Movimento de Marina pode sistematizar a repulsa intuitiva do eleitor a tudo que leva o nome de partido
Dê no que der como resultado eleitoral, o movimento que Marina Silva começa para constituir um partido seu na disputa pela Presidência tende a cumprir um papel político e social de muita utilidade. A ideia de denominá-lo Rede já é sugestiva, nem tanto por sugerir internet, mas pela identificação com a repulsa tão difundida a tudo que leve o nome de partido.
Difuso e confuso, o movimento até já existe na população. Existe como opinião intuitiva e generalizada a respeito do desregramento vigente no Congresso, das chantagens partidárias por cargos, da dinheirama nas eleições, da corrupção generalizada, e de tanto mais. Existe, em suma, muito mais emocional do que racional, como um sentimento de traição dos políticos, assim vistos quase sem o reconhecimento das exceções.
Os princípios preliminares do regimento da Rede são satisfações dadas à opinião pública desencantada. Representam os desejos de restrição a determinados doadores de campanhas políticas, limitação do número de mandatos de um parlamentar, fidelidade dos seus políticos às posições básicas do programa partidário, renúncia ao mandato parlamentar caso aceite cargo em governo, e por aí vai.
Marina Silva tem audiência no país todo. Apesar da base partidária mínima, sua candidatura à Presidência em 2010 foi encorpada por cerca de um quinto dos votos totais. Com a já iniciada organização de ideias e propostas, a pregação da Rede para constituir-se e, se obtido o registro, para a campanha eleitoral, pode transmitir ao eleitorado alguma dose de sistematização, digamos, de racionalidade ao que até agora não passa de uma força emocional caótica e sem proveito.
O PT cumpriu essa função em vários segmentos sociais, mas deixou de cumpri-las. O PSDB nasceu com o projeto de tal função, mas se descaracterizou depressa. Não falta quem possa cair na Rede.
Nenhum comentário:
Postar um comentário