quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

NÃO FALO MAL DO BBB / FALO MAL É DE VOCÊ! (Juca Magalhães)

Todo ano é a mesma coisa: mal a Rede Globo começa a anunciar o Big Brother, traçando o perfil de seus “heróicos” participantes, pipocam zilhões de críticas revoltadas em tudo quanto é “site de relacionamento” da Internet. Peço licença para discordar dessa peculiar tortura antecipada que aflige o povo brazuca: para início de conversa, o próprio fato de alguém se incomodar tanto já mostra o quanto está debaixo do pé gordinho do filho do Boni e do pobre Bial (pobre?). E outra, agora traçando um paralelo: faz uns meses assisti a uma longa entrevista do poeta Ferreira Goulart que se dizia incapaz de criticar a poesia de pessoas que vinham humildemente submeter seus esforços literários à opinião do consagrado mestre. Disse que preferia calar:

- Eu vou falar o quê? O sujeito não roubou, não matou ninguém. Fez lá sua poesia na maior boa vontade, como é que eu vou dizer que ele é um medíocre sem talento? –

Penso algo assim de toda essa porcaria transmitida às toneladas pelas redes abertas e fechadas de televisão. Ninguém é obrigado a assistir novela: ou será que é? Pegue um bom livro para se entreter, vá ao cinema, aprenda a tocar um instrumento... Ora! Tanta coisa boa ainda por fazer. Por isso não falo mal dos balofos apresentadores da televisão, eles e suas contas bancárias polpudas tão diferentes da minha e da maioria das pessoas. Eles não mataram ninguém de tédio ainda, não que eu saiba...

Na mesma balada, é bastante curiosa a pequena demanda por protestos causada pelos problemas reais da vida, essa ordinária, como as pessoas que morrem sem atendimento nos hospitais e inúmeros outros crimes hediondos cometidos contra o povo todos os dias, os sutis aumentos nos preços dos produtos e serviços que mantém a maioria das pessoas endividadas ou no limite de seus recursos financeiros. Vide o recente aumento dos pedágios ou a invenção esperta das sacolas ecológicas.

Curiosamente, as grandes sacanagens impostas diariamente ao povo brasileiro são encaradas (de frente) como coisa inevitável, nem sequer são questionadas. Enquanto isso, programas idiotas de televisão - que não são obrigatórios nem da conta de ninguém os exibir - são vistos como coisa altamente ultrajante. Nesse mesmo instante bombam protestos na Internet contra o BBB, curtidos e apoiados por inúmeras pessoas Uau! Isso realmente mostra como somos capazes de nos indignar, pena que é geralmente pela razão errada...

A Letra Elektrônica diretamente de sua redação na Rua Pamplona em São Paulo. Quem aí da Veneza Brasileira quiser encomendar um bote, uma canoa ou uma capa de chuva fale logo porque aqui está o maior sol, tem várias promoções. Hehehehe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário