O Datafolha divulgou que 84% dos quase 100 mil manifestantes em São Paulo não tem nenhuma preferência partidária. A pesquisa de abrangência internacional ESEB 2006 esclarece que quase 70% da população brasileira entende que nenhum partido político representa a sua maneira de pensar.
Atônitos, a nossa classe política e alguns analistas buscam encontrar motivos pontuais que justifiquem ou tenham ocasionado as manifestações. Seria o preço da passagem? O crescimento inflacionário? O custo dos estádios da copa? O que seria?
Diria que tudo isso, mas, sobretudo, um desejo inafastável, do povo, em retomar a vida pública no País, redesenhar o modelo democrático que já não atende aos anseios da sociedade.
Os manifestantes têm dito que o “gigante” acordou. Esse acordar refere-se ao mais local dos desejos de qualquer cidadão, que é participar ativamente dos destinos da sua vida e da sociedade em que vive.
Trata-se de um basta estonteante ao modelo de fazer política no Brasil e, também, àqueles modos institucionais que relutam na permanência de práticas conservadoras e protecionistas.
Os jovens, na rua, demonstram capilarmente que o que não nos representa não é o Pastor Feliciano, o Renan Calheiros, etc., mas sim o modelo enferrujado de democracia representativa no qual esses e outros “cavalheiros” se refestelam. A sociedade exige por um modelo comprometido de democracia de participação.
Os jovens nos convocam para um novo modelo político. Chegaram ao fundo do poço as relações de identidade entre representantes e representados.
Estamos reaprendendo com a juventude que o povo nas ruas ganha força. As manifestações não cessarão, porque a demanda é local, é capilar, é na pele. Trata-se do desejo inexorável de quebrar o monopólio sobre a vida pública para melhores condições de vida.
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