domingo, 22 de abril de 2012

Ilações sobre eleições e comportamento eleitoral em Vitória

Ainda sobre os números de uma pesquisa eleitoral em Vitória, depois das leituras do Século Diário e do artigo de André Hees em A Gazeta e dando continuidade aos comentários exposto no meu artigo "Eleições em Vitória: desconstruindo mitos e armações." 

1.Razão assiste ao Século Diário ao estranhar a ausência de intenção de votos em Coser na pesquisa espontânea no levantamento da Futura. Afinal, ele é mencionado na da Enquet e bem mencionado para quem não é candidato.
Não se pode ignorar que em qualquer pesquisa na menção espontânea, mesmo que o presidente, governador ou prefeito não sejam candidatos eles são sempre lembrados e mencionados.Foi assim com Lula com Dilma candidata. Foi assim com PH e Casagrande candidato. Foi assim com Luis Paulo e Cesar Colnago candidato. (*)


2. Não se pode decretar, com base em uma pesquisa meses antes da eleição, o sucesso ou fracasso de uma candidatura ou projeto partidário. Os resultados refletem o estoque de capital político apropriado pelos concorrentes naquele momento do processo. Esse capital, por menor que seja, poderá e será potencializado no decorrer da campanha a partir das condições próprias do processo e variáveis consolidadas no comportamento eleitoral e outras específicas que estruturarão a conjuntura eleitoral.

3. Esse potencial é que será trabalhado nas estratégias de campanha. E ele não se manifesta nas preferências expressas nesse momento. Ou seja, se assim não fosse, a Dilma com seus 3% iniciais em pesquisas estimuladas e quase traço na espontânea não seria presidente. (**) 


4.Para analisar possibilidades eleitorais de um candidato petista não se pode esquecer que há em Vitória um campo político-eleitoral agregado a partir de eleitores fidelizados e aderentes ao PT, simpatizantes e influenciáveis pelo partido, admiradores e apaixonados pelo carisma de Lula, e setores movidos por um sentimento "antitucano" e anti"neoliberal" (como é o caso do pessoal d...a universidade e estatais).
Esse campo político-eleitoral, talvez, represente um terço do eleitorado da Capital, o que pode ter sido expressado na votação de Dilma no 1º turno da eleições presidenciais. Esse seria o patamar inicial de votos a ser buscado por um candidato petista, tendo competência e capacidade para motivar e mobilizar esse potencial. (***)


5. Sendo repetitivo. Esse percentual, portanto, não aparece como intenção de votos expressa nas menções a qualquer candidatura do PT, pois ainda não se estabeleceu a relação de identidade entre esse eleitor e o candidato. Essa identidade se constrói no decorrer da campanha, nas estratégias, mobilização de recursos e no uso dos símbolos que se lance mão, ou seja, como se irá trabalhar as razões mas principalmente as emoções do eleitor que se quer atingir


6. Da mesma forma, há um campo político-eleitoral agregado por eleitores fidelizados por ou simpatizantes de partidos da oposição ao PT, como é o caso do PSDB, e eleitores agregados não só pelo fracasso da administração do prefeito João Coser mas nutridos por um forte sentimento antipetista. A principio, esse eleitor votará em qualquer candidato que represente e articule o discurso "antiPT".
Assim, como no caso da votação de Dilma, esse campo político-eleitoral represente em torno de 1/3 do eleitorado da capital e esteja também representada na votação de José Serra no 1º turno da eleição presidencial


7. Nessa polarização quase consolidada, ou seja, entre esses dois campos "ideológicamente" ou "partidariamente" definidos (entendido esse ideológico ou partidário com a fluidez ou matiz necessárias que a política brasileira coloca), há um campo de eleitores cuja oscilação para um lado ou outro definirá o resultado das eleições. Campo político-eleitoral constituído por um contingente de eleitores "pragmáticos", preocupados com os resultados da Administração e de como a Administração vai afetar suas vidas ou seus interesses. Votará em quem assegure segurança em relação a essa questão, independente de vir associado a direita ou a esquerda. 8. O voto desse segmento de eleitores "pragmáticos" é, portanto, fortemente influenciado pelos resultados de uma gestão. Dessa forma, o elevado índice de reprovação da administração Coser poderá afetar negativamente as possibilidades eleitorais de um candidato que represente o "campo petista". O desafio é como, mobilizando as marcas e símbolos do partido e se associando a imagem positiva da presidente Dilma, ao mesmo tempo, se "desvencilhar" da imagem de uma administração petista fracassada em nível da Cidade. (****).

