quarta-feira, 11 de junho de 2014

Algo deu errado em Sampa (Luiz Carlos Azedo)


De todas as notícias negativas para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, até agora, a pior foi o resultado da pesquisa Datafolha em São Paulo, na qual a petista perderia a eleição no segundo turno por ampla margem. Entre os 31,8 milhões de eleitores paulistas, que representam 22% do total, Aécio Neves (PSDB) a venceria por 46% a 34%; Eduardo Campos (PSB), mesmo sem palanque local, por 43% a 34%. A pesquisa mostra que a estratégia traçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tomar dos tucanos o Palácio dos Bandeirantes e, simultaneamente, reeleger Dilma no primeiro turno está naufragando.

Lula tentou repetir no maior colégio eleitoral do país a mesma estratégia vitoriosa nas eleições da capital paulista, na qual conseguiu eleger o ex-ministro da Educação Fernando Haddad prefeito de São Paulo. Um ano e meio após tomar posse, o jovem administrador não conseguiu bom desempenho como gestor e amarga baixos índices de aprovação. Ou seja, é um péssimo cabo eleitoral para Dilma Rousseff. Deixou de ser também um trampolim para o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, o candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, que ainda não conseguiu decolar e permanece com apenas 3% dos votos. Lula acreditava que ele repetiria a performance de Haddad, quando nada porque o patamar de votos petistas estimado pelos analistas seria de 30%.

Com os desgastes do governo federal com os paulistas — tem apenas 23% de aprovação —, a rejeição de Dilma em São Paulo chega a 46%, quando a média nacional é de 32%, o quê é considerado mortal para qualquer candidato pelos marqueteiros. A opção de Dilma no estado seria uma aproximação com o candidato do PMDB, Paulo Skaf, que tem 21% da preferência. O ex-prefeito Gilberto Kassab, outro aliado, com 4% dos votos, já deriva para a oposição.

Surpreendentemente, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), em meio à onda de greves e protestos violentos, tem 44% das intenções de voto e venceria no primeiro turno. Isso é improvável, mas já não se pode dizer que é impossível. A radicalização do movimento sindical no setor público, como na greve do Metrô, parece beneficiar o tucano, que joga duro com o movimento paredista e capitaliza a insatisfação da grande massa de usuários prejudicada pelo vandalismo e pela perturbação da vida urbana.

O padrinho da candidatura de Skaf em São Paulo é o vice-presidente Michel Temer, que espera ver o outrora poderoso PMDB de Ulysses Guimarães e Orestes Quércia renascer das cinzas, como Fênix. A lógica para o Palácio do Planalto seria o PT retirar a candidatura de Padilha e apoiar Skaf, numa chapa que poderia ter o ex-ministro na vice e o senador Eduardo Suplicy como candidato a mais um mandato. Mas isso é tratado como uma capitulação pela seção paulista da legenda, que conta com lideranças eleitoralmente robustas, como a ministra da Cultura, Marta Suplicy, e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, sem falar no ex-presidente Lula.

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