quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Marina Silva faz discurso histórico ao reunir-se com apoiadores de novo partido


Acabo de ouvir a fala da Marina Silva, em reunião em São Paulo, com gente do país todo. Gente comum e políticos conhecidos. Gente, que como disse a Marina não estão ativos em uma militância, “mas estão em suas casas, em seus quintais, preparando as suas fantasias, elaborando seus sambas enredos, mas não tem ainda um centro organizado aonde ir”.
E que centro seria este? “A sociedade diversa não cabe dentro de um partido”, ensina Marina. Para ponderar que se a decisão for a de criar um partido é preciso que fique claro que “não vamos criar uma ilusão.” Ela ensina que não será um partido perfeito porque a busca da verdade, tão necessária, não está com ninguém, mas sim entre as pessoas. “Está na experiência já vivida com outros partidos… Sábios são aqueles que aprendem com os erros dos outros. Estúpidos são aqueles que não aprendem nem com os seus próprios erros”.
Marina disse que infelizmente teve que sair do PT, partido que ajudou a criar e onde esteve por 30 anos. Porque ele não foi capaz de se reelaborar, de se resignificar e assumir as utopias do século XXI. “Não é hora de nos juntarmos, mas de nos dispersarmos. E um paradoxo, mas é uma dispersão agregadora”, disse. Ela usa a figura de que só é possível dispersar uma ideia, uma ideologia, uma utopia, se houver muita gente junta, capaz de produzir energia para propagá-la.
“Somos pontinhos gravitacionais, onde ao redor destes pontinhos outras pessoas se juntam e a gente vai criando uma nova superfície”.
Marina chama este movimento de ativismo autoral. São pessoas capazes de um engajamento que não são dirigidos por um Sindicato, um Partido, uma ONG. Podem até fazer parte, mas está além delas. Elas se envolvem porque têm compromisso com a sua própria militância.
Para ela é preciso que haja um chamamento da sociedade para fazer política, onde o partido seja apenas um instrumento. “Todos nós aqui podemos ter causas diferentes. Mas uma coisa nós todos concordamos. Nós somos a favor de um Brasil Sustentável. De um Brasil economicamente Próspero, socialmente Justo, politicamente Democrático e culturalmente Diverso. É isso que nos une”, disse.
Marina Silva enfatizou que “o processo será de todos, senão não será realmente novo”. Queremos ajudar na construção de uma nova cultura política e acredita que o movimento está maduro para tomar a decisão que precisa no dia 16 de fevereiro.
Um dos pontos altos do discurso foi quando ela avaliou a sociedade e a política calcada no ego e buscou um novo uso do carisma, que elege políticos em todo o planeta. “O carisma agora precisa ser usado para incentivar as pessoas para que não dependam do carisma”.
Na mesma linha que outros pensadores, ela enxerga que vivemos um momento novo que ela chama de “autorismo político”, onde, cada um pode ser o protagonista da sua história. Ela prega que seja um ativismo forjado na independência, na autoria de pensamento, na responsabilidade daquilo que faz e decide. Este, ensina, é o novo sujeito político do século XXI.
“Se não for assim não daremos conta do recado de transformar um mundo em crise, na economia, na política, nos valores, na relação do homem com a natureza e do homem com ele mesmo. Este é o grande desafio”, diz.
Ela lembrou que o PSDB construiu estabilidade econômica. O PT justiça social, trabalhando ao longo do tempo a inclusão. Agora, chegou o momento do ideal da sustentabilidade. “Não é concorrer a eleição pela eleição.  Precisamos de uma nova cultura política. O nosso desafio é de fazer com que o país seja próspero, mas ao mesmo tempo em que preserve o imenso patrimônio que é seu, mas que também é o equilíbrio do planeta.”
Para Marina, os jovens são os maiores porta-vozes disto que ela chama de uma nova utopia. E clamou pela emergência da situação. “Os trabalhadores precisam de água, de terra fértil, ar puro. Os empresários também. Os jovens precisam, os idosos e crianças também. Os animais também e as árvores também. É uma luta de todos. Nós vivemos uma emergência. E numa emergência, ninguém pergunta quem é branco, quem é preto, ateu, religioso, para arrombar uma porta na hora do incêndio”, disse.
Ela disse que será preciso ter maturidade para, em cima de princípios duradouros sermos capazes de fazer alianças pontuais para construir uma grande frente para a sustentabilidade. “Está na hora de nos juntarmos. De formarmos uma rede que seja capaz de colocar em movimento estes novos valores. De ter um Partido que esteja a serviço dos ideiais de um movimento e não o contrário. Não houve um dia, nos últimos dois anos, em que entrei nas redes sociais e não houvesse um apelo para criar um partido. Vocês é que definiram que este movimento deveria deslanchar num partido”.
Cerca de 350 pessoas participaram da reunião e outras 200 acompanharam via net. Dentre os participantes destaque para o vereador paulistano Ricardo Young, o deputado federal Walter Feldman, a educadora Neca Setúbal e o presidente da Natura Guilherme Leal.

No dia 16 de fevereiro, em Brasília, nova reunião irá definir o destino do Movimento Nova Política e a criação de um partido.

Veja a integra da fala de Marina Silva aqui

http://vimeo.com/57985010

Por Bell Pereira (portal  http://falagente.com)

3 comentários:

  1. Eu quero ser a numero 201, via net, pois infelizmente ,não posso financeiramente acompanhar reuniões dessa Grande mulher, politicamente corretissima, essa mulher esperança dos jovens que saõ meus filhos, netos, dela e de todos os brasileiros que merecem um País culto, honesto e consciente. E que ainda nosso sofrido país tem solução , com ela levantando uma bandeira linda e com milhoes de seguidores...Viva um Novo BRASIL...

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  2. É uma esperança, um partido voltado para uma cidadania plena, e não um grupo de interesseiros pessoais que dilapidam o país e suas riquezas para satisfazer egos individuais ou de pequenos grupos.
    Apropriam-se do poder público e repatem-no como hienas vorazes...vide a transição municipal, municípios dilapidados, onde as novas gestões encontram os resíduos de uma malta que passou. E pior, vereadores ditos socialistas que se acomodam em nome de "alianças, base de governo, etc..." E se omitem ou compactuam com a safadeza... Basta! A política partidária deve ultrapassar o conceito de pacto pela governabilidade e sim focar-se nos princípios da justiça e verdade, doa a quem doer, e certamente assim quem lucrará será a população.

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  3. Acredito que essa mudança deveria ser muito bem estruturada. Empiricamente ficou claro que no Brasil, a boa vontade não basta para que as coisas mudem. Tenho certeza de que ela considera "quase" utópica essa mudança na cultura política brasileira. Mas o "quase", deixa uma centelha de esperança para que essa mudança aconteça. Na minha opinião a base dessa mudança é trazer a esperança ao jovem que se encontra desiludo e, muitas vezes enganado, com a política brasileira. faço votos para que mude esse Brasil.

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