De todas as más notícias recebidas por Eike Batista nos últimos tempos*, esta ("O ato mais entreguista da história foi o leilão de petróleo para Eike ")**, publicada no último nº da revista da Associação de Docentes da USP - que o envolve em mais uma denúncia de relações privilegiadas com autoridades públicas -, é a mais grave.
“O ato mais entreguista
da história foi o leilão
de petróleo para Eike”
O professor Ildo Luís Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEEUSP),
se diz um “fruto do programa nuclear brasileiro”, pois, quando estudante, o
regime militar — interessado em formar quadros para tocar as dezenas de usinas
que pretendia construir no país após o acordo com a Alemanha — lhe concedeu
bolsa de iniciação científica, “bolsa para fazer o mestrado e o doutorado em
engenharia nuclear e outras coisas mais”. Ao longo de sua trajetória acadêmica,
porém, Sauer convenceu-se de que a energia nuclear não convém ao Brasil, e
passou a dedicar-se mais à energia elétrica e ao petróleo.
Foi diretor de Gás e Energia da Petrobras entre 2003 e 2007, período que cobriu
o primeiro mandato do presidente Lula e o início do segundo, e no qual tinha a
expectativa de amplas mudanças na área de energia e petróleo. Orgulha-se de haver
participado das decisões que levaram à descoberta das jazidas do Pré-Sal. Mas
frustrou-se ao constatar que, ao invés da reforma que ele e o físico Pinguelli Rosa
propuseram a pedido do próprio Lula, o governo tomou medidas que fortaleciam
os agentes privados, em detrimento das empresas públicas e da sociedade em geral.
Nas páginas a seguir Sauer desfecha contundentes ataques às políticas de energia do
governo, com destaque para a continuidade do modelo do setor elétrico herdado de
Fernando Henrique Cardoso e — em especial — para a realização do leilão de “áreas
de risco” da franja do Pré-Sal que acabaram por ser arrematadas por Eike Batista e
sua OGX, fazendo desse empresário um dos homens mais ricos do mundo. O diretor
do IEE não mede palavras ao opinar sobre o que ocorreu: “O ato mais entreguista
da história brasileira, em termos econômicos. Pior, foi dos processos de acumulação
primitiva mais extraordinários da história do capitalismo mundial. Alguém sai do nada
e em três anos tem uma fortuna de bilhões de dólares”.
Quanto à contestada Belo Monte, Sauer, diferentemente de uma parte dos críticos,
considera que a usina preenche todos os requisitos técnicos de operação. O problema,
afirma incisivamente, “não é técnico, não é econômico, o problema lá é simplesmente
político”, porque, em função dos erros do governo e da falta de planejamento,
“ressuscitou-se um projeto longamente gestado pelo governo militar”, e assim “de certa
forma um governo democrático e popular se serve da espada criada pelos militares para
cravá-la no peito dos índios e camponeses, com métodos que não deixam nada a dever
à ditadura de então, em relação à forma como a usina foi feita, de repente”.
Procuradas pela reportagem, as assessorias de comunicação
da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula informaram
que eles não comentariam as declarações do professor.
A entrevista foi concedida a Pedro Estevam da Rocha Pomar
e Thaís Carrança e ao repórter-fotográfico Daniel Garcia
Copie o link abaixo para ler a íntegra da matéria:
www.adusp.org.br/files/revistas/51/r51a01.pdf
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