quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Sem noção (Roberto Beling)



Falta de tino desses apresentadores do ESTV 2º Edição na entrevista com Camila Valadão. Insistindo na questão da falta de experiência em gestão, como se essa questão fosse importante em uma candidatura, que, para usar uma expressão de outras jornadas, é uma anticandidatura, isto é, uma candidatura denúncia, protesto e que ocupa o espaço para marcar uma posição. 
Álias, se conhecessem um pouco do processo, saberiam que esse discurso é batido e nunca funcionou. Vou ficar em dois exemplos ou histórias recentes, Na eleição de 1992, para a prefeitura de Vitória, a então marqueteira de Coser, atacava Paulo Hartung no horário eleitoral do PT mostrando uma carteira de trabalho em branco, como a insinuar que o candidato nunca havia trabalhado na vida e, portanto, não estava apto a governar Vitória. PH, não apenas foi eleito, como realizou uma excelente gstão e emplacou como resultado o sucessor.
Durante não sei quantos eleições, o mantra da crítica e desqualificação a candidatura de Lula era o fato de nunca ter exercido um cargo executivo, seja como prefeito ou governador, como a dizer que, por falta de experiência em gestão, não estava apto ou preparado para exercer o governo. Lula não apenas foi eleito e governou, como está aí, por força de seu carisma, a eleger postes e mais postes.
Não quero dizer com isso, que Camila seja um nome viável e eleitoralmente competitivo, mas que tem que ser discutida a partir da condição de uma candidatura que busca representar um discurso ideológico, cada vez mais raro entre partidos que se proclamam de esquerda, e as vozes daqueles que recusam o sistema político, ou dito de outra formas, as vozes que se fizeram presentes nos protestos e nas jornadas de junho e não encontram ou não se consideram representados pelas forças que hegemonizam o processo político.
E por falar em tarifa zero, já que perguntado foi, ela saiu das ruas e virou proposta de um presidenciável que acabou de nos deixar. Saiu das pautas dos movimentos de transporte que, em anos outros, abalaram Florianópolis e Salvador e entrou na agenda nacional. Sonhar é possível.

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