terça-feira, 5 de junho de 2012

Outro governo (Roberto Garcia Simões)


Começou a transição para outro momento do governo Casagrande. Ela deriva de três fatores. Começo pelo inesperado – mas de alto impacto para o poder, a formulação e a gestão. O Conselho de Administração do Bandes indicou o secretário de Planejamento, Guilherme H. Pereira, para uma de suas diretorias (Adm. e Finanças). É uma operação que vai muito além de uma secretaria. Chega ao "núcleo duro" do Palácio. Recorde-se que Guilherme Pereira teve uma participação central na campanha e no planejamento inicial.
Então, por que esse deslocamento de poder? Fadiga de "supersecretário"? Ainda não há uma explicação oficial; a demora é usual no governo Casagrande. Nesse vazio, ampliam-se especulações e indefinições que poderão ultrapassar um mês, tempo para o Banco Central apreciar a referida indicação. Ambas aprofundarão o traço de um governo sem viço.

Como ficará o ES 2030? A diretoria exógena do IJSN continuará? O modelo de gestão – eixos e comitês – será alterado? O perfil do novo secretário de Planejamento não só permitirá vislumbrar (des)continuidades, como também avaliar essa troca de cadeira do centro do governo para o Bandes.

Teria a ver essa troca com a redução do Fundap e os desafios para o Bandes? Quais serão as diminuições reais nas empresas, empregos e receitas? Como ele será mantido? Ou será fundido com o Banestes? O futuro diretor fortaleceria uma reestruturação? Assim, o segundo fator de transição do governo Casagrande tem a ver com as respostas que serão buscadas, e dadas, para sintonizar a estratégia de estadual com o desenvolvimento sustentável e a sociedade do conhecimento. É preciso ir além do "eterno retorno": Funres, infraestrutura, café, aço.

O governo recebeu um estudo do Sindiex e articulou grupos de trabalho com a Findes. É preciso a interação com a sociedade para não se enredar nas propostas de "mais do mesmo".

O terceiro fator de transição advém da eleição municipal. O PSB se aproxima do PR, do senador Magno Malta, em Vila Velha e Serra. As campanhas acirradas mexerão na base ou a unanimidade estadual continuará resiliente? O governo Casagrande estimulará o debate de temas cruciais, como os orçamentos e cortes pós-Fundap? O resultado das eleições levará a mais alterações no secretariado, visando a preparação política para 2014?

O atomizado governo Casagrande adquirirá, como um das resultantes dessa tríplice transição, uma face própria? Qual será?

Roberto Garcia Simões é professor da Ufes e especiaIista em políticas públicas
E-mail:  robertog@npd.ufes.br
Fonte: A Gazeta

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