De todas as notícias negativas para a campanha à reeleição da presidente
Dilma Rousseff, até agora, a pior foi o resultado da pesquisa Datafolha
em São Paulo, na qual a petista perderia a eleição no segundo turno por
ampla margem. Entre os 31,8 milhões de eleitores paulistas, que
representam 22% do total, Aécio Neves (PSDB) a venceria por 46% a 34%;
Eduardo Campos (PSB), mesmo sem palanque local, por 43% a 34%. A
pesquisa mostra que a estratégia traçada pelo ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para tomar dos tucanos o Palácio dos Bandeirantes e,
simultaneamente, reeleger Dilma no primeiro turno está naufragando.
Lula tentou repetir no maior colégio eleitoral do país a mesma
estratégia vitoriosa nas eleições da capital paulista, na qual conseguiu
eleger o ex-ministro da Educação Fernando Haddad prefeito de São Paulo.
Um ano e meio após tomar posse, o jovem administrador não conseguiu bom
desempenho como gestor e amarga baixos índices de aprovação. Ou seja, é
um péssimo cabo eleitoral para Dilma Rousseff. Deixou de ser também um
trampolim para o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, o candidato do
PT ao Palácio dos Bandeirantes, que ainda não conseguiu decolar e
permanece com apenas 3% dos votos. Lula acreditava que ele repetiria a
performance de Haddad, quando nada porque o patamar de votos petistas
estimado pelos analistas seria de 30%.
Com os desgastes do governo federal com os paulistas — tem apenas 23% de
aprovação —, a rejeição de Dilma em São Paulo chega a 46%, quando a
média nacional é de 32%, o quê é considerado mortal para qualquer
candidato pelos marqueteiros. A opção de Dilma no estado seria uma
aproximação com o candidato do PMDB, Paulo Skaf, que tem 21% da
preferência. O ex-prefeito Gilberto Kassab, outro aliado, com 4% dos
votos, já deriva para a oposição.
Surpreendentemente, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),
em meio à onda de greves e protestos violentos, tem 44% das intenções de
voto e venceria no primeiro turno. Isso é improvável, mas já não se
pode dizer que é impossível. A radicalização do movimento sindical no
setor público, como na greve do Metrô, parece beneficiar o tucano, que
joga duro com o movimento paredista e capitaliza a insatisfação da
grande massa de usuários prejudicada pelo vandalismo e pela perturbação
da vida urbana.
O padrinho da candidatura de Skaf em São Paulo é o vice-presidente
Michel Temer, que espera ver o outrora poderoso PMDB de Ulysses
Guimarães e Orestes Quércia renascer das cinzas, como Fênix. A lógica
para o Palácio do Planalto seria o PT retirar a candidatura de Padilha e
apoiar Skaf, numa chapa que poderia ter o ex-ministro na vice e o
senador Eduardo Suplicy como candidato a mais um mandato. Mas isso é
tratado como uma capitulação pela seção paulista da legenda, que conta
com lideranças eleitoralmente robustas, como a ministra da Cultura,
Marta Suplicy, e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, sem falar
no ex-presidente Lula.
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