terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Ainda sobre a Coligação Democrática no ES (Roberto Beling)


A Coligação Democrática, aliança programática entre a Rede e o PSB, foi a grande novidade do processo político de 2013. Resultado inesperado do processo de negação de registro da Rede Sustentabilidade produziu graus variados de perplexidade e trouxe um forte componente de imponderabilidade ao processo político brasileiro, especialmente àqueles que sonhavam com uma eleição resolvida na história do “pão pão, queijo queijo”.  
Perplexidade e um campo imenso de possibilidades e interpretações. Em um primeiro momento se trabalhou no sentido de buscar uma integração das estruturas partidárias; depois, a afirmação da identidade própria de cada partido. Para a Rede a hora de afirmar o discurso do “partido não legalizado, partido de fato”. E o reconhecimento de diferenças em concepções estratégicas entre as duas legendas.
Esse dado, que aparece na forma de condução da política de alianças nos estados, levou Marina Silva a afirmar na entrevista conjunta com Eduardo Campos, ao final do Seminário Programático PSB&Rede, que "a nossa aliança não é verticalizada. Ela não estabelece para a lógica dos Estados a mesma do plano federal" e que "não teremos como ter um bom programa no plano nacional que não se reflita nos Estados", ou seja, a estratégia é discutir um plano nacional para depois compor os planos regionais.
Na fala de Marina isso quer dizer que nos estados decisões não serão tomadas de forma “verticalizada” em relação à aliança nacional, no entanto deverá haver coerência nas questões regionais com o programa de governo gestado nacionalmente.  Isso significa que no âmbito regional, militantes da Rede Sustentabilidade e do PSB podem apoiar candidatos diferentes para as eleições de 2014. E para deixar claro, Marina citou o exemplo do Paraná, em que o PSB deverá se unir ao PSDB, e a Rede ao PV.
Temos, pois, um processo delicado e sutil para a construção de convergências e a busca de entendimentos, mas que a Coligação não será reproduzida automaticamente nos estados isso não o será. 
Eduardo Campos tem uma visão, digamos, mais otimista do processo e acredita que boa parte do caminho aponta para um quase céu de brigadeiro no vôo da Coligação. 
Conforme ele: “até 90 dias atrás, estávamos vivendo outra realidade. Demos conta de superar o revés do não reconhecimento da Rede como partido e construímos um entendimento programático e deixamos que nossos companheiros nos estados se conheçam e encontrem convergências. Dos 27 estados, temos mais de 20 com um caminho muito aplainado e tranquilo entre a militância da Rede e do PSB”. E as dificuldades na construção do consenso político entre os marineiros e pessebistas estaria restrita aos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Maranhão e no Distrito Federal.
E por que todos esses comentários revisitados? Maravilha: se há ruídos, dificuldade e falta de consenso em seis estados, e citados são Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Maranhão e Distrito Federal, isso significa que para Eduardo Campos a relação entre PSB e Rede no Espírito Santo é uma relação aplainada, resolvida e consensualizada. É a única dedução possível. 
Como tentei mostrar em artigo nesse blog, as relações entre as duas legendas no Espírito Santo apresentam uma série de dificuldades, especialmente no que diz respeito a relação institucional entre as duas legendas. Para colocar mais um exemplo dessa questão institucional: há dois meses o PSB tem uma nova direção estadual que até o momento não fez nenhum movimento no sentido de estabelecer uma interlocução com a representação institucional da Rede/ES. Ao lado da questão institucional, colocam-se as questões programáticas e a questão da compatibilização de um palanque nacional e o palanque regional, o que pode ser observado nas manifestações dos redistas nos debates do Grupo da Rede no facebook (Espírito Santo em Rede).
Portanto, se Eduardo Campos está colocando o Espírito Santo no pacote das situações resolvidas nos estados, apenas uma conclusão é possível (e sendo extremamente sintético para não me permitir muitas ilações, e não correr o risco de cometer injustiças): alguém está vendendo ao governador de Pernambuco um produto que não vai poder entregar. 

Um comentário:

  1. Essa procura por um consenso específico para cada realidade é uma natural estratégia do mercado político, porém com o diferencial de a rede observar princípios e critérios para os acordos, trabalhamos pela implantação de novos valores (ou velhos valores esquecidos), novos conceitos, nova forma de planejar, nova forma de olhar e planejar a Gestão Pública, No ES temos que buscar nos partidos as idéias de consenso, se não tiver, entra todos na lenha da comunicação social fluente que se consolida com a mescla das grandes e pequenas mídias através das redes sociais. Estamos aí para somar, para lutar pela justiça e resgate da moral do Estado, aqui até o governador come na mão do setor privado mais endinheirado do mundo (Aracruz, Vale, Acelor, Samarco,....só pra começar.

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