quinta-feira, 3 de março de 2016

Lulismo, "Lava Jato", Seletividade judicial e seus possíveis efeitos perversos (José Roberto Bonifácio)

Por alguns motivos Lula virou alvo desta suposta "perseguição" judicial:
1- Lula ocupou espaço midiático por mais tempo e em maior extensão do que qualquer outro membro da classe politica na ultima metade de seculo - não fez uma adequada gestão de imagem para evitar que sua reputação atraísse associações negativas ou onerosas e assim criou oportunidades para que as editorias o tivessem como "figurinha fácil" nas manchetes e assim turbinar a venda de jornais e revistas;
2- Lula tripudiou da justiça (no episodio da "vaquinha" para pagar multa do TSE, se não me engano) e através duma duzia de blogueiros financiados por estatais quis transformar magistrados em sparrings - olvidando que estes tem ego inflado, tem elevada formação intelectual e autoimagem exagerada, logo não são bananas feito certos lideres tucanos...
3- Lula ganhava em palestras 10 vezes mais que FHC e 6 vezes mais que Kissinger sem ter a mesma formação intelectual de ambos -sendo que entre os pagantes dos eventos se tem uma megaempreiteira que se tornaria a primeira a receber um empenho superior a 1 bi de reais da União, a Odebrecht;
4- Lula se exibe sistematicamente na companhia de milionários e bilionários (no caso Eike) de praticas suspeitas ou de passado nebuloso.
5 - Lula e o PT se gabam rotineiramente de colocarem em pratica um montante de investimentos públicos tal qual não havia no Brasil desde os PNDs do regime militar e - em período democrático - desde o Plano de Metas juscelinista (possivelmente superior a este), o que facilmente transporia a cifra de R$ 1 trilhão - logo as chances de corrupção proporcionalmente são imensas;
Se ao menos estas cinco coisas não servirem para fundamentar e caracterizar uma preocupação do Judiciário nada mais poderá.
De todo modo, e considerando especialmente o ponto 2, e tendo em vista a propensão dos juízes em agirem como "maximizadores de reputação", ha uma potencial virtualidade positiva para o investigado, a chance de vir a tornar-se o que os norte-americanos chamam de "campeão do sistema judicial", o cara que venceu o sistema e guardou a fé. Seria um tremendo e fatal gol contra da oposição para a qual supostamente Moro e Cia trabalham (pela ótica dos blogs oficialistas).
A perseguição (sem aspas) é real e palpável mas não imotivada, injustificada e ilegitima.
Trata-se da reação societária a um caso documentado, constatado e reincidente de delinquência institucional dum lider politico antes, durante e apos deixar a Presidência da Republica.
Por seu turno, as alegações que comumente servem de base às acusações de caçada humana ao ex-presidente, seu pretenso capital politico e as altas chances de vencer novamente eleições em 2018, são manifestamente incertas senão falsas.
Desgaste de imagem e de reputação afetam lideres políticos históricos nas mais variadas democracias, de Churchill a De Gaulle, e não vem a ser algo estranho ou inusitado. Com ou sem a incidencia pretensamente "seletiva" ou direcionada da "Lava Jato" os prospectos eleitorais lulistas decairiam. Cedo ou tarde.
Entretanto, como se viu o tiro do Judiciário pode sair pela culatra. E o raciocínio ou lugar comum lulista (como seu adversário) fatalmente não alcançar os resultados pretendidos.

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