quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Deu no Jornal (08/01/15)


"'O mar não está tranquilo e há nuvens pesadas'
Greves e demissões no setor automobilístico, no berço do PT, vão enfraquecer o governo dos trabalhadores. Num momento em que todos os discursos vindos de Brasília vão na direção de cortar benefícios para o setor, a presidente Dilma Rousseff pode enfrentar resistência maior do movimento sindical, diante do acordo quebrado de manutenção de empregos em troca de isenções fiscais, afirma a cientista política Sonia Fleury, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV):
- O governo Dilma é de uma coalização bastante ampla. Não é um governo petista puro. No primeiro ministério do Lula, havia uma predominância de sindicalistas. Os governos foram se afastando da identificação com o movimento sindical, embora tivessem o apoio.
Para o professor de História Contemporânea da UFRJ Francisco Carlos Teixeira, essa crise atinge as bases do partido, o que pode intensificar a oposição dentro do próprio PT, inclusive por causa da política econômica de austeridade adotada.
- A coalização é mais instável, e Dilma não tem o carisma de Lula, que falava com as partes e tinha sucesso em contornar as crises políticas. Reação de movimentos sociais e sindicatos é quase inevitável.
O professor de Ciência Política da UFF Eurico Figueiredo também tem essa percepção. Para ele, uma das armas do governo é o fato de os principais líderes sindicais, de certo modo, ainda estarem em contato com o governo.
- A base do PT é o sindicalismo, ela tem enraizamento orgânico com a sociedade. Mas, com o agravamento da crise, as próprias lideranças são obrigadas a ceder às bases e podem radicalizar.
Figueiredo cita os movimentos sindicais organizados e as manifestações espontâneas que tomaram as ruas em junho do ano retrasado.
- O mar não está tranquilo e há sinais de nuvens pesadas.
Para Sonia Fleury, se os sindicalistas tiveram a ilusão de que poderiam influenciar as decisões dentro do governo, descobriram agora, com as demissões no setor automobilístico, que não.
- O que conta é a influência na sociedade. Mostra que governo é governo, sindicato é sindicato. Há possibilidade de diálogo, mas cada um no seu quadrado. Eles voltam ao papel de defesa dos trabalhadores. A política de benefícios não funcionou. Aprendemos todos. Uma política que não melhorou o desempenho da indústria, que não investiu em inovação e se acomodou. E sobrou para o mais fraco: o trabalhador que vai perder o emprego" (Cássia Almeida – O Globo).
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"Frente de oposição quer disputar SP com Marta
A Frente de Oposição, bloco formado pelo PSB, Solidariedade (SD), PPS e PV na Câmara, tenta atrair a senadora Marta Suplicy (PT) para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2016. À frente das negociações, o presidente nacional do SD, deputado Paulo Pereira de Silva (SP), o Paulinho, teve duas conversas com Marta no fim do ano passado e deve retomar as negociações ainda este mês.
Paulinho disse a Marta que a senadora poderá ter tempo de televisão semelhante ao do PT e do PMDB. "A candidatura pelo bloco pode ser uma alternativa viável. Ela poderá ter as mesmas condições para disputar que teria nos partidos grandes", afirmou.
.... Desgastada com a presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marta perdeu espaço no PT e deve deixar em breve o partido. A senadora saiu do ministério da Cultura no fim de 2014 em meio a críticas ao governo e atacou a escolha de Juca Ferreira para sucedê-la" (Cristiane Agostine – Valor Econômico).
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"Lava Jato atinge obra da Mendes Júnior
• Com dificuldades de crédito, construtora deixa cerca de 500 operários da Transposição do São Francisco sem receber 2ª parcela do 13º salário
Os funcionários da construtora Mendes Júnior, nas obras de Transposição do Rio São Francisco, já começaram a sentir os efeitos da operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga esquema de corrupção nos contratos da Petrobrás. Sem crédito na praça e sem receber da estatal, a construtora não fez o pagamento da segunda parcela do 13.º salário, previsto para 20 de dezembro, para os cerca de 500 empregados que continuam na obra.
De férias coletivas desde o dia 18, os funcionários voltaram ao trabalho na segunda-feira e continuam parados. "No escritório da empresa (em Salgueiro-PE), dizem que não há dinheiro nem para comprar combustível para colocar nos veículos e equipamentos da obra. Por isso, os funcionários ficam de braços cruzados sem saber o que fazer", afirma o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado de Pernambuco (Sintepav), Luciano Silva....(Renée Pereira - O Estado de S. Paulo)

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