Coisas da política. Engolindo sapos, cobras e lagartos. E, de quebra , outras cositas más. É a versão brasileira do chamado "centralismo democrático" que o camarada Trotsky descreveu tão bem. Mais ou menos assim: primeiro, o partido pensa e decide em nome da sociedade; depois, o comitê central substitui o partido e passa a falar e decidir em nome do partido e da sociedade; e, finalmente, o secretário-geral passa a decidir sozinho em nome do comitê central, do partido e da sociedade.
E onde termina tudo isso? Bem a versão brasileira não vai repetir a matriz da experiência, até porque os processos partidários e essas "vontades coletivas" estão condicionadas por uma institucionalidade democrática, imprensa livre e, queiram ou não queiram, uma opinião pública.
E por que essa digressão, estilo "masturbação" sociológica (prá remeter ao finado Sérgio Motta)?
Pela ironia do que saiu nos jornais de hoje, mais ou menos na seguinte linha: o ex-presidente Lula determinou à direção do PT em São Paulo que marque uma reunião com o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e leve a sério a sua proposta de indicar o vice na chapa do pré-candidato Fernando Haddad na sucessão municipal.
Ou seja, com seu inigualável faro político, Lula já definiu e passa a comandar o processo de renovação e rejuvenescimento do PT na cidade de SP e outros estados e capitais.
Agora, que a aproximação constrange os vereadores petistas, com toda a certeza, constrange. Afinal, o partido e a bancada na Câmara fazem fazem dura oposição ao prefeito desde o início da sua gestão, em 2006, e, por consequência, temem sofrer prejuízo eleitoral em caso de uma eventual aliança.
Lula, da sua posição de figura sagrada e quase canonizada no Partido, pode se dar ao luxo de tratorar e entubar os perplexos edis paulistanos. Ditak que estabelece: esqueçam o que falaram e rasguem o que escreveram.
E, isso, torna-se o paradigma que define as relações entre líder e partido. E rebate diretamente nos estados e cidades. E isso, pode ter rebatimentos nas definições que passam pelas candidaturas em Vitória. Não nos esqueçamos que o ex-governador Paulo Hartung sacrificou a candidatura de Ricardo Ferraço, quase imediatamente após um jantar na casa da Praia da Costa com o ex-deputado José Dirceu em uma nebulosa e meteórica passagem pelo ES.
No mais, é aguardar os efeitos da digestão do velho cardápio de répteis, comumente servido por aqueles quem fazem política estabelecendo a métrica do enquadramento e da subordinação.
Roberto Beling
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