privilegiando uma visão unilateral e hegemônica das
intervenções públicas, em especial no campo da Assistência Social, da
Saúde, dos Direitos Humanos e da Segurança Pública, voltadas quase
exclusivamente para as ações repressivas e criminalizantes;
•
Manifestamos nossa radical discordância da adoção irrestrita e exaltada
de medidas que visam, em sua essência, culpabilizar e criminalizar uma
parcela menos favorecida de nossa sociedade, qual seja, a população
pobre, medidas estas de eficácia questionável técnica e eticamente, tais
como a internação compulsória para usuários de substâncias psicoativas,
desconsiderando o trabalho interdisciplinar e intersetorial, de caráter
preventivo, voltados para a atenção e cuidados integrais aos sujeitos,
que já vem sendo realizado pelos diversos serviços e ações nas políticas
sociais municipais.
Por oportuno, afirmamos ainda a intenção deste
coletivo de ampliar seus canais de debate com toda a sociedade,
pautando além das questões acima citadas, outras igualmente importantes,
ligadas diretamente à perspectiva da defesa intransigente dos direitos
humanos e à afirmação de princípios éticos na construção das políticas
públicas, não somente na Grande Vitória, como em todo o Estado do
Espírito Santo, tais como: o inequívoco posicionamento contrário à
redução da maioridade penal; o rompimento com as recorrentes práticas de
violação de Direitos Humanos no Sistema Prisional; o fim do doloroso e
vergonhoso extermínio da juventude negra; a eliminação de todo tipo de
violência, especialmente aquelas cometidas contra mulheres, crianças e
adolescentes e pessoas idosas; a garantia de mobilidade e
acessibilidade; o acesso a informação; o direito de ação e expressão a
todas as pessoas que convivem em nossas cidades, inclusive por meio do
fortalecimento dos conselhos de controle social.
Acreditamos que
com esse movimento, possamos abrir um canal de diálogo com os gestores
das áreas supracitadas de forma transparente, pública e democrática.
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