quarta-feira, 18 de abril de 2012

Eleições em Vitória: desconstruindo mitos e armações.

O Século Diário tentou cantar a pedra sobre a pesquisa da Futura publicada no domingo em A Gazeta:

"Cirurgia plástica
Como faz há quase 10 anos, o instituto Futura entrou em campo para beneficiar Paulo Hartung. Desta vez, com um bisturi em mãos. A pesquisa do instituto Enquete para a disputa em Vitória arranhou, ou melhor, talhou, a imagem do ex-governador, que muitos supunham irretocável. Segundo os números da Enquete, publicados em A Tribuna, PH aparece com 36% na estimulada e módicos 9,7% na espontânea, um pouco à frente de Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB). A Futura, pois, deve operar uma intervenção cirúrgica de reparo. Começou bem, deteriorando a figura do prefeito João Coser na pesquisa desse domingo (8) em A Gazeta. Agora, falta o grand finale, corrigindo o desgaste de PH revelado pela Enquete. Aí, sim, a operação será um sucesso. E retumbante."

Não colocando em dúvida o trabalho da Futura, mas constatando:
Efetivamente, na intenção de voto estimulada há diferença relevante entre a pesquisa da Enquet e da Futura. De 36% em uma, sobe para 42,5% em outra.Será um upgrade da Futura? Será que o Século Diário tinha razão na tentativa de vaticínio de ontem? Ou, efetivamente, novos fatos políticos, construídos no curto espaço de tempo entre uma e outra pesquisa, levaram a alteração significativa nos humores e preferências do eleitorado da Capital?

Já na intençao de voto espontânea os resultados Enquet/Futura coincidem. Ou seja, PH aparece nas duas com 11,5% das intenções de voto.
Esses números desmontam o discurso de uma candidatura Hartung como arrazadora em Vitória. Os números não sustentam o discurso que sendo Hartung candidato não tem para ninguém. Na verdade, mostram que é forte mas teria que suar a camisa para vencer. Como disse em comentário anterior, mostram que PH em Vitória não é nenhuma Brastemp.

Também não dá sustentação a afirmação de PH que "a pesquisa mostra um forte apelo da população ao modelo de gestão que montei". Mostra aonde e como?
Neucimar Fraga, o prefeito mais mal avaliado da Grande Vitória, obtém também o percentual de 11,5% na pesquisa de avaliação em Vila Velha. Alguém imagina Neucimar Fraga lendo esses números como "forte apelo da Populaçao ao modelo " que montou?
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Álias, PH não pode esquecer que ele não foi o único prefeito de Vitória que inovou em práticas de gestão e foi bem avaliado. Seu antecessor, Vitor Buaiz, inovou com o orçamento participativo e tornou a educação de Vitória uma referência. Saiu bem avaliado e "o apelo da população ao modelo que montou" o levou ao Governo do Estado. Seu insucesso lá, é outra discussão. Isso, para não falar também em seu sucessor, Luis Paulo Veloso Lucas, que inovou e muito com projetos que poderiam ser tomados como de referência internacional, como o Projeto Terra (que foi maquiado com outro nome) e a Rede Criança (esse, infelizmente e inexplicavelmente desativado).

Na verdade, os tres prefeitos anteriores a Coser terminaram seus mandatos bem avaliados e com um bom capital político que, evidentemente, com o tempo e a distância, vai perdendo densidade e substância.
Isso se deve ao fato que em Vitória cada eleição é uma eleição (parece abobrinha, mas não é), com parte significativa do eleitorado definindo seu voto em função das caracterísicas do momento e dentro de variáveis próprias de cada conjuntura política.

Ou seja, Não há no eleitorado de Vitória lealdades consolidadas a uma ou outra liderança política, aquela fidelidade política que faz o eleitor seguir cegamente uma liderança política, tão própria de sistemas oligarcizados e independente das intempéries da conjuntura política.
Há, sim, segmentos do eleitorado que tem simpatias difusas por um campo político ou partido. É inegável que o PT tem um eleitorado fiel e um segmento simpatizante que, em situações de normalidade, a principio, tende a lhe conferir o voto.
Assim, como há um campo que tem sentimentos difusos antipetistas que se bem trabalhados podem resultar em sucesso para o discurso ou político que busque articular esse voto.

As insatisfações ou desencantos são outra discussão.

Assim, em cada eleição, o candidato tem que saber "vender o seu peixe", já que não há alinhamentos automáticos ou votos de cabresto.

Cabrestos e currais eleitorais existem apenas na votação de algumas lideranças de base comunitária ou no controle de fiéis exercidos por alguns pastores de determinadas igrejas neopentecostais. Ajudam nas eleições? Ajudam, mas não são suficientes para eleição de uma candidatura majoritária.

Obs.: artigo postado originalmente no facebook em 10/04

2 comentários:

  1. sou professora e gostei muito da materia

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    1. continue fazendo essas maerias vc so tem a ganhar pontos com os eleitores q te conhece tanto vc como o max parabens

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