Quem procurar formar opinião sobre a política capixaba pela leitura das colunas políticas da mídia local não vai conseguir entender nada dessa pesquisa publicada no domingo em A Tribuna.
Afinal, prá quem forma opinião pelos nossos cronistas, o ex-governador faz e acontece na política capixaba, pinta e borda, põe e dispõe. É a unanimidade que decide de antemão uma eleição, especialmente a de Vitória.
Diariamente, nossos cronistas gastam os seus espaços especulando em cima do "se", tentando decifrar o "enigma" dessa esfinge capixaba, vão enrrolando o leitor sobre as idas e vindas da possível candidatura. Vendem a idéia de que o processo só deslancha e é para valer depois das definições do líder e que outras possíveis candidaturas apenas fazem o papel de figurantes enquanto ele busca o momento certo da definição.
Pois é, se o nosso ex-governador é o fenômeno eleitoral que é, o que deveríamos esperar dos resultados de uma pesquisa de intenções de voto? Avassaladores números, coisas na casa de 65 a 75% das preferências dos eleitores em pergunta estimulada. Tivemos isso, por ex, com Vidigal na eleição passada na Serra
Mas, ao se debruçar sobre os números da pesquisa Enquet/Tribuna uma supresa de "pirar a cabeça" das velhinhas de Taubaté. Na intenção de voto espontânea, PH tem 9,7% das intenções de voto. Como? Se o nome é a unanimidade, como explicar esse número?
PH com 9,7%. Menos que Neucimar Fraga em Vila Velha na pesquisa Futura/Gazeta. Neucimar, que carrega a marca de gestor com a pior avaliação na Grande Vitória, tem 11% das intençoes de voto. Menos que Max Filho, com tres anos na planicie e sem caneta para nomear ou máquina para usar.
Nossos analistas vivem afirmando que outras possíveis candidaturas não tem a mínima possibilidade se a candidatura de PH fosse colocada. Será que o eleitor concorda?
Para confundir a cabeça da Velhinha de Taubaté, os números da espontânea mostram os nomes escolhidos pelos entrevistados embolados e em situação de empate técnico. PH, com 9,7% e Luiz Paulo, com 7,9%. João Coser, tambem em fase de profundo desgaste e avaliação em baixa, aparece com 6,4% (E olha que Coser não é candidato).
Na pesquisa estimulada nenhum fenômeno eleitoral a vista. Os 36% obtidos por PH não são nenhuma brastemp. Álias, para quem ocupou o poder durante 8 anos, sem crítica ou contestação e saiu sob o discurso da unanimidade são números frustantes.
Especialmente, se considerarmos que Luiz Paulo Vellozo Lucas e Luciano Rezende, somados, também atingem o patamar de 36%. Mais do que um palanque único, o eleitor de Vitória aponta para uma eleição acirradamente disputada no 1º turno.
Como falei no ínicio: quem se fia nos comentários de nossos colunistas e na louvação permanente a unanimidade do ex-governador não consegue entender bem esses números.
Mais do que análise, esforço de tentar construir a imagem desejada por PH, que só falta ser transformado em nosso El Rei Dom Sebastião e o eleitorado capixaba em uma massa milenarista de Sebastianistas. Para refrescar a memória e ajudar os nossos cronistas reais nas denominações possíveis em seus artigos, Dom Sebastião ficou conhecido como O Desejado; alternativamente, é também memorado como O Encoberto ou O Adormecido, devido à lenda que se refere ao seu regresso numa manhã de nevoeiro, para salvar a Nação.
Mas deixando de lado messianismos ou crenças milenaristas, tudo isso lembra aquela velha história de Garrincha. Estratégias definidas e explicadas e a pergunta: já combinaram com os russos?
No nosso caso, os russos são os eleitores; será que os estrategistas e nossos cronistas já combinaram com os eleitores?
Roberto,
ResponderExcluirTalvez seja mais prudente pensar no vazio de representação e de candidaturas,onde a falta esteja influindo mais que a existência.Assim,nada impede que o Mosquito possa novamente ser eleito,agora a nível estadual.O eleitor também poderia inovar,votando direto na Senhora Empreiteira ou na Dona Propina.
Luiz Leôncio Lorenzoni
Professor Roberto,
ResponderExcluirSempre muito bom ver sua ótima análise do cenário político. Muito pertinente a sua leitura objetiva dos dados. Como descrito, a busca pelo que o imaginário lê como "representante ideal" talvez esteja na descrença do que temos visto na esfera política, através dos desmandos - dos quais não convém listar.
Nesse sentido, erguer PH ao status de "eleito" ou "elegível", esteja diretamente ligado ao período pós-José Ignácio que esse político herdou e aos "fãs eleitores" que arrebanhou. Decepcionante é vermos que as opções de voto, com ou sem um "El rei Dom", promovem essa pseudo unanimidade. Talvez, como disse o Luiz no comentário anterior, o mosquito atinja a mesma - pelo menos em Vila Velha.
Um grande e saudoso abraço.
Zenaide Margon