segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Solidariedade ao RJ (Inês Simon)

Política de Segurança Pública acertada no RJ

Muito acertada a integração das ações policiais para restabelecer a paz nas comunidades do RJ, antes tomadas pelo poder do tráfico.
Esse sucesso não foi gratuito, casual. É fruto de uma vontade política e compromisso cotidiano para que a velha ordem mudasse para melhor. É possível ver a dedicação dos governos e polícias em superar as dificuldades, que desde sempre impediram a integração das forças de segurança com a sociedade, para de fato estabelecer a paz e a valorização da vida com dignidade, como temos visto agora no RJ.

É motivo de comemoração ver os moradores felizes reconhecendo a proteção que o Estado lhes deveu por várias décadas de abandono intencional. Há oito  anos o governo federal vem se esforçando para estabelecer o pacto federativo para tratar das questões de Segurança Pública e esta ação atual no RJ mostra que os esforços enfim deram certo. Sem o comprometimento do governo federal, governos estaduais e governos municipais não se pode implantar politica pública de segurança eficiente.

A nova proposta de Segurança Pública com Cidadania inaugurada pelo governo federal e abraçada com compromisso pelo governo do RJ é um exemplo concreto a ser seguido pelos demais governos estaduais. Venceu velhos preconceitos da exagerada autonomia das instituições de polícia e dos papéis engessados dos governos. Respeitando a natureza e função de cada instituição e trabalhando uma política nacional construída de forma democrática através do diálogo institucional, chegou-se à ação madura no RJ que vemos nos últimos dias.

Os mais conservadores sempre clamaram pelas forças armadas nas ruas em casos de crise de violência como órgão interventor sobre as polícias locais. Claro que nunca deu certo, só gerou banhos de sangue, pois a natureza das forças armadas é guerrear contra inimigos em campos isolados das cidades. Quem conhece a topografia e movimentos sociais das cidades são as polícias locais e seus governos, qualificados para o diálogo e intervenções em áreas urbanas, cheias de moradores e trabalhadores. Estes não podem se omitir de sua função em momento algum, de paz ou de conflito, para que não se chegue ao extremo da negligência que chegaram com as comunidades pobres do RJ.

A integração das polícias estaduais com as forças armadas e polícias federais foi muito madura e positiva da forma como aconteceu nesta ação na Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão. Tem sido contruída nos últimos 3 anos e mostrou que chegou à maturidade nesta última semana. Com as formas armadas atuando em apoio à ação planejada do Estado e em parceria com o governo federal, cada ente federado e instituição é respeitado e aproveitado em suas responsabilidades e capacidades.

É muito gratificante ver um capitão do BOPE falar, calmamente, ao receber um traficante entregue pelo pai, que  "Estamos aqui com este rapaz, que trabalhava para o tráfico na comunidade, e estamos levando este cidadão para que possa tomar outro numo na vida criminosa que levava até agora". Sem humilhação, sem violência. É a nova polícia comprometida com a cidadania e os direitos humanos, formada pelo novo modelo de segurança pública implementado no país.

É claro que só a ação firme de repressão das polícias, com apoio das forças de segurança nacionais, não é suficiente para trazer de volta a paz nestas regiões conflagradas. O Estado precisa se manter com os serviços essenciais e as ações de fortalecimento da cidadania com implantação de mais escolas de qualidade, habitações dignas, lazer, cultura, esportes, saúde, trasportes, geração de trabalho e renda, creches, etc. E este conjunto de ações também integra esta política nacional de segurança pública.

É muito bom ver a imprensa nacional compreendendo o novo modo de fazer segurança pública e explicando de forma clara para população sentir-se protegida. Inclusive se esforçando para deixar de usar palavras preconceituosas e trocando por outras não ofensivas, tais como "favelas" por "comundades", "bandidos" por "jovem que trabalha pro tráfico". Mas é muito desagradável ver que parcela da imprnesa ainda clama por sangue, através de seus discursos narrativos cheios de sensacionalismo que só servem para espalhar o medo e o terror na população e em nada contribuem para o fortalecimento da cidadania, que é o seu papel primoridial.

Mais positivo ainda é ver a participação das redes sociais de Internet na cobertura, acompanhamento e crítica aos acontecimentos, em tempo real. Um bom exemplo é a equipe de jornalismo comunitario @vozdacomunidade, criada há cinco anos e composta por jovens de 11 a 17 anos, moradores da comunidade da Vila Cruzeiro. Em apenas dois dias eles conseguiram multiplicar sua audiência de 180 para 20 mil seguidores (até às 22h do dia 28/11) e passaram a pautar a grande mídia e a informar o Brasil e o mundo. Diante deste, e outros resultados similares, a política pública de comunicação deve passar a pensar também em fomento para estas iniciativas de utilidade pública real.

Garantir a retomada do território pelo Estado, com o respeito primordial à vida das pessaos envolvidas (moradores, policiais e criminosos) é a ação fundamental no momento. Mas, diante da fiscalização da sociedade pela imprensa e pelas redes sociais, cabe às forças de segurança mostar em público, no primeiro momento possivel, a destruição desta grande quantidade drogas e armas apreendidos, para que não tenham o risco de retornar por caminhos tortos novamente aos agentes do tráfico.

Apresento minha solidariedade ao povo das comunidades marginalizadas do RJ e aproveito para parabenizar a ação integrada das forças de segurança naquele estado. Temos companheiros que atuam na construção da cidadania nas comunidades, há décadas tomadas pelo poder do tráfico, e também nas polícias e governos. A estes estedemos nossa admiração e solidariedade e desejamos muito sucesso no restabelecimento da paz e da cidadania na cidade maravilhosa, lindo cartão postal do Brasil.

Inês Simon - ES
jornalista, especialista em Segurança Pública

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