quarta-feira, 2 de setembro de 2015

"O Peemedebismo na era post-lulista: entre silêncios, hesitações, incertezas e rumos" (José Roberto bonifácio)

Os spots televisivos do PMDB foram ao ar antes dos do PSOL, mas não foram tão reiterada e extensamente comentados como os deste ultimo.
"O Brasil fez apostas que não deram certo", "Aceitar a verdade" e "O Brasil é maior" foram alguns dos motes recitados pelos politicos e lideres partidarios convidados a participar da peça publicitária.
A tonalidade e o direcionamento é claro, firme e bem premeditado.
A sinalização, como todos devem saber, é a de ruptura elusiva com o governo federal petista e de recepção à tese impedimentista, seja ela de qualquer origem ou motivação possivel - como a mais recente hoje impetrada pelo jurista Helio Bicudo, ex-simpatizante do PT e atualmente um ativo critico da legenda e do lulismo.
O rompimento qualifica-se como "elusivo" por não oferecer maiores detalhes e pormenores acerca do rumo a ser seguido ou dos procedimentos a serem mobilizados. Aqui a diferença com relação à propaganda do PSOL, por mais setorialista e direcionada às minorias etnicas e de genero que esta seja, fica muito marcada.
Nada se diz, p.ex., sobre a politica macroecnomica, topico sobre o qual repousam dimensões tão criticas e prementes para o país como: a (i) sustentabilidade financeira e orçamentária do setor publico, (ii) a coerência e a habilidade das decisões coletivas do Presidencialismo de Coalizão e (iii) o bem estar de algumas dezenas de milhões de pessoas recentemente (temporariamente?) subtraidas à condição da pobreza (a chamada "classe C" ou "nova classe média") e da exclusão social.
Nada se diz acerca dos desdobramentos institucionais e politicos da Operação Lava Jato, sobre as operações da PF e os indiciamentos do MPF, embora alguns dos maiores proceres da legenda (Cunha, Renan, Temer) sejam os potencialmente mais afetados. A elusividade aqui, para não dizer ironica, não poderia ser a mais propositada, como pareceu, para muitos, o ilusionismo do PSOL em agir como agente "terceirizado" de "blindagem" ao governo petista, ataque a seus adversários (Cunha o mais notorio, e o Peemedebismo, secundariamente) e defesa de sua agenda.
Como é de sua mesma natureza e história o Peemedebismo se comporta de maneira reposicionar-se no centro do sistema político, levando consigo toda a constelação de forças (nanolegendas, grupos de interesses, oligarquias regionais e, mais recentemente, grupos religiosos... etc) que o orbita. As consequencias, como de habito, serão avassaladoras.
O que nos leva à terceira ordem de ausencias ou lacunas no discurso: nada se mencionou sobre a presidente Dilma Roussef e seu mandato, suas políticas e seu gabinete. Ao menos não diretamente. Contudo, a sinalização que foi deixada pairando no ar (o silêncio eloquente) é inequivoca apartação prática, como antes meramente discursiva, entre o PMDB e o PT.
Caminhos separados, apos um relacionamento forçado, desconfortavel e tempestuoso entre duas subculturas politicas bastante singulares e opostas entre si, ainda que não tão dispares pelo prisma ético-moral.
Aliás atualmente nenhum analista ou observador da cena politica se arriscaria a diagnosticar diferenças notaveis neste quesito. O que aumenta ainda mais a incerteza e a imprevisibilidade decorrente dos silêncios e da elusividade peemedebista.

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