terça-feira, 16 de novembro de 2010

Galera da paz, por Tarcísio Bahia


No fim de semana passado meu filho, que nem quatro anos completou, foi batizado numa roda de capoeira, ganhando a corda azul. A cerimônia toda durou duas horas, o que justifica o fato de eu poder ficar uns dois anos sem ouvir “é o a, é o b é o c, a de atabaque, b de berimbau e c de capoeira” entoado pelos animados capoeiristas repetidamente.
Misto de dança e luta, a capoeira é também uma espécie de culto capaz de encantar os leigos por um breve tempo, principalmente quando estamos passeando tranquilamente em férias de verão e vemos uma roda. Já para os próprios capoeiristas a coisa é séria. Mas não ao ponto de os tornarem sisudos ou críticos em relação aos não praticantes. Capoeira é uma coisa alegre, tem gingado, faz bem ao corpo e à alma. É da paz... Só falta mesmo um maestro arranjador para dar um jeito no ritmo e na harmonia das músicas.
Outra galera que só quer saber de curtir são os surfistas. E a música deles até que é bem maneira. Até hoje curto Dire Straits com Sultans of Swing e Lulu Santos cantandoComo uma onda. Falando nisso, a onda, o surf tem nela sua razão de ser, mas sem tirar importância do restante do contexto: a praia em si, gatas, luau, gatas, pôr do sol, gatas, natureza... gatas. Se hoje tá na moda praticar esportes relacionados à natureza, o surf é um dos pioneiros nessa relação idílica com o meio ambiente. Todo surfista, apesar dos poucos recursos gramaticais, é gente boa, tranquilão, desprendido, sem vaidades, enfim, tá sempre de bem com tudo.

O problema é que não dá pra viver de capoeira ou de surf (tá, sei que alguns conseguem, mas isso não é a filosofia da coisa), e o jeito é mesmo arrumar algum emprego para poder pagar as contas uma vez adultos. Mas, enquanto jovens, às custas dos pais, fazer capoeira, surf ou qualquer outro esporte, principalmente aqueles aonde não há disputa de desempenho, é bom na formação da disciplina (surfista, por exemplo, acorda de madrugada sem reclamar), no cuidado com a alimentação e na formação do caráter.
Nunca fiz capoeira, mas sim judô quando pequeno (tá bom, não cresci tanto assim) por incentivo e esforço dos meus pais, afinal meu pai pagava e minha mãe me levava para o tatame. Só que acho que não levava jeito para a coisa. Mas ao longo da vida já fiz natação, handebol, tênis, muita bicicleta e até ioga! E joguei bola, é claro, apesar de nunca ter sido craque com a pelota. E aí, das duas uma, ou passava para o futebol de botão, ou esquecia o esporte. Não foi uma coisa nem outra, afinal adoro quando o meu Botafogo ganha, fico louco quando ele perde, e sempre que sobra um tempo dou uma corridinha na orla da praia.
Mas se pudesse voltar no tempo, acho que teria tentado ser surfista, afinal são tantas gatas...



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