Em outubro de 2016, os eleitores brasileiros elegerão prefeitos e vereadores dos 5.570 municípios. Mas, neste ano, a eleição será regida sob novas regras, aprovadas na minirreforma política promulgada em setembro de 2015.
As principais mudanças que impactarão diretamente as campanhas e, consequentemente, as pesquisas eleitorais são: os candidatos serão oficializados em 15 de agosto, não mais no início de julho, como ocorria até 2014; as campanhas eleitorais terão a duração de apenas 45 dias, metade do que era antes; o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV será transmitido durante 35 dias, 10 a menos do que na eleição anterior; o voto será impresso e o eleitor deverá conferi-lo antes de concluir a votação.
Outra mudança é que, desta vez, haverá mais tempo para inserções comerciais do que para o programa eleitoral gratuito, o que pode encarecer as campanhas, que neste ano não terão financiamento de pessoa jurídica.
Além disso, o eleitor está sob o impacto das operações da Polícia Federal, que a cada semana acrescenta novos nomes à lista de envolvidos. Tudo isso sem contar com a crise financeira pela qual passa o país, com inflação alta, desemprego crescendo e sem perspectiva de melhora no curto prazo, segundo as projeções econômicas.
Com tudo isso, a pergunta que fica é: como será que o brasileiro vai votar na próxima eleição?
As pesquisas eleitorais cumprirão o importante papel de acompanhar a movimentação das opiniões dos eleitores ao longo de todo processo eleitoral. Vale sempre lembrar que o objetivo da pesquisa não é o de acertar o resultado da eleição, e sim retratar o presente, e não o futuro, da decisão do eleitor.
Para complicar mais um pouco esse quadro já bastante complexo, ao longo de diversas eleições percebemos que a decisão de voto do eleitor está cada vez mais tardia e também mais volátil, principalmente em se tratando de eleições municipais. Esse processo se dá não por alienação do eleitor, mas sim porque ele espera até o último momento para decidir o seu voto com convicção. O espaço de tempo para a formação das opiniões será bem mais curto, portanto, poderia se imaginar que os atuais prefeitos que concorrerão à reeleição levariam alguma vantagem, mas, em pesquisa nacional recente, observa-se que as avaliações dos prefeitos brasileiros, em média, não estão nada bem.
O saldo do conjunto dos prefeitos é negativo em 12 pontos percentuais (40% dizem que a administração do prefeito de sua cidade é ruim/péssima, 30% a consideram regular e 28% a avaliam como ótima/boa).
Por outro lado, os candidatos menos conhecidos terão mais dificuldades para se apresentar e conquistar o eleitor, em decorrência da curta campanha. Mas não é possível afirmar que os mais conhecidos sairão vencedores, pois há um grande desejo de mudança na forma de se fazer política do país. Pesquisa de dezembro do Ibope Inteligência mostra que a maioria (54%) afirma que votaria com certeza ou poderia votar em um candidato que não tivesse experiência política. Outro dado importante é que 40% declaram que votariam em um prefeito de oposição ao atual; 30% dizem que votariam no atual prefeito ou alguém indicado por ele e o restante se divide entre não votar (16%) e não saber ainda o que fará (15%).
Esses números mostram que as pesquisas serão fundamentais para acompanhar a evolução das opiniões e a possível transformação do eleitor brasileiro, que agora está empoderado. Ainda mais com a ampliação do acesso à internet!
Com poucos recursos financeiros, as campanhas on-line certamente ganharão mais importância. A internet e as redes sociais ainda não são os principais meios de informação que os eleitores utilizam para a tomada de decisão do voto, mas vêm ganhando força. A televisão continua sendo a principal fonte de informação para 51% dos brasileiros, seguida pelas conversas com amigos, parentes e colegas mencionada por 22%. Em outubro de 2008, eram apenas 3% os eleitores que disseram ter usado a internet como fonte de informação sobre as eleições municipais, enquanto hoje 19% mencionam que usarão a internet e as redes sociais para se informar sobre o próximo pleito.
Diante desse quadro, pode-se afirmar que as eleições de 2016 trarão muitas surpresas e viradas de última hora!
(*) Márcia Cavallari Nunes, CEO do Ibope Inteligência
Fonte: Valor Econômico / Eu & Fim de Semana (09/01/16)
Nenhum comentário:
Postar um comentário