domingo, 10 de fevereiro de 2013

Podia ao menos desculpar-se (Joca simonetti)




Em artigo publicado hoje (10/02) em A Gazeta, o senador Ricardo Ferraço tenta transformar seu voto em Renan Calheiros para a presidência do Senado em coisa boa para o Espírito Santo. Tenta explicar o inexplicável, justificar o injustificável.

Alega o senador que, dada a tibieza política do Espírito Santo no cenário nacional, é preciso aliar-se ao vencedor, seja ele quem for, para recolher as migalhas que o poder central deixa cair, vez por outra, do prato principal das verbas públicas. As palavras não são exatamente essas, mas o sentido geral é o mesmo.

Para justificar o injustificável, Ferraço entorta a lógica usando como critério para seu voto o tamanho da bancada capixaba no Congresso - "não dispomos de uma bancada numericamente grande, precisamos fortalecer a capacidade de articulação". Se na Câmara essa discrepância existe, na comparação com os estados maiores, no Senado ela é nula: todos os estados têm três representantes no Senado.

O senador justifica seu voto também por estar "seguindo orientação partidária". Acontece que a fidelidade partidária de Ricardo Ferraço é de ocasião. Na eleição de Guarapari, esse ano, Ferraço esteve nos palanques do candidato cassado Edson Magalhães e de Orly Gomes - seu partido, o PMDB, estava na coligação de Ricardo Conde e de Carlos Von em cada uma das eleições.

Isso de jogar às favas a posição partidária não é novidade na vida política de Ricardo Ferraço. Em 2008, o senador estava no PSDB e traiu abertamente a candidatura de Luciano Rezende em Vitória (naquela eleição o PSDB apoiou Luciano) para apoiar a reeleição de João Coser. Deve ter dito também, à época, que votava a favor de Vitória, do melhor para a cidade - não votava: apoiou Coser por conveniência pessoal e a reeleição do então prefeito fez muito, muito mal a Vitória.

Melhor faria o senador Ricardo Ferraço se, ao invés de lançar desculpas esfarrapadas, pedisse desculpas por traído os capixabas ao nos aliar com o histórico de corrupção e má-fé do senador Renan Calheiros, que inclui a liderança do governo Collor e o uso de empreiteiras para sustentar a amante. É de corar a bandeira com as cores do manto de Nossa Senhora.

Fonte: Casa de Joca

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