Comentários: 
(*) Ronaldo Cassundé. 
De fato, um procedimento muito atípico, já que é de interesse público o conhecimento do peso de determinados nomes na espontânea, ainda mais quando está em jogo um prefeito de capital ao término de oito anos de mandato. Seria algo assim: se está tão ruim, pq tem "X" por cento na intenção do eleitorado mesmo sem ser candidato? Saber quanto é o "X' desta questão ajuda a analisar o cenário pré-eleitoral. 

(**) Ronaldo Cassundé.
Justamente! São inúmeros os casos de candidaturas que saíram "de baixo" e ganharam eleição. Sobretudo quando existem as condições favoráveis para um bom arranjo político, chapa proporcional com bastante densidade eleitoral e tempo de TV (nu...m município onde existam emissoras locais), o que permitirá a exploração estratégica da base qualitativa dos dados monitorados cotidianamente... E lembremos: o Horário Eleitoral Gratuito de Rádio e Televisão, "pai e mãe" das mais espetaculares viradas políticas, só começa em AGOSTO!!!

(***)Carmem Masoco.
O percentual de votos que o PT agrega em Vitória, independe de quem seja o candidato do partido, poderá chegar a 35% dos votos.

(****) Mauro Petersem Domingues.
Eu sou daqueles que acho que a administração decepcionante de Coser interditou o caminho do PT em Vitória não só agora mas por mais algumas eleições. É pena porque Iriny parece que vai pagar uma conta que não é, propriamente, sua. Mas concordo com isso: um partido tem que responder pela administração que conquista nas urnas, para além da pessoa dos eleitos. 
Pena que a mesma lógica raramente seja aplicada aos demais partidos. Mas isso se deve ao fato de que os outros não são propriamente partidos, não é?

Roberto Beling: ‎Mauro, o que deixei nas entrelinhas é a possibilidade dos eleitores tradicionais desse campo dissociarem a candidatura do PT da imagem de Coser, ou seja, interpretarem esse fracasso como do "companheiro" e não do projeto.

Mauro Petersem Domingues Possível, sim, é! Mas não creio que seja esse o comportamento que irá se dar. E em boa medida, temos o problema de saber que, mesmo com a mudança do nome de Coser para Iriny, muito da administração de Coser sobreviveria na nova gestão, carregando "companheiros" que estão merecendo cartão vermelho. Infelizmente, o estrago já está feito!

Roberto Beling
PS.:artigo postado em 11/04 no face. Agora, revisado para postagem no blog. Como vcs poderão observar, em função de alterações no blospot, estou com dificuldades na edição do texto. Espero conseguir descobrir logo como resolver o problema.

Um comentário:

  1. PRIMEIRO DE MAIO

    Partindo de um trabalho Rudimentar,
    Rudimentar sob o ponto de vista dos ditos “Inteligentes”
    Inteligentes é o que eles pensam ser da forma como estão Mandando
    Mandando a torto e a direito, imaginando serem sempre os Entendidos
    Entendidos sim, são aqueles outros ditos como escravos; estes são Integros
    Íntegros e superiores a todos os que se julgam inteligentes e Revolucionários.
    Revolucionários, estes devemos ser todos nós, procurando ser um e menos um Otário.
    Otário é o que devemos mostrar que eles são agora, e não Depois.
    Depois de fazermos eles refletirem e eternamente Enxergarem,
    Enxergarem o que e como deve ser a forma de “Mandar”,
    Mandar, deveria ser trocado pela palavra Amar.
    Amar com boas atitudes, não julgando os outros como Ignorantes,
    Ignorantes são aqueles que mais tem poder e Ousam,
    Ousam mais em crescer a si próprio com a destruição do outro,
    Outro, este deveria ser outro PRIMEIRO DE MAIO, onde a dignidade deveria ser igual para todo e qualquer ser trabalhador, empregado ou não.
    Em fim, igual para todo ser humano que deseja ser entendido e respeitado como gente e construtor de um mundo melhor!

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