A popularidade da presidente Dilma Rousseff apresentou uma queda acentuada na vira de junho para julho. O Datafolha captou esta queda primeiro, com pesquisa de campo entre os dias 26 e 27 de junho. O Ibope confirmou na pesquisa para a CNI, em sondagem, cujo campo foi entre 9 e 12 de julho,. Esta queda representou uma aceleração muito forte de erosão da popularidade presidencial que as duas pesquisas já haviam registrado nas respectivas rodadas anteriores. Portanto em junho/julho, não foram duas quedas. Apenas uma, apreendida por duas pesquisas em momentos diferentes, com duas amostras obtidas por métodos distintos. Mas será que entre o final de junho e o princípio de julho, a popularidade ficou parada?
Se usamos o método de comparação entre médias de amostras diferentes com métodos também diferentes – não transformarei esta análise em exercício estatístico – o que se pode dizer é que a média de “Ótimo/Bom” das duas é estatisticamente idêntica: Datafolha, 30%, CNI-Ibope, 31%, como está no gráfico abaixo. Mas a média de “Ruim/Péssimo”, é estatisticamente diferente. Uma diferença ligeiramente acima da margem de erro para a comparação entre populações diferentes que é maior que a das pesquisas (4,5 pontos percentuais): Datafolha, 25%; CNI-Ibope, 31%.
O que isto pode significar? Que, embora não tenha havido mais queda da aprovação do desempenho da presidente entre uma pesquisa e outra, pode estar havendo um incremento na desaprovação. Como explicar a igualdade na aprovação e a desigualdade na desaprovação? Pelo movimento daqueles que respondem “Regular”. Dos 23 pontos percentuais perdidos entre as duas últimas pesquisas do Datafolha (queda do “Ótimo/Bom”, de 57% para 30%, 10 pontos foram para o “Regular” e 17 pontos, para o “Ruim/Péssimo”. Na CNI-Ibope, dos 24 pontos de queda entre uma pesquisa e outra (55% para 31%), apenas 5 pontos foram para o regular e 18 foram para o “Ruim/Péssimo”.
Este aumento da rejeição aparece, também, na pergunta sobre aprovação da maneira de governar da presidente, na pesquisa CNI-Ibope, que mostra mais desaprovação do que aprovação, como se vê no gráfico abaixo. Uma diferença de 4 pontos percentuais, acima da margem de erro da pesquisa, ou um índice líquido negativo de -4%. Na pesquisa anterior, 71% aprovavam e 45%, desaprovavam a maneira de governar da presidente.
Há, também, pela pesquisa CNI-Ibope, mais pessoas em média que não têm confiança na presidente do que as que têm. Uma diferença de 5 pontos percentuais, ou um índice líquido de -5%. Uma reversão da situação na pesquisa anterior, quando 67% diziam confiar na presidente e 28%, diziam não confiar.
A que se deve essa erosão da popularidade, aparentemente ainda em curso? Eu continuo a achar que é a economia que explica, principalmente a queda da renda real com o aumento da inflação. O Datafolha registrou expectativas muito negativas para a inflação e a economia. Do início de março para o final de junho, aumentou de 45% para 54% a proporção de pessoas acreditando que a inflação vai subir mais. Não explica toda a queda da popularidade e perda de confiança. Mas explica uma boa parte. Mais ainda, é provável que o desconforto econômico, tenha tornado mais visíveis outras áreas de descontentamento com a presidente e seu governo. Se a tendência persistir, novas rodadas dessas pesquisas provavelmente captarão quedas adicionais, possivelmente menores, pois a economia não deve melhorar significativamente nos próximos meses.
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